18.12.08

Por que te calas
RTP SIC TVI etc

É preciso ler El PAIS (2008-12-18) para saber que...

«La Cámara de Representantes de Colombia aprobó en la madrugada del miércoles el proyecto de convocatoria de referéndum que permitirá al presidente, Álvaro Uribe, repetir mandato en 2014. El texto fue aprobado en una sesión extraordinaria convocada por el Gobierno en el último día del año legislativo, lo que se interpreta como una señal clara del deseo de Uribe de ser reelegido en 2010».

E também que ...

«la justicia penal y disciplinaria está investigando a ministros, ex ministros y funcionarios de este Gobierno por dar prebendas a favor de votos vitales para sacar adelante la primera reelección. Y tampoco está claro aún cómo se financió la campaña de recolección de firmas para este segundo intento».

Porque se calam os jornais portugueses?

17.12.08

Colômbia mata

Uma patrulha do Exército da Colômbia matou um líder indígena. "Infelismente morreu", disse o general Justo Eliseo Peña.


El departamento colombiano de Cauca, situado al suroeste del país, vive una situación de gran tensión, informa Radio Caracol.

«Edwin Legarda, marido de la lideresa Aída Quilcué, viajaba en un vehículo adscrito al Consejo Regional Indígena del Cauca (CRIC) cuando fue disparado por unos militares que viajaban en un coche del Ejército y que, según los testigos, tenían como objetivo a su esposa, máxima autoridad indígena de la zona.

El general Justo Eliseo Peña,comandante de la Tercera División del Ejército, a la que pertenecen las tropas implicadas en los hechos "reconoce que su muerte fue un error, asegura que el esposo de la popular dirigente aborigen hizo caso omiso a una orden de los soldados para que se parara".

La Asociación de Cabildos Indígenas del Norte del Cauca (ACIN) asegura que fueron disparadas contra el vehículo un total de 17 balas, lo que consideran que "refleja la brutalidad de la acción militar". Tres de ellas alcanzaron a Legarda, quien murió minutos después.

El día anterior, Quilcué había regresado de una reunión de la ONU en Suiza, donde asistió como delegada de la Organización Nacional Indígena de Colombia (ONIC) y en la que denunció las precarias condiciones de los pueblos originarios del país. Quilcué formó, además, el grupo directivo que lideró durante octubre y noviembre la protesta en la que miles de aborígenes participaron en una marcha a Bogotá.

Esperam-se reacções dos defensores das liberdades públicas na Colômbia, a começar por Ingrid Betancourt.

Ou não ! ...

12.12.08

Direitos cubanos

A comemoração dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos tem servido para todos os hipócratas da política, sentem-se eles de que lado se sentarem.

Juventud Rebelde, jornal oficial do regime cubano – nem há outros orgãos – invoca os Direitos Humanos nestes termos, no âmbito de um fórum promovido pelo Governo:
«serán objeto de atención asuntos como el derecho a la vida, la paz, la salud, la educación, el trabajo, la denuncia de la tortura y la condena a la manipulación de esta cuestión. El foro exigirá el cierre de la cárcel en la ilegítima Base Naval yanqui en Guantánamo, la devolución de ese territorio a Cuba y demandará el fin del bloqueo económico, comercial y financiero norteamericano a la Isla caribeña»


O mesmo assunto é tratado no Granma, orgão central do PC cubano:
«Tras señalar la importancia del respeto a la diversidad y el reconocimiento a las particularidades nacionales y regionales, el orador defendió el derecho de cada pueblo de darse su propio sistema económico, político y social. (...)
Puntualizó que la Isla no dudará en dar batalla en el nuevo Consejo de Derechos Humanos de las Naciones Unidas, si se vuelve a las desacreditadas acciones discriminatorias y selectivas de la otrora Comisión de Derechos Humanos»


Se houvesse Liberdade de Imprensa, poderiamos ler o seguinte sobre a prisão de um dissidente, que só a Internet torna possível conhecer:

“Aclaro que respeto a cabalidad las leyes del tránsito, no soy drogadicto, ni alcohólico, tampoco le debo dinero a nadie, no tengo enemigos ni ninguna patología mental diagnosticada. Responsabilizo al ministro del interior de Cuba, Abelardo Colomé Ibarra, con cualquier daño que sufra en mi integridad física o mental, así como cualquier daño de esta índole que sufran mis familiares.

Dr. Darsi Ferrer / La Habana, 7 de diciembre de 2008”.

Assim, digo eu, se esvaziam os argumentos válidos, justos e necessários daqueles que denunciam as democracias burguesas, assentes estas em jogos de poder e de dinheiro em que a esmagadora maioria das suas populações está condenada a perder sempre. Assim se sacrifica a verdadeira revolução – aquela que liberta os povos de todas as formas de tirania. Não há baptismo revolucionário que santifique para toda a vida – diria ainda a Frei Betto que escreve AQUI a sua apologia do regime cubano.

9.12.08

Vida de polícia


Recentemente referi-me AQUI, pelo seu interesse e qualidade, a um blogue que tinha encontrado na Net, escrito por um polícia. Hoje verifico que o mesmo foi "retirado". Por enquanto só pergunto: Que aconteceu?

5.12.08

Cuba real

Não tenho a pretensão de mudar o regime cubano e menos ainda a cultura do PCP-que-temos, mas a ocorrência de mais uma notícia sobre a falta de liberdades políticas em Cuba obriga-me a reparar em duas atitudes sintomáticas saídas do recente congresso do Partido Comunista Português.

Antes de mais, a significativa apoteose que o congresso dispensou ao regime cubano. Em segundo lugar, o texto que o mesmo congresso inscreve em tese quando "reafirma o inalienável direito dos países a seguir o seu próprio caminho". Este argumento dá para tudo e para todos; Uribe ou Mugabe podem dizê-lo em relação à Colômbia ou ao Zimbábue. Mas o direito dos países, para os democratas, é o direito exercido em liberdade pelos cidadãos. Isto muda tudo.

Alguma verdade tem que ser vertida sobre a cabeça de muitos que se recusam a acreditar na realidade ou que, acreditando, aprovam as ditaduras na suposição de que eles serão os ditadores e não as suas vítimas.

SEGUEM OS FACTOS:

«Juro que no me he llevado la luz verde, que no compro queso en el mercado negro desde hace más de dos meses y no me he ido de ninguna tienda sin pagar. No recuerdo haber violado las leyes –demasiado– por estos días, ni siquiera me he hecho pasar por extranjera para usar el Internet de algún hotel.
Tengo, no obstante, una citación junto a Reinaldo para mañana en la estación de policía de 21 y C en el Vedado. Me pregunto si debo llevar el cepillo de dientes o será un breve halón de orejas lo que recibiré.


Les dejo el documento oficial que recibí hoy de un sudoroso oficial, que subió los catorce pisos por la escalera –no tengo ascensor desde hace un mes. A las nueve de la mañana sabré de qué se trata, esperen noticias mías después de las dos».


O texto da cubana Yoani Sánchez, continua em "Generacion Y".

O documento que segue, arrepia qualquer um que tenha andado, como eu, a pesquisar documentos da PIDE na Torre do Tombo, para denunciar as perseguições daquela organização contra os comunistas!!!

3.12.08

Um problema Vital

Apesar de ter jurado pela minha alma que nunca daria a Vital Moreira a importância política que ele não tem, citando-o nestas matérias, há que rever este compromisso "devido à mudança das circunstâncias", como dizem ministros e banqueiros.

E afinal o que vale a minha alma na sociedade em que vivemos? Até que se descubra forma de transplantar almas, vale nada.


Diz o doutor em Causa Nossa: «O apoio governamental ao resgate do BPP, salvando umas dezenas ou centenas de grandes fortunas nele investidas, só serve para alimentar a campanha comunista e esquerdista de "cumplicidade do Governo com o grande capital". Quando a recessão bate à porta e muita gente vai sofrer com ela, sobretudo por via do aumento do desemprego, não era essa propriamente a mensagem política que o Governo deveria emitir».


