28.12.07

Se hace camino al andar


Caminante no hay camino.
Se hace camino al andar!

Todo pasa y todo queda
Pero lo nuestro es pasar
Pasar haciendo camino
Camino sobre la mar
Nunca persegu la gloria
Ni dejar la memoria
De los hombres mi cancin
Yo amo los mundos sutiles
Ingrvidos y gentiles
Como pompas de jabn

Me gusta verlos pintarse
De Sol y grana volar
Bajo el cielo azul temblar
Subitamente y quebrarse
Nunca persegu la gloria

Caminante son tus huellas
el camino y nada más
Todo pasa y todo queda
Pero lo nuestro es pasar
Pasar haciendo camino
Camino sobre la mar
Nunca persegu la gloria
Ni dejar la memoria
De los hombres mi cancin
Yo amo los mundos sutiles
Ingrvidos y gentiles
Como pompas de jabn

Me gusta verlos pintarse
De Sol y grana volar
Bajo el cielo azul temblar
Subitamente y quebrarse
Nunca persegu la gloria

Caminante son tus huellas el camino y nada ms
Caminante no hay camino, se hace camino al andar
Al andar, se hace camino, y al volver la vista atrs
Se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar
Caminante no hay camino, sino estelas en la mar

Hace algun tiempo en ese lugar
Donde hoy los bosques se visten de espinos
Se oy la voz de un poeta gritar:
Caminante no hay camino,
se hace camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso

Muri el poeta lejos del hogar
Le cubre el polvo de un pas vecino
Al alejarse le vieron llorar
Caminante no hay camino,
se hace camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso
Caminante no hay camino, sino estelas en la mar

Hace algun tiempo en ese lugar
Donde hoy los bosques se visten de espinos
Se oy la voz de un poeta gritar:
Caminante no hay camino, se hace camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso

Muri el poeta lejos del hogar
Le cubre el polvo de un pas vecino
Al alejarse le vieron llorar
Caminante no hay camino, se hace camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso

Cuando el jilguero no puede cantar
Cuando el poeta es un peregrino
Cuando de nada nos sirve rezar
Caminante no hay camino, se hace camino al andar
Golpe a golpe, verso a verso
Golpe a golpe, verso a verso
Golpe a golpe, verso a verso
(canta: Joan Manuel Serrat)

28.11.07

O "povo" está feliz

O texto final do Tratado redigido pela CIG foi aprovado durante o Conselho Europeu informal que se realizou em Lisboa, a 18 e 19 de Outubro. O Tratado foi assinado pelos 27 Estados-Membros em Dezembro de 2007 e, a seguir, será sujeito a ratificação por cada um deles, por votação parlamentar ou por referendo popular. Caso seja aprovado por todos os Estados Membros, espera-se que o novo Tratado entre em vigor antes das próximas eleições do Parlamento Europeu, em Junho de 2009.

Pode aproveitar para ver "a festa", neste vídeo!
Ou para ver o que pensa Octávio Teixeira, neste sítio !

23.11.07

Tratado mal tratado

A importância do Tratado Europeu depende muito da importância que for dada ao respectivo referendo – uma coisa é um acordo entre líderes, uma espécie de G8 a 27, outra coisa é um acordo entre povos. Em nenhum dos casos a matéria é sagrada porque é política e sempre provisória, mas sagrada é a legitimidade dos povos cujas vidas se decide.

Em geral, em abstracto, em teoria, os dirigentes políticos teriam legitimidade para decidir sem referendo, como tantas vezes tem acontecido com acordos internacionais de grande importância. Mas além de haver hoje maior exigência e maiores condições para o exercício democrático dos poderes, há no caso concreto do Tratado Europeu duas razões incontornáveis:

A primeira é que a questão deste referendo tem uma história suja que é preciso limpar e não conspurcar mais: ele foi reprovado na sua versão original e só poderia vir a ser aprovado numa segunda versão por aqueles que a reprovaram na primeira. Doutro modo trata-se de um embuste e de uma manifestação de autoritarismo e desprezo pelos cidadãos. Nessas condições, o Tratado é uma imposição da Constituição Europeia àqueles que a rejeitaram ou viriam a rejeitar.

O Tratado é um instrumento de trabalho da UE, como se diz, mas é também um pacto entre líderes sobre o futuro da Europa, ou seja, não é um consenso entre os povos mas sim uma falsa legitimação das políticas supranacionais que vão ser impostas ás sociedades europeias.

A segunda razão para o referendo é que os povos querem pronunciar-se sobre uma matéria que interfere com a soberania e a capacidade futura de participação dos cidadãos na vida política. E esta vontade faz cessar a delegação de vontade expressa nas eleições legislativas

Os actores desta farsa, ao invocar a dificuldade dos cidadãos em analisarem as matérias do Tratado, por se tratar de questões muito vastas, profundas ou técnicas, denunciam-se, já que na primeira tentativa de que esperavam a adesão geral, não tiveram essa preocupação – desde que fosse aprovada, pouco importava se era ou não compreendida. Para eles, não são os cidadãos que escolhem as políticas, são as políticas que escolhem os cidadãos!

