12.6.13

Passos Coelho no divã



Mais profeta do que militante – “que se lixem as eleições”, disse ele - Passos Coelho julga-se mandatado pela História para uma missão cujo mérito os mandantes (eleitores) hão-de reconhecer... mais tarde. Tal como outras figuras messiânicas da política, ele acha que “a História o absolverá”.

Os seus apóstolos mais próximos formam uma trindade; os seus mentores também e outros tantos são os seus inimigos. Apóstolos: Miguel Relvas, Paulo Portas e Vitor Gaspar. Mentores: Merkel, a troika e os mercados. Inimigos: a Constituição, o estado Social e os portugueses em geral: professores, médicos, juízes, militares, funcionários, reformados, operários, jornalistas, sindicatos, livres-pensadores e as chuvas invernais.

Se parece um exagero da minha parte, não é porque os factos o não confirmem mas porque “é mau demais para ser verdade”, isto é, custa a acreditar. No entanto, se tivermos em conta os efeitos psico-patológicos que o Poder exerce sobre as mentes, tal como ensinou Lacan, acharemos menos improvável.

Segundo este discípulo de Freud, um cidadão qualquer quando sobe ao poder, altera o seu psiquismo. O seu olhar sobre os outros, altera-se; admita ou não, ele olhará "de cima" os seus "governados", os "comandados", os "coordenados", enfim, os demais. (Isto explica a sobranceria em relação ao Tribunal Constitucional, por exemplo).

Ainda que a corrosiva dúvida que assalta qualquer ser humano, perturbe os seus sonhos, assalte o seu pensamento, sobretudo quando emerge de provas evidentes e avisos persistentes, o orgulho ou a cobardia política não lhe permitirão mudar de rumo e, pelo que tem dito, nem sequer mudar de vida. Outros terão que dar-lhe uma ajuda!

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