Quem sou eu para explicar ao professor doutor V. Moreira que tal apoio governamental não serve os comunistas e esquerdistas (nem mesmo os católicos progressistas) mas sim os capitalistas? Acaba tudo em istas, mas não dá para confundir.

30.11.08

Melancolia

No dia seguinte...

nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
de um futuro sem caminho.

Além disso, chovia.

26.11.08

Congresso faz-de-conta

Proposta ao XVIII Congresso do PCP

Porque será que as Teses que serão aprovadas no congresso do PCP do próximo fim de semana, não excitam os jornais nem os blogues, incluindo aqueles onde os militantes do PCP vertem os seus pensamentos?

Nota-se em alguns destes a preocupação de divulgar as teses “propostas” pela direcção do partido, quando muito, mas não fazem mais do que recopiar os respectivos textos. Não há um comentário à “proposta”, uma opinião divergente ou alternativa ou complementar...

Qualquer coisa me diz que assim correram as “mais de 800 reuniões e plenários de organismos e organizações” onde terão sido analisadas e debatidas (?) as teses que formam o “projecto” de Resolução Política a ser aprovado no congresso.

Diz a direcção, por exemplo, que « O debate preparatório da primeira fase confirmou que o Programa e os Estatutos do Partido em vigor mantêm no essencial actualidade e validade, pelo que decide não apresentar propostas de alteração a estes documentos». Se assim foi ou não o que aconteceu nas “800 reuniões e plenários”, não há meio de saber. Mas nem isso contraria a razão da proposta que aqui trago:

Não seria melhor fazerem uma sardinhada na Alameda?

Já não é tempo de sardinhas? Ora, e é tempo de congressos-comício? Faz-se de-conta!

25.11.08

Polícia à Portuguesa

"Ficámos a saber que há polícias que passam fome: homens e mulheres com uma vida familiar destruturada, parte significativa sofrendo problemas, mais ou menos graves, de saúde geral ou até de foro psicológico, consequência da dura profissão que escolheram".

São declarações dos ex-jornalistas Fernando e de Mário Contumélias, autores do livro Polícia à Portuguesa, segundo um artigo do DN reproduzido no blogue
VIDA DE POLÍCIA.

"A conclusão é clara: a maioria dos polícias está arrependida da opção profissional que seguiu.

As razões? Falta de condições de trabalho numa actividade que é, obviamente, de risco".

Além do mais, "os polícias queixam-se de falta de transparência e rigor na avaliação profissional".

Será mais um caso de "interesses corporativos" querendo sobrepor-se aos interesses... do povo que votou no PS?

O que é preciso acontecer para que haja vergonha no Poder?

Ok, já percebi: o Poder é uma mera abstracção. É assim como Povo...

22.11.08

Liberdade de desinformação


Título da notícia:
Três pessoas detidas por fazerem graffitis racistas contra Obama

Lide da notícia:
A polícia de Nova Iorque prendeu três pessoas acusadas de pintar 40 carros com graffitis racistas, incluindo mensagens contra o recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Barack Obama»

Corpo da notícia:
O ‘ataque’ aos carros aconteceu no passado dia 13 em Mastic, Long Island, poucos dias depois de um imigrante equatoriano ter sido morto à facada em confrontos que envolveram sete adolescentes em Patchougue, cerca de 16 quilómetros de onde foram feitos os graffitis.

Numa das mensagens podia ler-se «Matem Obama».

Os suspeitos, todos residentes em Shirley, foram acusados nesta sexta-feira por vandalizarem bens alheios e promoverem mensagens racistas. Foram libertados enquanto esperam por ser ouvidos em tribunal.
(SOL com agências)


Digo eu:
Se isto é informar, o que é desinformar? Este Sol não se aguenta - queima! O incitamento à violência e, por força de razão, ao assassínio e, por reforço da razão, ao assassínio do presidente da república, é crime em qualquer país civilizado. Tão grave, pelo menos, como incitar à morte do autor deste artigo.


Título sério:
Pessoas detidas por incitarem à morte de Obama.

19.11.08

PSD na lama


Na Madeira, o governo regional, o seu presidente e o PSD local são acusados de comportamentos nazi-fascistas, pelo deputado José Manuel Coelho. No Abrupto, Pacheco Pereira recupera umas páginas de anúncios de imprensa de 1948 para dizer que os espectáculos daquele tempo enchiam as salas e “pelos vistos” davam lucro, isto é, naquele tempo é que era bom!... E Manuela Ferreira Leite DIZ que é preciso suspender a democracia para se poderem fazer as reformas... de que ela gostaria.

Já que vamos por este caminho, eu junto a minha voz para acrescentar que nem no tempo “da outra senhora” – por acaso um senhor - se foi tão obvio.

E os social-democratas sinceros do PSD vão deixar o seu partido afundar-se neste lamaçal?

16.11.08

Governos mordem

Não importa que a divergência com o Governo reuna mil, dez mil, cem mil, um milhão de cidadãos; não importa analisar a substância concreta das medidas e das críticas; não importa que a contestação venha dos que estão mais habilitados a avaliar essas políticas e são directamente atingidos por elas – os governos mordem nas mãos que lhe deram o poder. Uma vez investido de autoridade, o Governo considera-se dispensado de representar o Povo.

O paleio sobre os interesses egoistas das corporações que pretende desautorizar as críticas, combates e reivindicações levados a cabo pelos profissionais de sectores atingidos pelas políticas do Governo, é apenas um instrumento comunicacional daquele autoritarismo. Não há governo autoritário sem “jornalismo” autoritarista.. O povo é estúpido e egoista; o ministro é que sabe – magister dixit.

Este centralismo da autoridade não é uma deficiência exclusiva da democracia “representativa”, eu sei; mas então que tenham a coragem, como outros, de chamar ao regime, ditadura. E tendo em conta os interesses que servem, podem chamar-lhe «ditadura do privilegiado»!

15.11.08

Gustavo Dudamel



O maestro venezuelano Gustavo Dudamel é, desde 1999, Director Musical da Orquestra Juvenil Simón Bolívar. (Mais tarde), assumiu também as funções de Director Musical da Orquestra Sinfónica Juvenil dos Países Andinos (Colômbia, Equador, Perú e Venezuela).

Como Director Musical da Orquestra Juvenil Simón Bolívar, dirige cerca de sessenta concertos por temporada. O programa orquestral juvenil na Venezuela, admirado pela sua contribuição social para os jovens venezuelanos e latino-americanos, celebrou o seu 30º. aniversário em 2005, desenvolvendo um projecto musical e social que beneficiou mais de 250.000 jovens venezuelanos que iniciaram a sua instrução musical aos três anos de idade.


Assim se referia, no SITE da Fundação Gulbenkian.

Por sua vez, mais recentemente, leu-se no EL PAIS:

En 1975 José Antonio Abreu creó el Sistema de Orquestas Juveniles de Venezuela con el convencimiento de que es posible rescatar una sociedad a través de la música, como lo recuerda su actual director Marco Pitralli (The Economist, 25-31/08/2007). 32 años después acaban de inaugurar una nueva sede para 2.000 jóvenes en una zona deprimida de Caracas. Costó 27 millones de dólares y cuenta con una sala de conciertos de 1.110 asientos y 90 salones de clase. El programa, pese a problemas de toda índole, ya cuenta con 75 centros en un país con escasamente un poco más de la mitad de los habitantes que tiene Colombia, cada uno con al menos una orquesta de jóvenes.

