Depois de ter sido colónia francesa até 1961, a que sucederam duas ditaduras, o Mali viveu como país soberano e democrático a partir de 1991.
Nisto teve um papel fundamental o general Amadou Toumani Touré que ficou conhecido como “soldado da democracia”.
Em 1992, Touré negociou a paz com os rebeldes e em 2002 foi eleito presidente. Reeleito em 2007, cumpriria normalmente este mandato até Junho de 2012 se não tivesse ocorrido um golpe de estado apenas a três meses desta data!
Com efeito, em Março daquele ano, um golpe de estado afastava o “soldado da democracia” que era agora acusado pelos revoltosos, de ser frouxo no combate ao avanço do Movimento Nacional pela Liberação de Azawad (MNLA), grupo separatista islâmico da etnia Tuaregue.
De notar que o MNLA concorre na tomada de poder no norte do Mali, com o grupo islâmico Ansar Dine: o primeiro luta pela independência de Azawade, enquanto o segundo pretende introduzir a lei islâmica (sharia) em todo o país, mas defende a integridade territorial do Mali.
Consta que os dois grupos, que não são os únicos, têm ligações com a facção da Al-Qaeda no norte da África, conhecida como Al-Qaeda no Magrebe Islâmico… cuja especialidade é sequestrar ocidentais em troca de resgates!
Intervenção estrangeira
O presidente francês François Hollande afirmou no dia 14 de Janeiro que
a intervenção militar no Mali era “a única solução” para “libertar o país” e
preservar sua integridade territorial, isto é, impedir que grupos rebeldes
islâmicos que já controlam o norte do Mali assumissem o controle de todo o
país, transformando o Mali no que ele chamou de "um Estado terrorista" que
poderia ameaçar o restante da África e da Europa.
Segundo o governo francês, o próprio governo interino de Mali pediu a ajuda francesa quando os rebeldes avançaram até assumir o controle de Konna.
A iniciativa da França conta já com o apoio da maioria dos países europeus e também dos Estados Unidos. Mas também diversos países africanos começaram a enviar tropas "para ajudar o governo do Mali".
Entretanto, nos meios de comunicação franceses já se manifestaram preocupações com a intervenção, dizendo que ''é fácil entrar, mas difícil sair''. Até porque os próprios oficiais do exército francês admitem que os rebeldes estão mais bem armados e melhor organizados do que se imaginava.
E afinal, o que move realmente todos estes países? É o que tentarei abordar no próximo artigo.
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