3.1.15

António Costa e Papandreu,
a mesma luta !



Para que o Partido Comunista, em Portugal, e o Syrisa, na Grécia, não beneficiem do descontentamento popular que é gerado pelas políticas neo-liberais dos partidos social-democratas (PSD e PS), os partidos “Socialistas” dos dois países introduzem no panorama partidário um elemento de confusão, uma suposta alternativa às verdadeiras alternativas – uma nova direcção ou um novo partido, “agora sim”, para corresponder aos sentimentos e anseios dos cidadãos.

“É tempo para construir, em conjunto, uma nova casa política que acolha os valores progressistas, os valores que nos unem”, diz Geórgios Papandreu como se o Syrisa não fosse claramente essa nova casa, com a vantagem de já acolher a confiança dos cidadãos, de já ter construído um espaço capaz de disputar com vantagem o próximo Governo da Grécia. Mas Papandreu, divergindo oficialmente do seu partido socialista, o Pasok, faz de conta que o Syrisa não existe!

Nas eleições parlamentares de Maio de 2012, o Pasok foi fortemente reprovado pelos eleitores, ficando-se por 12,28%, devido à sua política de alinhamento com a “troika” internacional e às violentas políticas anti-populares associadas. O Syrisa ascendeu então a uma posição inesperada e apresenta-se agora com fortes possibilidades de vencer as eleições de 25 de Janeiro.

O SYRISA (Coligação da Esquerda Radical), com uma ideologia anti-liberal e de ruptura com o sistema bi-partidário, não sendo um partido comunista, afigura-se para os partidos social-democratas como um seu equivalente nas circunstâncias actuais.

A questão é que, na Grécia, é o Syrisa que ameaça o sistema, e não o Partido Comunista Grego. Este foi reduzido a 4,5% nos resultados eleitorais de 2012, enquanto o Syrisa, com 26,89%, ficou a menos de 3% de distância do partido mais votado e tudo indica que ganhará as próximas eleições.


A estratégia dos partidos “Socialistas” para desviar as correntes revolucionárias, nomeadamente para filtrar a influência dos partidos comunistas nas “massas populares”, já vem de longe. Vem da fundação da II Internacional em 1889, posteriormente designada “Internacional Socialista”.

No contexto português em curso, o lançamento de António Costa para contrariar a tendência de crescimento do PCP já iniciada nas eleições europeias, é a expressão dessa estratégia do Partido Socialista. Por isso é tão bem tolerado pela direira.

António Costa e o PS estão no seu direito, entenda-se. Em democracia, todos os partidos e movimentos têm o direito de defender os seus programas e de se oporem politicamente aos outros. O que não têm é a mesma moral. Era disto que falava Álvaro Cunhal quando invocava “a superioridade moral dos comunistas” – moral de classe, entenda-se. E não cabe aqui apenas um juízo de valor, é sobretudo um juízo de facto sobre o apoio das bases do PS e sobre a própria vontade de A. Costa.

A foto inicial é uma montagem para este blogue.

1 comentário:

antónio m p disse...

O Syriza realiza reuniões do Comité Central e da Conferência Permanente neste primeiro fim-de-semana de Janeiro, onde é discutido o programa de governo, que é apresentado por Alexis Tsipras na tarde de sábado, e a política de alianças.