Cerca de 250.000, el 80% proveniente de sectores pobres, reciben enseñanza musical gratuita y también pueden aprender a elaborar instrumentos. Su más destacado egresado, Gustavo Dudamel, de 24 años, es ya internacionalmente reconocido como un excepcional director de orquesta, actualmente está dirigiendo en Europa y próximamente irá a conducir la de los Angeles.


Este é um artigo de Benjamín Barney Caldas (El Pais), de Janeiro de 2008. Na verdade, a programação de Dudamal para Janeiro de 2009 é interminável, sobretudo nos EUA mas também no Japão e outros.

11.11.08

Salvar a face

O ponto a que se chegou no confronto entre os professores e a Ministra da Educação, não deixa margem para dúvidas de que esta, não querendo quebrar, por razões políticas, terá que torcer.

Para salvar a face, nestas condições, não se vislumbra outra atitude que não seja, reafirmando a decisão de proceder ás reformas do ensino e à avaliação dos professores, como se essa fosse a questão!, apresentar uma alternativa aos critérios de avaliação, salvaguardando que os professores já avaliados pelo critério em curso beneficiarão da classificação mais favorável na comparação entre ambos. Digo eu...

7.11.08

Denúncias na Colômbia










Depois de terem sido declarados como mortos "em combates com o exército”, apareceram em valas comuns no nordeste da Colômbia, os cadáveres de onze homens oriundos de Soacha. Nada de inédito no país de Uribe, mas desta vez o escândalo extravasou.

A evidência da denúncia desenvolvida em Agosto e Setembro obrigou ao afastamento de 27 militares, em 29 de Outubro. Entre estes, três generais foram acusados de negligência em procedimentos castrenses que contribuiram para as ocorrências denunciadas. Depois disto, o comandante do Exército, general Mario Montoya, renunciou ao cargo que vinha desempenhando.

Tentando distaciar-se destes e outros crimes da mesma natureza, o presidente Uribe anunciou uma medida destinada – diz ele – a combater estas práticas:

"A partir de hoy en cada división, brigada, batallón del ejército, en cada región y comando de policía habrá un oficial... cuya tarea será recibir quejas de los ciudadanos sobre posibles abusos en las fuerzas armadas". Mais disse que tais abusos seriam publicamente denunciados na Televisão.

Por sua vez, o seu Mandatário declarou: "Vamos a llamar a Naciones Unidas para que ejerza una supervisión sobre este procedimiento... creemos que manejar estos temas en público, de cara a la opinión publica y con toda la apertura a la participación ciudadana, es altamente conveniente".

Não se percebe nem o Mandatário esclareceu como é que a delegação local da ONU concretizaria tal procedimento. Não se percebe como é que um regime tão acarinhado pela comunidade internacional relativamente à oposição das FARC, precisa de uma autorização especial, excepcional, para que a sua Televisão possa denunciar os crimes do Estado.


Não se percebe ao que vem este aliciamento à denúncia através das instituições do próprio Estado, sabido que é exactamente por denunciarem esses abusos contra os direitos humanos, que muitos têm sido perseguidos e assassinados. A menos que a intenção seja criar um processo expedito de identificar os que denunciam as atrocidades para os perseguir. Nada que não tenha sido experimentado em outros lugares – incluindo o Portugal de Salazar.

Quem poderia dizer uma palavrinha era Ingrid Betancourt, mas anda tão ocupada a combater a oposição...

2.11.08

As verdades do cacimbo

Quando vejo nos livros ou na Televisão os trabalhos de informação histórica sobre a guerra colonial portuguesa, fico espantado com a quantidade de coisas que eu desconheço acerca de uma guerra em que vivi durante dois anos. Mas quando leio os textos de Manuel Bastos, também ele ex-combatente, nada me parece estranho.


Eu ia lendo os seus contos no seu blogue e, de cada vez que lia, pensava: isto tem que ser publicado em livro. Cheguei a manifestar-lhe esta opinião, em comentário. Ele nunca respondeu a esta sugestão óbvia e isso fez-me pensar que já houvesse publicações que eu desconhecesse. Não sei se havia; sei que agora o Manuel Bastos vai lançar um livro onde decerto serão inseridos alguns ou todos os belos textos que foi vertendo para o seu blogue cacimbo.blogspot.com

Como homem do meu povo, como jovem dos anos 70, mais do que o "ex-combatente" que me fizeram à força - nos fizeram! -, apetece-me participar no lançamento. Será no dia 15 /Nov / 08 às 16 horas, na Casa Municipal da Cultura - R. Pedro Monteiro em Coimbra.

Entretanto, em jeito de homenagem e em forma de amostragem, recortei do seu blogue, arbitrariamente, esta passagem a meio de um post:


«Os consumidores de emoções rápidas aprendem a não penetrar na essência das coisas; entendem das coisas apenas o que o olhar apreende; fazem com toda a informação o que fazem com a comida, mastigada à pressa entre duas tarefas urgentes e inadiáveis, dado que toda a fast-food é apenas para defecar. Não poderão entender as emoções envolvidas numa frase assim, aparentemente banal, "Vai socorrer o Lemos", dita entre a vida e a morte, entre a coragem e o medo, entre o instinto primário de sobrevivência e o altruísmo, entre o cumprimento do dever e o sentido crítico. Não poderão entender que um acto que envolva risco para quem o pratica só merece ser considerado corajoso se não for gratuito ou exibicionista, e se for consciente; isto é, é preciso sentir medo para se ser corajoso».

1.11.08

Obrigado, avô.

À urna, pela República

Não perca tempo à procura deste assunto no SITE da Presidência da República. Não vem lá. E teria que vir? Afinal já foi há cem anos... !


A CML remete o assunto para a sua Agenda ( agendalx.pt, secção Festivais)de onde transcrevo:

«Para evocar a vitória do Partido Republicano Português nas eleições municipais de Lisboa de 1 de Novembro de 1908, que transformou a cidade numa das primeiras capitais republicanas da Europa, tendo sido um dos eventos que marcou o caminho para a instauração da República a nível nacional, a Câmara Municipal de Lisboa (CML), através da Direcção Municipal de Cultura, promove um conjunto de eventos para comemorar o Centenário da Primeira Vereação Republicana em Lisboa.
Obrigado, meu avô, pela tua coragem, pelo teu sacrifício.

31.10.08

Cambia, todo cambia.

Los líderes reunidos en la XVIII Cumbre Iberoamericana subrayan la importancia de no sacrificar las políticas sociales con la crisis como argumento.
Foto EFE / El Pais.com 2008Out31
Los líderes regionales apostarán por una "participación universal, democrática y equitativa" en el debate y solución de la actual crisis financiera que azota las economías mundiales, según el borrador de declaración, en el que también expresarán su "determinación de participar y contribuir activamente en un proceso de transformación profunda y amplia de la arquitectura financiera internacional, que establezca instrumentos de prevención y respuesta inmediata ante futuras crisis y garantice una regulación eficaz de los mercados de capitales".

Las soluciones a la crisis, según ellos, no deben de pasar por una merma de las políticas sociales. Por ello, apuestan por adoptar "las medidas necesarias para proteger el empleo y la inversión, garantizar la disponibilidad de financiamiento para las actividades productivas e impulsar políticas sociales que beneficien en particular a los sectores más vulnerables de sus sociedades".

Por último, recuerdan la "responsabilidad del sistema financiero de los países desarrollados en la actual crisis" y la "urgencia de una conclusión satisfactoria y equilibrada para las negociaciones multilaterales para la Ronda de Doha, tomando plenamente en consideración los intereses de los países en desarrollo".

(Entretanto, enquanto José Sócrates andava a vender computadores:)

El ministro de Relaciones Exteriores de Brasil, Celso Amorim, ha informado hoy que habló con la representante de comercio de Estados Unidos, Susan Schwab, para solicitar que España y otros países en desarrollo estén presentes en la próxima cumbre del G-20. Las gestiones diplomáticas brasileñas se han llevado a cabo, a pesar de que el presidente José Luis Rodríguez Zapatero no pidió el apoyo explícito a su homólogo brasileño, Luiz Inácio Lula Da Silva, durante la reunión que han mantenido en el marco de la Cumbre Iberoamericana que se celebra en San Salvador.

