26.2.13

Castros ou castrados

Não são castros, são castrados, os membros do parlamento cubano que “elegeram” Esteban Lazo para presidente do Parlamento e Raúl Castro para presidente do Conselho de Estado e Conselho de Ministros, neste dia 24 de Fevereiro de 2013.



Para aprovar estes “candidatos”, os deputados foram seleccionados, eles próprios, por um processo intrincado e manipulado que assegura um parlamento subordinado aos grandes líderes locais há mais de cinquenta anos!

Assim se controlam os “eleitos”: áqueles que têm ideias, nega-se-lhes o poder; áqueles que têm poder, negam-se-lhes as ideias.

Parabéns da Coreia do Norte:
« … Kim Jong Un, primer presidente del Comité de Defensa Nacional de la República Popular Democrática de Corea, envió mensaje de felicitación al presidente de Cuba, Raúl Castro». Prensa Latina

18.2.13

América Latina vive

Enquanto a cubana Yoani Sanchez, contestatária do "castrismo", celebra a liberdade de viajar, e Hugo Chavez regressa à Venezuela, Rafael Correa recebe a confiança e o apoio dos equatorianos para prosseguir um projecto socialista democrático. Nada que interesse à nossa Informação...!

Notícia recortada em EL PAIS

17.2.13

Porque hoje é domingo (32)

A Igreja invoca neste domingo, um episódio narrado por S. Lucas ( 4, 1-13 ), segundo o qual Jesus terá passado 40 dias no deserto a jejuar, orar e pensar sobre o futuro - é o tempo da Quaresma.

Desta narrativa consta que o Demónio se aproximou de Cristo para o tentar, dizendo:
- Toda essa riqueza será tua se te prostrares para me adorares!

Como é que Lucas soube disto, não sei, mas o que sei é que áquela mesma hora, jantavam em Lisboa dois sujeitos de fato e gravata e camisa com botões de punho, dizendo um para o outro em surdina:
- Dou-te um bom lugar na administração de uma grande empresa, se apoiares o meu Governo.



Se a tentativa de corrupção que o mafarrico oferecia ao Senhor, era suspeita, posto que à sua volta só se via areia, outro tanto não acontecia com a conversa dos outros pelo que me detenho mais nesta que naquela para além das razões de proximidade.

Até aqui, nada que um corruptor nunca tenha dito a um corrupto, nada que um financeiro não tenha dito a um político frágil de caracter. Há entre nós, “alegadamente”, quem se ajoelhe por uma casa com piscina ou por uma autorização para construi-la onde não deve, quem venda a honra por um automóvel e, a ser verdade o que se conta, há quem vote num cacique por um simples frigorífico ou por um televisor.

Porém, o que mais fere a justiça e a democracia são as ofertas de lugares de direcção nas grandes empresas onde o ouro escorre como areia para os bolsos de corruptos ilustrados. Os jornais, mais profusamente que os evangelhos, mostram como é.

Certo é que nem o exemplo de Cristo medrou nem o demo deixou de ir ao restaurante pelo que se tem visto e pelo que S. Lucas não descobriu ainda entre nós, ocupado como anda nos corredores do Vaticano.


NOTA:
O restaurante exibido na fotografia
não tem qualquer relação com o assunto tratado no texto.

1.2.13

Vaticano, um paraíso… fiscal !

Entre as santas alianças e as guerras santas, a Igreja Católica faz o seu caminho. Com 180 representações diplomáticas distribuidas pela Terra, as relações do Vaticano com os governos dos países são condicionadas, se não determinadas, pelo património que a Igreja detém nesses países, e pela política fiscal destes em relação a ela. Como terá afirmado um arcebispo norte-americano, a Igreja não se administra com ave-marias.

A separação entre o poder político e a autoridade religiosa é uma ameaça para a riqueza da Igreja e dos seus profissionais. Quando essa separação traz consigo a justa tributação dos rendimentos dos sacerdotes, o conflito agrava-se. Mas quando ela vai ao ponto de expropriar o património religioso ou afecto às autoridades religiosas, abre-se uma guerra que a Igreja não hesita travar - com o sangue das suas ovelhas, não dos seus ministros. O anticomunismo da Igreja Católica faz parte deste conflito económico onde se jogam privilégios e fortunas incomensuráveis.

Bem poderia o Papa João Paulo II ser pessoalmente motivado por razões religiosas e ideológicas sinceras, como tudo indica que fosse, mas a sua eleição para Sumo Sacerdote e o papel político que viria a desempenhar no combate ao comunismo, correspondiam aos interesses financeiros da Igreja, aos interesses materiais dos seus bispos e sacerdotes.

É assim que estes escolhem um bispo polaco e com ele uma estratégia de derrube do comunismo na Polónia em 1980, envolvendo-se abertamente no confronto político do movimento "Solidariedade".

A recente proposta do governo checo de restituir aos orgãos eclesiais de diversas igrejas as propriedades confiscadas durante a vigência do regime comunista, em que o governo passou a pagar o salário dos sacerdotes, põe em evidência, uma vez mais, esta realidade.

Por seu lado, a recente decisão do presidente Raúl Castro de restituir bens da Igreja, nacionalizados pelo regime revolucionário em 1961, na sequência de outras medidas de abertura ao Vaticano em 2010 e 2012, servem para evitar – digo eu – que a Igreja faça em Cuba o que fez na Polónia, e não é porque o regime não persiga os seus dissidentes e não mate os seus presos - "La pena de muerte está suspendida, pero ahí está", dizia há dias Raúl Castro com orgulho entusiástico. É porque, mais uma vez, “alguma coisa tem que mudar para que tudo fique na mesma”.


O pacto entre a ditadura cubana e os herdeiros da Inquisição, obedece à lógica diplomática do Vaticano de “ir ao mercado” local”, de salvar o ouro. E à lógica dos Castros de se protegerem à sombra da Igreja. Nada que não se tenha visto noutras proporções, na Espanha do ditador Francisco Franco.

“En 1970, la cantidad total que la Iglesia recibía, directa o indirectamente, sumaba la impresionante cifra de 2,6 billones de pesetas (15.626,3 millones de euros, casi 6.000 millones más que ahora)“, sostiene Callahan. Son, arriba o abajo, las cantidades calculadas por Joan Castellà-Gassol”.

Naquele país, cerca de 80% do património artístico é propriedade da Igreja que também dispõe de 300 museus e 103 catedrais, Destes compromissos se faz a política dos estados. O Vaticano, em defesa do seu orçamento anual de 300 milhões de dólares, não escapa à regra.

Mas o que eu queria saber, como questionava o jornal “I”, era quando a Igreja portuguesa começa a pagar IMI sobre as suas propriedades de milhões de euros.

Em Itália, por exemplo, onde a Igreja gere um vasto património imobiliário que inclui, além de inúmeras igrejas, milhares de escolas, universidades, clínicas privadas, lares de idosos, hotéis, restaurantes e centros desportivos, num total de 100.000 edifícios que ascendem aos 9.000 milhões de euros, a política fiscal já lhe bateu à porta.

E aqui?