9.8.13

De luto pelo Urbano

Primeiro, emudeci. A morte de um irmão nunca é esperada. Depois saí de casa, deste meu "Exílio Perturbado", e tudo me era estranho: parecia que o Urbano não tinha morrido naquela “Noite Roxa”, de tal modo era a indiferença dos "vivos propriamente mortos” em relação aos "mortos propriamente vivos" – como diria Brecht.

O seu Povo vai enchendo as praias deste “Oceano Oblíquo” e enquanto eu acuso a alienação geral, o Urbano, sempre com um sorriso de que não se dá conta, aponta o olhar para as ondas das mulheres que se dão à praia. Com admiração, espanto e respeito, que o sagrado, em nós, é a beleza, seja dos corpos, seja dos sentimentos.

Não me estendo mais, apesar do incentivo que me dava para fazer prosa – da minha poesia era honestamente reservado… Não faltará quem fale da sua generosidade, da sua coragem e da sua imensa cultura e produção literárias e projecção mundial. Sobretudo, neste país de empreendedores provincianos, não faltará quem se interrogue: Urbano quê?


Urbano Tavares Rodrigues, meu irmão de sangue se o sangue é aquilo que nos faz viver.

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