El Pais 2008-10-30

Alguém se lembra ainda do G-7? Que diferença, apesar de tudo... É caso para lembrar aquela magnífica canção de Mercedes de Sosa: «Cambia, todo cambia».

30.10.08

Mariza no coração dos russos

Roubo a José Milhases esta reportagem sobre a forma como a nossa Mariza é vista e ouvida na Rússia. Porque as apreciações dizem tudo o que eu próprio penso – incluindo a atenção aos músicos, tantas vezes e tão injustamente menosprezados:

O crítico musical (Serguei Sossedov, no jornal electrónico km.ru) afirma ainda que "nessas baladas canta-se o quotidiano dos habitantes desse país, as suas tristezas, alegrias, buscas espirituais, sonhos, esperanças e, claro, o amor".


Sossedov chama também a atenção para o "trabalho brilhante" dos guitarristas: "nos seus dedos, cada corda não só soa de forma penetrante, como parece conversar connosco".Sobre a cantora, o crítico russo não hesita em compará-la com Cesária Évora mas "Mariza é vinte mais vezes expressiva, quente e sensual", conclui.

Por seu lado, a revista Joy afirma que "esta bela jovem canta fado, e isso significa que canta em português. Os temas tocados com equilíbrio e sensualidade, a mestria hispano-portuguesa da guitarra acústica e a voz sentimental de Mariza são precisamente aquilo que é necessário às pessoas cansadas do ritmo enlouquecedor das grandes cidades", conclui.

28.10.08

Dar ao pedal na RTP

Acabo de ver o José Rodrigues dos Santos atrapalhando a leitura do Telejornal enquanto dava ao pedal. Chegamos a isto: a RTP, de acordo com a sua gestão de emagrecimento irracional, dispensou , mesmo nos directos, o trabalho de operadores de teleponto que accionavam a passagem do texto à medida que é lido pelos apresentadores. Agora os próprios apresentadores são obrigados a acumular aquela tarefa.

Não é fácil, não é recomendável, não é próprio, mas é barato.
E a Televisão não escapa à onda, digo, à pedalada.

Por este caminho ainda havemos de ver os pivots a pintar o cenário, o que, em alguns casos que não o citado, só lhes fazia bem... Para já, vamos assistindo às gafes inevitáveis porque os pedais são máquinas mas o cérebro é humano – ainda que desse mais jeito à gestão, que assim não fosse.

É caso para dizer: Aguenta-te, ó Zé! E força no pedal.

24.10.08

As palavras da crise

O drama financeiro e económico a que assistimos, abre espaço a todas as especulações sobre um futuro próximo e longínquo que os governos asseguram que será controlável mas que os opositores garantem que será desastroso. O regresso à desgraça de 1929 é invocado por uns como inevitável e repudiado por outros como improvável. Eu próprio me atrevi a invocar AQUI esse episódio histórico.

Com teses tão autorizadas e contraditórias de quem não foi capaz de prever os maiores dilúvios politicos das últimas décadas, a implosão do bloco socialista e a crise financeira em curso, estamos à vontade para dizer... nada. Mas a pressão dos media, que já me levou a ter opiniões sobre futebol, força-me agora a ter opinião sobre economia e finanças. Afinal, se alguém previu alguma coisa com a devida antecedência, foi o meu pai quando me encaminhou para essa área de formação! Que eu tenha dado mais importância a “O Capital” do que a “Formação Política e Organização Corporativa”, já é da minha responsabilidade e dos que eu acompanhava. Alguém tinha que, modestamente, arrancar as urtigas e plantar os cravos...

Apesar de tudo, ou por tudo aquilo a que já assisti(mos) durante essa jardinagem, nem o optimismo oficial me descansa, nem o pessimismo militante me arrasa. Partilhando, como raro acontece, a posição da maioria, observo intranquilo.

Nesta posição de observador “a revelação da verdade” parece ocorrer descontinuada e analiticamente, ora numa frase, ora numa tese, ora numa ideia ainda mal explicitada...
Mas há desde logo neste emaranhado, um conjunto de palavras que ganham uma presença obsessiva numa rigorosa ordenação histórica: desregulamentação do mercado ou livre concorrência, produção em larga escala, procura deficitária, empréstimos, hipotecas, juros, moderação salarial, desemprego, endividamento, bancos, crise, recessão... (Com alguma sorte não chegaremos à palavra xenofobia). No princípio e no fim deste comboio é inevitável ler a palavra “capitalismo”.

Se o produto dialectico das duas crises sistémicas, do socialismo e do capitalismo, for um novo sistema que emerge dos anteriores – seguindo a tese marxista de que o novo já existe potencialmente no seio do velho –
é de esperar uma nova ordenação de expressões verbais se venha a afirmar: regulação do mercado, política de pleno-emprego, juros fixos, desenvolvimento sustentado e participação democrática plena. No lugar da máquina deste comboio é inevitável ler “estado social”. Ou expressão sinónima.

Mas isto, reconheço, ainda não é ciência; é só necessidade. A necessidade de evitar que 1929 seja invocado pelo próprio devir e agravada pelas novas circunstâncias da mundialização imediata dos fenómenos político-económicos.

21.10.08

A minha crise económica


O meu avô, trabalhador ferroviário, conseguia amealhar uns tostões que mais provinham de uns biscates que fazia na loja de um vizinho do que do seu salário magro como um carril de comboio.

Amealhar era, não pouca vezes, esconder no forro do colchão. Mas se disso sabia toda a gente, a minha avó também. E bem depressa, numa inspecção periódica a que não faltaria, haveria de tomar o que houvesse, por empréstimo a fundo perdido e sem juros, ávida como estava de ir às compras, fosse por uma saia que não tivesse vergonha de levar à missa, fosse por uma sertã, a que no sul se chama frigideira, de que estava precisada há vários anos... Por uma flores esperaria ainda uma jarra vazia, que o tempo não era para luxos.

Das humildes poupanças, pois, do meu avô, e dos parcos lucros do vizinho, se juntava no banco um "pé de meia" que, mais juntando de uns e outros, ia enchendo o papo do banqueiro e o seu guarda-fatos, as suas jarras de flores e ainda sobrava para emprestar a juros ao Ti Manel Tijolo que apesar do nome era um tipo esperto, dedicado desde cedo à construção do que mais tarde se viria a chamar de imobiliário.

Vai meu avô penando e aforrando à custa da barriga, vai minha avó cozinhando as tripas, e Ti Manel Tijolo acumula negócios que já é mais conhecido na Banca do que minha avó na mercearia.

De tantas voltas darem o mundo e os comboios, chegou a minha vez de entrar nesta história. Vou ter com o filho de Ti Manel, herdeiro da arte e do negócio do Tijolo, para comprar uma casa para mim e para a família que de mim vier. Negócio puxa conversa e lá se acertou o preço ao que se seguiria o pedido de empréstimo.

No dia D, vá-se lá saber se é de Deus ou de Diabo, fui eu à banca pedir emprestado aquele dinheiro, afinal, que o meu avô lhes havia anteriormente confiado. Com grande relutância aparente, mais arrogância do que convicção, abriu o banco os cordões ao cofre, virtualmente, claro, e fechou-se o negócio nos termos que se seguem.

O banco emprestava-me os 20.000 contos e eu reembolsava-o a prestações ao longo dos anos. Do valor daquelas prestações não havia conta certa; certo era apenas que o banco ganhava aquilo que eu perdia.
Passam mais uns comboios, mais uns anos, e vão-se-me as poupanças para a inflacção dos preços e o congelamento do salário, ficando sem poupança e quase sem colchão, minha mulher e eu aprendendo a cozinhar açorda, meus filhos à espera de nascerem e a banca, cada vez mais mais gorda, batendo à porta de recibo na mão. Não tarda, é a Polícia: "Operação Hipoteca ! Abra e saia!".

