17.2.13

Porque hoje é domingo (32)

A Igreja invoca neste domingo, um episódio narrado por S. Lucas ( 4, 1-13 ), segundo o qual Jesus terá passado 40 dias no deserto a jejuar, orar e pensar sobre o futuro - é o tempo da Quaresma.

Desta narrativa consta que o Demónio se aproximou de Cristo para o tentar, dizendo:
- Toda essa riqueza será tua se te prostrares para me adorares!

Como é que Lucas soube disto, não sei, mas o que sei é que áquela mesma hora, jantavam em Lisboa dois sujeitos de fato e gravata e camisa com botões de punho, dizendo um para o outro em surdina:
- Dou-te um bom lugar na administração de uma grande empresa, se apoiares o meu Governo.



Se a tentativa de corrupção que o mafarrico oferecia ao Senhor, era suspeita, posto que à sua volta só se via areia, outro tanto não acontecia com a conversa dos outros pelo que me detenho mais nesta que naquela para além das razões de proximidade.

Até aqui, nada que um corruptor nunca tenha dito a um corrupto, nada que um financeiro não tenha dito a um político frágil de caracter. Há entre nós, “alegadamente”, quem se ajoelhe por uma casa com piscina ou por uma autorização para construi-la onde não deve, quem venda a honra por um automóvel e, a ser verdade o que se conta, há quem vote num cacique por um simples frigorífico ou por um televisor.

Porém, o que mais fere a justiça e a democracia são as ofertas de lugares de direcção nas grandes empresas onde o ouro escorre como areia para os bolsos de corruptos ilustrados. Os jornais, mais profusamente que os evangelhos, mostram como é.

Certo é que nem o exemplo de Cristo medrou nem o demo deixou de ir ao restaurante pelo que se tem visto e pelo que S. Lucas não descobriu ainda entre nós, ocupado como anda nos corredores do Vaticano.


NOTA:
O restaurante exibido na fotografia
não tem qualquer relação com o assunto tratado no texto.

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