19.11.17

Oportunidade para Angola

Devido, em grande parte, à redução do preço do petróleo no mercado mundial, a economia angolana passa por uma das suas piores crises.

É o resultado talvez inevitável em qualquer país que tenha andado a nadar em petróleo quando este valia ouro, descuidando a diversificação da economia para fazer face à desvalorização da sua fonte de riqueza mais generosa.

A semelhança entre Angola e a Venezuela nesta matéria, por exemplo, é não só o choque económico mas também o choque político decorrente daquele. A diferença está na resposta que um e outro país dão ou não dão ao problema. A diferença, enfim, é que Angola parece estar a dar uma resposta inteligente.

Nicolás Maduro pode ter lido Karl Marx, tal como José Eduardo dos Santos e João Lourenço, embora sem a profundidade destes, mas contentou-se com as teses da luta de classes e da ditadura do proletariado. Não desenvolveu o Pensamento Económico. Eduardo dos Santos, é certo, desenvolveu-o a seu jeito…

João Lourenço, o novo presidente de Angola, está a adoptar medidas correctivas das práticas políticas e sociais, tão ajustadas como inusitadas. Se é por causa da crise económica e das exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), com vista a um futuro programa de apoio, dir-se-ia que “há (alguns) males que vêm por bem”.

Os constrangimentos a que terá que submeter-se para satisfazer a senhora Christine Lagarde (FMI) de tão má reputação na Europa e na América Latina, são conhecidos e reiterados: “é importante tentar reduzir a grande presença do Estado na economia”. Segundo ela, existe um programa de reestruturação de empresas públicas angolanas que inclui o encerramento de 48 e a privatização de outras 53...

Em todo o caso, o povo angolano não há-de estar disponível para uma nova forma de colonização e poderá criar, na complexidade dialéctica deste processo, uma nova e fecunda oportunidade.

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