Saia?... Se ao menos minha avó tivesse comprado a saia, o meu avô não emprestava à banca as suas poupanças e esta, sem dinheiro, não me endividava.

É isso! Assim que esta crise for ultrapassada, o que eu vou fazer é comprar um colchão de palha.

12.10.08

Lógica das massas

«...Milhares de peregrinos estão já no Santuário de Fátima, para participarem nas cerimónias que assinalam os 91 anos das aparições de N. Senhora aos pastorinhos...».
Notícia de 2008-10-12 (JN)

Estima-se que em 12 e 13 de Maio 2007, o número de pessoas que se deslocaram ao Santuário tenha atingido o meio milhão !

Digo eu:

Quer caminhem para o Santuário de Fátima ou para qualquer outro, as multidões, as massas, são convocadas por um mito salvador da Humanidade, é certo, mas
são sempre movidas por sentimentos íntimos; respondem a uma mobilização colectiva, é certo, mas motivadas por razões subjectivas - na melhor das hipóteses, por convicções pessoais, mas em última análise, por egoismo. Juntam-se para lutar contra um inimigo comum, é certo, mas não é por ser comum, é por ser o "seu" inimigo.

O encontro colectivo proporciona as condições materiais e o pretexto, um clima favorável e o simbolismo justificativo. Mas creio que é nas profundezas psicológicas, nas cavernas secretas da mente que se encontram as motivações de tamanha exaltação.

Depois, há a festa, a celebração da comunhão, da solidariedade, mas que responde sobretudo ao humano sentimento de insegurança que busca, na pertença, protecção e afecto.


Irei longe demais se acrescentar que muitos namoros começam assim, nestes rituais? Já Ovídeo, na Arte de Amar, aconselhava a que se procurassem os espaços povoados... Mas voltemos ao discurso “correcto”!

O papel das grandes concentrações de massas em celebrações políticas ou religiosas é de amplificar o grito individual, por um lado, e legitimá-lo. Um grito que não raras vezes se esgota em si mesmo.

Isto para o comum dos participantes, para as massas. Para os promotores é sobretudo espaço de afirmação da sua autoridade moral ou política, e da sua força. A relação que uns estabelecem com os outros é de confiança na direcção ideológica e organizativa.

Em nada disto vejo a mão de Deus nem a mão do Diabo; vejo a lógica das massas. E nem tenho a certeza.

6.10.08

Obama e o outro


No imaginário dos cidadãos, Obama vale mais por aquilo que representa do que por aquilo que é.

Ele representa um desejo de ruptura com um modelo de sociedade que exalta o sucesso dos ricos e poderosos e que despreza os desafortunados; que sobrepõe os interesses egoístas e os métodos cruéis de uma super-potência, aos direitos legítimos de outros povos preservarem a sua soberania, escolherem as suas políticas, prosseguirem o seu desenvolvimento. Isto é, Obama representa a ruptura com um modelo que oferece os ombros aos privilegiados e o peso das botas aos expoliados do sistema.

Falo por metáforas, em parte, mas não seria mais benevolente falar com os factos. Falo de desejos, é certo, mas é esse desejo colectivo que pode criar os símbolos, a direcção e a força que opera as mudanças.

Obama é, ele próprio, uma criação do imaginário negro e do imaginário popular, das camadas mais livres, evoluídas e generosas. Obama transcende Obama.

Sabemos que além de Obama, há... o outro. E isso remete para a questão de saber se o eleitorado que elegeu Bush por duas vezes ( ! ) muda de cabeça com tanta facilidade quanto a História exige. Dizem as notícias que «A um mês das eleições, marcadas para 4 de Novembro, as sondagens revelam que o eleitorado confia mais em Obama que (no outro) para erguer a economia norte-americana».

Outra questão é saber – passe a ironia – se a vitória, nesta conjuntura económica, não será um presente envenenado para o partido vencedor. O que se pode esperar, no caso do Partido Democrata vencer, é que o veneno não seja mortal.


Ele há até quem diga que alguns venenos curam.

5.10.08

Toma e embrulha (2)

Notícia da TSF em 10-05-08:

«Dois helicópteros Blackhawk UH-60 despenharam-se e caíram num campo militar em Adhamiyah (norte de Bagdad) cerca das 20:55 desta noite» . (...) Segundo um balanço feito pela France Press, 4.177 soldados norte-americanos morreram no Iraque depois da invasão em Março 2003».

É caso para dizer:
primeiro, empenham-se; depois, despenham-se!

A foto é de arquivo mas, para os mais curiosos em desgraças ocorridas com estes helicopteros norte-americanos, pode consultar o respectivo rol, AQUI !

4.10.08

Mais fumo que fogo

Sendo Pacheco Pereira um homem do Porto, como eu, não me dei conta de que tenha passado pelo Clube Fenianos Portuenses onde se ensinava, na respectiva secção artística, que “o ilusionista não diz o que faz, não faz o que diz, diz o que não faz e faz o que não diz”.

Porém o manipulador da comunicação, em causa, parece conhecer aqueles princípios quando os aplica à produção de opinião; só que neste caso é suposto obedecer aos critérios contrários. O resultado é desastroso.

Mais uma vez na Sábado que parece particularmente vocacionada para estes exercícios de mau-gosto, lemos:

« Durante todas as presidências, socialistas, social-democratas e centrista, em vereações com o PCP ou sem ele, ou seja, na prática com todos os partidos, as casas da Câmara foram atribuídas discricionariamente».

É notório o esforço para meter o PCP nisto, ele que não sente a falta do PCP num programa semanal onde estão representados PSD, PS e CDS.

Mas quando diz...:

«Sabendo nós muito bem como as coisas são feitas, e toda a gente na Câmara Municipal de Lisboa tinha que o saber, a começar pelos Presidentes antigos e actual, a maioria das casas devia ser entregue a quem de direito o justificava e uma minoria, presumo que considerável, existia ou para fazer favores ou pagar favores políticos e pessoais».

... dá para comentar:
1) se sabe muito bem como as coisas são feitas, conte à gente;
2) o que é uma “minoria considerável”?
3) “fazer favores ou pagar favores políticos e pessoais” é demasiado exaustivo para quem não falou com Santana Lopes antes de escrever o artigo... Favores pessoais? Diga tudo, cara!



Uma coisa parece perceber-se no texto de PP: que alguém, independentemente dos directos beneficiados, estava interessado naquela atribuição de casas.


E ainda: que desta vez há fumo a mais para o fogo. Para os fogos.

2.10.08

Cinema sem futuro


Na minha modesta opinião, ninguém "melhor" para discutir os NOVOS CAMINHOS para o cinema iberoamericano do que... o centenário Manuel de Oliveira. Veja-se este recorte do El Pais:

El I Congreso de Cultura Iberoamericana busca nuevos caminos para el sector (del cine)

(...) Pero fue sin duda la intervención, cálida y amable, de Manoel de Oliveira, que el próximo mes de diciembre cumplirá 100 años, la que despertó mayores entusiasmos. Oliveira fue el primero que puso sobre la mesa el nombre del cineasta que ronda alrededor de todo el congreso: Luis Buñuel. Oliveira defendió el cristianismo de Buñuel: "Daba la impresión de que no creía en Dios, pero no es verdad, sólo le molestaban las cosas malas que suceden en nuestra humanidad". "La rebeldía de Buñuel contra Dios era sólo aparente", continuó el cineasta portugués, quien se despidió del público con estas palabras: "No sé cómo he llegado hasta aquí. Ya no me siento capaz de hablar más".

Texto da notícia, de Rocío García (enviada especial) - México - 02/10/2008

29.9.08

Toma e embrulha (1)

Das notícias:
«O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair afirmou hoje que o mundo está a atravessar um momento sem precedentes de instabilidade, incerteza e de baixa previsibilidade, que exige respostas globais baseadas em fortes alianças estratégicas.


Blair, que falava em Lisboa na 10ª Conferência Internacional do Diário Digital, salientou ainda que a situação actual é consequência da globalização, que impôs desafios globais aos quais só é possível responder com respostas globais».


Há poucos dias, na RTP, dizia Manuel dos Santos, do PS:
- Falaram aqui da necessidade de um novo modelo de desenvolvimento para Portugal, face à crise económica. Mas é preciso compreender que Portugal não tem dimensão para impôr um novo modelo porque ele terá que ser global e não apenas nacional.


Responde-lhe um deputado do PCP:
- Não me está a dar uma grande novidade; já Marx dizia isso.

Áustria e os seus fantasmas

«Fui contemporâneo das duas maiores guerras da humanidade e vivi mesmo cada uma delas em duas frentes distintas, uma na frente alemã, a outra na anti-alemã. No período anterior à guerra conheci a forma e o grau mais elevados de liberdade individual e, depois, o seu mais baixo nível desde há centenas de anos».
...
«Fui à força testemunha indefesa, impotente, do inimaginável retrocesso da humanidade a uma barbárie que há muito se pensava esquecida...»
...
«Estava-nos destinado, tantos séculos passados, a ver de novo guerras sem declaração de guerra, campos de concentração, torturas, pilhagens em massa e bombardeamentos sobre cidades indefesas, tudo bestialidades que as últimas cinquenta gerações nunca chegaram a conhecer e que as vindouras, assim o espero, não voltarão a tolerar».

O texto que atrás se invoca é de Stefan Zweig, um dos maiores escritores de todos os tempos, da Áustria e do Mundo.

O seu testemunho foi publicado em português com o nome «O Mundo de Ontem», pela editora Assírio e Alvim, em 2005.

A forma fascinante como invoca, descreve, comenta e nos envolve no seu mundo sem fronteiras, forçado pela fuga ao nazismo até ao refúgio e suicídio no Brasil, é de uma riqueza literária e humana que nenhum recorte trazido para aqui seria justo seleccionar. Daí as três frases curtas, apenas, que transcrevo acima, que me ocorreu transcrever no dia em que é notícia o resultado histórico da extrema-direita nas eleições da Áustria.


Recorte de aeiou.visao.pt/ 2008-09-29:
Se os votos da extrema-direita forem somados aos do partido populista, a extrema-direita ultrapassa a marca histórica que obteve em 1999, quando o partido de Jörg Haider alcançou 26,9% dos votos, a par dos conservadores.
Se estas projecções (...) se confirmarem, o partido social-democrata SPÖ, um dos mais antigos partidos europeus, fundado em 1885, e os democratas-cristãos do Partido do Povo (ÖVP) registarão os seus piores resultados de sempre.
E isso não só desde o final da Segunda Guerra Mundial, mas desde o início da República, saída em 1918 do Império Austro-Húngaro após a derrota na Primeira Guerra Mundial.


A realização de eleições antecipadas, em que estavam registados 6,3 milhões de votantes, deveu-se à ruptura em Julho da coligação esquerda-direita, no poder nos últimos 20 meses, causada por divergências relativamente à reforma fiscal e nas medidas para aliviar o aumento crescente dos alimentos e da energia.

Pela primeira vez, 183.000 jovens de 16 e 17 anos puderam votar nestas eleições.

Áustria, terra de Música no Coração... !

Sectários Gerais

De Mário Castrim, dizia-se por graça que era o “sectário geral” do PCP. Castrim talvez tenha deixado aquele título para Miguel Urbano Rodrigues.
Em ambos os casos, realmente, o discurso jornalístico se confunde com o que se espera ou esperava do porta-voz do partido a que pertencem. Nenhuma diferença, por mais saudável que ela fosse, nenhuma crítica, por mais necessária - antes pelo contrário.

Não partilho mas entendo esse sectarismo político que consiste em valorizar sempre o que vem de nós e combater sempre o que vem do adversário, indo ao ponto de omitir algumas verdades, é certo, sobre as responsabilidades do nosso “clube”.

Tal atitude, em Miguel Urbano, sacrifica algum prestígio intelectual – ainda lhe sobra muito! - à eficácia política; subordina o interesse pessoal, ao interesse social. Mas sente-se nos seus textos a sinceridade e a clareza que caracterizam os discursos autênticos e que alimentam o seu entusismo contagiante.

Não sinto o mesmo respeito pelo sectarismo de outros que, devido aos lugares que ocupam na Direcção do PCP, longe de se envolverem apenas a eles próprios – pelo contrário, escondendo-se na capa de orgãos colectivos – arrastam com as suas omissões e deturpações o futuro de um partido que os ultrapassa e ao qual se dedicaram muitas vidas.

E já nem falo do sectarismo que no PS é escola, é cultura de grupo. No PS o sectarismo é prática e doutrina, é o pão das suas ceias, o ar que se respira. Só quem nunca trabalhou numa empresa dependente do Estado pode ignorar isto – se é que pode, mesmo sem ter trabalhado. E com o PS, por força da sua influência na sociedade, os estragos são maiores, imediatos e mais incontroláveis.

Só que isso não devia servir de consolação a outro. Porque, quando assim é, faz mal a ambos.

Miguel U Rodrigues deu há pouco tempo ESTA entrevista à SIC, que recomendo pelo agrado com que se ouvem e vêem entrevistado e entrevistadora.

24.9.08

Ser livre

Neste mundo de senhores e de servos, olha-se para um velho e diz-se: Já não serve.
E eu penso: Se não serve, é livre!

(No caso de Agostinho da Silva, aqui retratado, a liberdade ocorreu-lhe... "precocemente").

19.9.08

Pacheco à bruta

Num momento de inconti- nência verbal em que certos palradores deixam estilhaçar o verniz, a cera, tornando sin-cera a sua verborreia, José Pacheco Pereira esparramou no "Abrupto" um texto vergonhoso.


Homens como Pacheco Pereira «são perigos públicos em qualquer parte do mundo. Estes homens, em nome das ideias» mais retrógradas, antidemocráticas e falaciosas, uma mistura de anticomunismo e traumatismo psicológico, mais vaidade exacerbada e reverência aos poderes políticos mundiais mais arrogantes, destemperado por um verbalismo fácil mas bem cotado no mercado de ignorantes e enganados que ele explora, arrota os seus vitupérios a rodos, empestando o país em que vivemos.

E como é habitual, há orgãos de difusão (chamados de comunicação) que o acolhem e projectam com complacência e com nojenta admiração. Também alguma esquerda, cúmplice da sua grande cruzada, deixa-se confundir com algumas verdades inócuas ou descentradas dos seus objectivos de fundo. Ele leu Aleixo e sabe que «para a mentira ser segura e atingir profundidade tem que trazer à mistura qualquer coisa de verdade».Coisas do género « É verdade que (Chavez e Morales) foram legitimamente eleitos, mas...». Mas... são progressistas e marxistas, que merda! De uribes é que a América Latina de Pacheco, precisa. Até porque na sua estratégia de silêncios manhosos se parece mais com a sua eleita, Leite.

«Infelizmente tudo isto é clássico» na arrogância verbal, não só de Pacheco Pereira mas de uma longa história da difusão social, criada na escola de gente como ele, propagandistas da direita caceteira e belicista - conforme a escala geográfica.

Pacheco não contabiliza os mortos e as bombas no Iraque cuja invasão continua a defender; contabiliza as palavras feias de Chavez. Santos destes acabariam no inferno se o houvesse, mas Pacheco não deve acreditar, logo, sente-se à vontade para dizer as alarvidades que lhe apetecer.

17.9.08

Representar

- O que é isto? »
A multidão não hesita:
- É um peixe».

Alguém tem que explicar que não é um peixe.


É a imagem virtual de uma fotografia de um objecto de vidro que REPRESENTA um peixe !

Não há peixes de vidro, de vídeo, de papel...

O que há são representações nestes materiais.
Boas e más representações.

Entre “representar” a classe trabalhadora e “apresentá-la” vai toda a diferença de legitimidade para falar de “ditadura do proletariado” quando não é o proletariado mas sim os seus supostos representantes que ocupam o poder.

Não é que a função de representação não seja legítima mas é-o na medida em que representa e não quando se re-apresenta, viciando os mecanismos de representação. Neste caso a entidade representa-se - a si mesma.


Picasso dizia: "Se a arte se limitasse a reproduzir a realidade, que interesse teria?!". Mas estava a falar das artes... propriamente ditas.

A minha homenagem ao operário vidreiro da Marinha Grande, Alfredo Poeiras que produziu o belo peixe de vidro, sua primeira peça de artesanato.

14.9.08

Like a virgin


Betancourt, que esteve recentemente na capital italiana para una visita de quatro días, foi recebida pelo Papa. Betancourt cumpria assim um dos seus desejos que expressou pouco despois da sua libertação na Colômbia.

«Betancourt ha aprovechado un encuentro con la prensa para renovar sus llamamientos a la guerrilla colombiana para que abandone las armas y luche por cambiar las cosas a través de la democracia. La ex candidata a la presidencia de Colombia ha pedido rezar para sacar a los jefes de la guerrilla del "autismo" en el que se encuentran, y en el que "en el que sólo se escuchan a sí mismos y no oyen las posiciones de los demás"».

Betancourt não pede ao seu amigo Uribe para abandonar as perseguições e os crimes sanguinários contra a população, mas não será por acaso que fala de autismo... É um assunto que lhe diz respeito! E este é o discurso que dá prémios internacionais e beijinhos ao Papa.

Talvez o Papa não chegue a ver a Virgem, como diz que ambiciona, mas a Íngrid já ninguém lha tira. Nem Carla Bruni.

Afinal se Bernardete foi santa sem saber sequer fazer o sinal da cruz, segundo os seus biógrafos, porque não há-de Betancourt receber tantas homenagens enquanto enquanto troca as vítimas pelos carrascos?

Como uma virgem, ignora a realidade.

12.9.08

América Latina resiste !

Os governos da Argentina, Brasil, Venezuela, Chile e Paraguai expressaram o seu apoio incondicional ao processo democrático boliviano.

«Lula da Silva y Cristina Fernández no reconocerán a ningún golpista que pretenda sustituir al legítimo gobierno constitucional de Bolivia. Hugo Chávez apoyará movimientos armados si Evo Morales es derrocado. El secretario general de la OEA dijo que los autonomistas no tienen derecho de apoderarse de bienes públicos.

... Brasil no reconocerá "a ningún gobierno que sustituya o pretenda sustituir al legítimo gobierno constitucional de Bolivia". El presidente de Venezuela Hugo Chávez y la mandataria argentina Cristina Kirchner ratificaron su pleno e incondicional respaldo al gobierno constitucional de Morales y tampoco aceptarán un quiebre democrático.

Organizaciones internacionales apoyan a Bolivia

El secretario general de la Organización de Estados Americanos (OEA) José Miguel Insulza repudió la violencia de grupos civiles que tomaron instalaciones gubernamentales y atacaron a las fuerzas armadas, "en una clara actitud de provocación y de agresión". "No es aceptable para nadie el que, por mucho que se reclamen autonomías, determinados grupos se sientan con el derecho de apoderarse de bienes públicos", reflexionó Insulza.

El secretario general de la Comunidad Andina (CAN) Freddy Ehlers censuró la violencia y llamó a las autoridades y a todas las fuerzas políticas a dialogar en resguardo de la democracia y en el marco del respeto a las normas constitucionales.

El presidente de la Comisión de Representantes Permanentes del MERCOSUR Chacho Álvarez manifestó su profunda preocupación por las actitudes divisionistas y separatistas de algunos sectores, y ratificó su solidaridad con Bolivia en "esta terrible situación de violencia"

La Oficina en Bolivia del Alto Comisionado de las Naciones Unidas para los Derechos Humanos condenó la espiral de violencia desatada en departamentos del oriente y sur del país, y los cada vez más frecuentes ataques a organizaciones indígenas e instituciones que promocionan los derechos campesinos e indígenas. El organismo llama a las autoridades nacionales, departamentales y locales a garantizar el respeto de los derechos humanos y cumplir con su deber legal de adoptar medidas razonables para prevenir más violaciones.

La Federación Latinoamericana de Periodistas (Felap) condenó el acoso y los ataques a periodistas y medios de comunicación estatales, acciones que responden a un plan concertado y auspiciado por el imperialismo que busca, a través de la oligarquía boliviana, descarrilar el proceso democrático que encabeza el Presidente Morales.

"La Felap y sus organizaciones miembros están en permanente vigilancia ante los salvajes ataques a los que están siendo sometidos periodistas y medios de comunicación que rehúsan plegarse a los 'buitres' que pretenden engullirse a Bolivia, para mantener a las grandes mayorías de su pueblo en la más abyecta de las miserias mientras se apropian de su riqueza", declaró el periodista argentino Juan Carlos Camaño, presidente de la Felap.

El gobierno argentino pide a la comunidad internacional que se pronuncie a favor del respeto al orden constitucional y la integridad territorial de Bolivia; que condene las acciones violentas impulsadas por autoridades locales, así como todo intento de desestabilización de los gobiernos populares de Sudamérica elegidos democráticamente en elecciones libres».

bolpress.com

ESTE TEMA JÁ FOI ABORDADO NESTE BLOGUE EM «Bolívia resiste» e em «América do Sul resiste».
E, noutro blogue, em «Domingo 9 na Bolívia».

11.9.08

Quem é narcotraficante?

Os Estados Unidos identificam Álvaro Uribe como sendo um dos traficantes mais perigosos da América Latina.

Num documento do Departamento de Estado dos EUA, de 1961, é designado como o Narcoficante nº 82. O Narcoficante nº 79 é Pablo Escobar. Também o pai e mais família de Uribe vêm ali referenciados.

Sergio Camargo revela-o no seu livro “El Narcoficante nº 82” onde fornece pormenores sobre a rêde de políticos, mafiosos, clérigos, paramilitares e narcotraficantes que estão no poder actualmente na Colômbia. Menciona centenas de nomes.

No lançamento do livro que apenas terá sido publicado em Espanha, o autor dá uma entrevista muito reveladora onde aborda também “la colaboración de Estados Unidos, Israel y el reino Unido en el adiestramiento de los paramilitares colombianos”.

Segundo o autor, os interesses económicos, nomeadamente bancários e empresariais, de Espanha e outros países europeus, explicará a cobertura que a Europa dá a Uribe.


Digo eu: Uribe cointinua a sua opressão sanguinária. E como não lhe bastam os 400 mil soldados de que dispõe, serve-se também dos orgãos judiciais para desenvolver processo de perseguição e intimidação.

E não há um helicópetero pintado com as cores da cruz vermelha que socorra os colombianos, nem que tenha que matar um narcotraficante?

10.9.08

DONDE ESTÁN ???

«El jefe de la Unidad de Justicia y Paz de la Fiscalía, Luis González León, reveló a Caracol Radio, que solo durante los últimos 16 meses, la entidad ha recibido 17 mil denuncias de personas que fueron desaparecidas, principalmente por parte de los grupos paramilitares.

Eso significa que mensualmente la Fiscalía ha recibido en promedio, la noticia de 1.062 personas que han sido asesinadas y desaparecidas, ya sea en fosas comunes o lanzadas a los ríos por parte de los grupos armados al margen de la ley.

La cifra es realmente escalofriante, si se tiene en cuenta que sobrepasa con creces, el número de desaparecidos durante algunas dictaduras como la de Augusto Pinochet en Chile, cuyo régimen asesinó y desapareció a tres mil personas, entre 1973 y 1989».


«» De um artigo de Ricardo Ospina em Radio Caracol 2008-09-10

É caso para perguntar “donde están” Uribe e Sarkozy! De Betancourt sabe-se que vai a caminho de receber o Prémio Príncipe das Astúrias 2008. Que a faça feliz.

8.9.08

Chamem a Betancourt


Se inició en Colombia una semana movida y marcada por marchas y protestas

Radio Caracol Septiembre 8 de 2008

En el norte de Bogotá cerca de 150 desplazados se tomaron el parque de la calle 93. Las víctimas de la guerra señalan que el gobierno Nacional les ha incumplido con compromisos adquirido y advirtieron que no se moverán del lugar hasta que Acción social de la Presidencia de la República les cumpla con un pliego de 13 puntos. En la zona se mantiene la presencia masiva de las autoridades.

Entre tanto, en otros puntos de la capital del país se realizan movilizaciones de personas que protestan por la salida del Padre Javier de Nicoló, quien durante más de 40 años trabajó en la ciudad por las personas más vulnerables. Así mismo a Ibagué llegó la marcha contra el hambre, junto a las centrales obreras un importante número de personas cumplen un acto en un céntrico parque de la capital Tolimense en el que piden mayor atención para las personas pobres del país.


Y mientras que los colombianos más necesitados se movilizan por el Tolima, en el Valle del Cauca soldados y Policía discapacitados siguen su camino pidiendo la liberación de sus compañeros secuestrados. Los uniformados, enfrentando temperaturas altas que han demorado su paso, siguen despertando la solidaridad entre los colombianos.

Casanova, broncas à porta


Conhecem aquela anedota da reunião para discutir por que a camarada X não atraía gente à discoteca do Partido, apesar dela já ter cinquenta anos de experiência partidária? Não tem nada a ver... Venho falar de José Casanova, um destacado dirigente do PCP-que-temos. Operário... do jornal Avante, dele se podem admirar preciosidades literárias como é próprio de um editorialista.

Por uma questão do respeito que me merece o seu passado antifascista, evito ler os seus textos – prefiro pensar só nas suas qualidades. Mas não querendo ficar completamente arredado das coisas culturais, puz-me a ler a sua intervenção na Festa do Avante, acerca de, e em homenagem a, José Saramago.

Desde Américo Tomaz que não me comovia tanto. Com operários assim, para que queremos nós os escritores?

7.9.08

Angola quer !


Dados os interesses políticos e económicos em jogo, e as fragilidades do regime, não é difícil encontrar pretextos para a contestação legítima da Oposição angolana. Outra coisa é saber qual será a estratégia que melhor serve os angolanos, neste contexto. E se a Oposição ganha mais em capitalizar créditos de vítima enquanto não espera ganhar estas eleições, ou alimentar uma desestabilização de que o partido no Poder tirará proveito como força de “reposição da ordem”. Tanto mais que em 2009 haverá eleição para a presidência.
Depois de um primeiro acto eleitoral realizado em 1992, só agora se assiste a um segundo. Concorrem a este, dez partidos e quatro coligações.

Por todo o país, o eleitorado está distribuído em 12. 274 assembleias de voto, com o total de 37.995 mesas, assistidas por 266.000 agentes eleitorais.
Em Luanda, onde são assinaladas irregularidades burocráticas, foram criadas 2.584 assembleias de voto.

O presidente da CNE anunciou, na sexta-feira, que as 320 Assembleias de voto onde foram registadas irregularidades, iriam funcionar a partir das 07h00 de Sábado para permitir que todos os eleitores de Luanda exercessem o seu direito cívico.

Segundo afirmou, esta excepção é possível porque a Lei Eleitoral assim o permite. "O Regulamento da Lei Eleitoral permite-nos realizar o acto num segundo dia de forma excepcional", afirmou Caetano de Sousa.

Há quem se questione sobre as garantias de que as urnas de voto não serão violadas; há quem se questione sobre se não houve intenção premeditada de criar os problemas que se registaram, visto que houve todo o tempo para preparar o acto eleitoral, mas há também quem se questione sobre se as irregularidades, pelo caracter burocrático e pelo número limitado onde ocorreram, deverão pôr em causa umas eleições cuja realização, por si só, representam um passo importante na evolução democrática e sobretudo representam um estímulo à confiança dos angolanos nas possibilidades da paz e da democracia.
Uma coisa ficou demonstrada neste processo eleitoral: que o povo merece, que Angola quer !

31.8.08

Será desta?

Significativo destaque do Avante de 28 de Agosto:

Espaço Internacional recorda
50.º aniversário da Revolução Cubana.
Lutar e resistir contra o imperialismo

«O Espaço Internacional da Festa do Avante! vai dar destaque, este ano, à “Perigosa e explosiva situação no Médio Oriente” e ao “50.º aniversário da Revolução Socialista Cubana”. Ali, o visitante poderá acompanhar como os trabalhadores e os povos, com os partidos comunistas e progressistas, dão resposta à ofensiva do imperialismo e desbravam os caminhos da alternativa socialista».

A saber, quanto à alternativa socialista que a actual Direcção preconiza:

«... No mesmo dia falar-se-á de Cuba. Esta grande iniciativa contará com a presença dos camaradas que integram a delegação do Partido Comunista Cubano. “Mais do que um debate, será um grande acto comemorativo, político, dos 50 anos da Revolução Cubana”, sublinhou Ângelo Alves».

E eu pergunto: - Será desta vez que nos vão explicar se o regime cubano é uma ditadura do proletariado ou uma democracia da família Castro?

Resposta: Não!, isto é “um acto comemorativo, mais do que um debate”.

E eu pergunto: - Mais que um debate ou MENOS que um debate? Para quando o debate? Ficaremos à espera de um colapso... político, à russa, para ouvir que o PCP não aprova o unipartidarismo... nem que seja na América? O povo cubano merece menos que o português em matéria dos direitos e das liberdades?

Informação:
O não-debate será no Sábado, dia 6, ás 18h30.

Não contem comigo (dasss) !

29.8.08

A Geórgia que se cuide !

Se julgava que o eixo-do-Bush vinha a correr com armas e bagagens para secundá-la na aventura da ofensiva contra a Ossétia do Sul, mediu mal o eixo e exagerou nas suas ambições: na melhor das hipóteses a NATO pode oferecer-lhe uma cadeira - nada que se pareça com um trono. E mais tarde ou mais cedo vai ter que se entender com a própria Rússia tal como eu tenho que me entender com os moradores da Quinta do Moxo – é uma questão de vizinhança.

A minha opinião não vale mais do que o envólucro de bala disparada, mas diz-me a intuição, mãe das ciências e de muitos enganos, que a Russia pôs o Sarcozy, a Ângela e a Condoleezza a espumar, não porque tivesse cometido um erro político (isso fá-los-ia delirar de riso) mas porque lhes deu um xeque-mate: usando dos argumentos, mutatis mutandis, do caso Kosovo, satisfazendo os anseios de uma população, mantendo a sua influência na Ossetia do Sul, reconheceu-lhe a independência, isto é, retirou à Geórgia e ao eixo-de-Bush o “direito de uso” a que aspiravam sobre aquele território.

Enquanto os líderes e os jornais do ocidente “ladram”, a caravana passa – a caravana russa. E a Geórgia assiste impotente, vítima de si própria.

(Recomendo a leitura de um texto de Mike Whitney, AQUI !)