Se os dirigentes, digo líderes políticos que dirigem esta farsa não reconhecem competência aos cidadãos para decidirem em referendo, também não podem reconhecer-lhes competência para darem o voto a esses políticos. Que se demitam então e assumam a sua opção por estados não-democráticos.

4.10.07

última ceia...


Tantas últimas-ceias, tantos judas, tantos pilatos... e tanto silêncio em latim.

Avé, avé, avé... Tanta histeria para calar os gritos de justiça!

28.9.07

simplicity [ver]



In the decades prior to the ‘60s, through the work of such avatars as Woody Guthrie, the Weavers and Pete Seeger, folk music had become identified with sociopolitical commentary, but the idiom had been forced underground in the Senator Joe McCarthy witch-hunting era of the late ‘50s.


By the time Peter, Paul and Mary arrived on the scene, for the majority of America, folk was viewed merely as a side-bar to pop music which employed acoustic instruments.


At this critical historic juncture, with the nation still recovering from the McCarthy era, the Civil Rights Movement taking shape, the Cold War heating up and a nascent spirit of activism in the air, Peter Yarrow, Noel (Paul) Stookey and Mary Travers came together to juxtapose these cross currents and thus to reclaim folk’s potency as a social, cultural and political force. But few at the time could have realized how fervently and pervasively the group’s message of humanity, hope and activism would be embraced.

13.9.07

crimes sem remorso

Indivíduos que são inteligentes e que são capazes de raciocinar bem, tornam-se monstros sociais quando eles não sentem "emoção social", que é a base da moral, do sentimento que está certo ou errado, etc.

António Damásio , neurologista português

PSICOPATA
Segundo a teoria pela qual uma pessoa psicopata é uma pessoa perversa, supõe-se que nesta classe o doente é um sujeito que se mantém a par da realidade, mas que carece de Superego. Isto faz com que a pessoa psicopata possa cometer actos criminosos sem sentir culpa.

SUPER-EGO
O super-ego é inconsciente, é a censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao id, impedindo-o de satisfazer plenamente os seus instintos e desejos. É a repressão, particularmente, a repressão sexual. Manifesta-se à consciência indiretamente, sob forma da moral, como um conjunto de interdições e deveres, e por meio da educação, pela produção do "eu ideal", isto é, da pessoa moral, boa e virtuosa.

Nota: O Id é a estrutura da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego.

RESPONSABILIDADE
Do ponto de vista penal, existe o dilema, amplamente discutido, sobre se uma personalidade doente é imputável, especialmente se é de origem psicótica. Mesmo que se trate de uma personalidade doente (exemplos: pessoas sádicas, violadoras, etc.) há tendência para sustentar que há uma punição correspondente, dado que, mesmo doente, a pessoa mantém consciência dos seus actos e pode evitar cometê-los.

Os psicopatas muitas vezes conseguem entender que seus atos são errados, porém não conseguem se autodeterminar com relação ao seu entendimento. Ocasionando com isso, os crimes bárbaros, e na maioria das vezes, podem, os psicopatas, tornarem-se assassinos em série.
(Textos extraídos da Wikipedia)


EXCERTO de um texto de Renato M.E. Sabbatini, em http://www.cerebromente.org.br/n07/doencas/disease.htm :


O indivíduo sociopata geralmente exibe um charme superficial para as outras pessoas e tem uma inteligência normal ou acima da média. Não mostra sintomas de outras doenças mentais, tais como neuroses, alucinações, delírios, irritações ou psicoses. Eles podem ter um comportamento tranqüilo no relacionamento social normal e têm uma considerável presença social e boa fluência verbal. Em alguns casos, eles são os líderes sociais de seus grupos. Muito poucas pessoas, mesmo após um contato duradouro com os sociopatas, são capazes de imaginar o seu "lado negro", o qual a maioria dos sociopatas é capaz de esconder com sucesso durante sua vida inteira, levando a uma dupla existência. Vítimas fatais de sociopatas violentos percebem seu verdadeiro lado apenas alguns momentos antes de sua morte.

Os sociopatas são caracterizados pelo desprezo pelas obrigações sociais e por uma falta de consideração com os sentimentos dos outros. Eles exibem egocentrismo patológico, emoções superficiais, falta de auto-percepção, pobre controle da impulsividade (incluindo baixa tolerância para frustração e limiar baixo para descarga de agressão), irresponsabilidade, falta de empatia com outros seres humanos e ausência de remorso, ansiedade e sentimento de culpa em relação ao seu comportamento anti-social.

Eles são geralmente cínicos, manipuladores, incapazes de manter uma relação e de amar. Eles mentem sem qualquer vergonha, roubam, abusam, trapaceiam, negligenciam suas famílias e parentes, e colocam em risco suas vidas e a de outras pessoas.

Os sociopatas são incapazes de aprender com a punição, e de modificar seus comportamentos. Quando eles descobrem que seu comportamento não é tolerado pela sociedade, eles reagem escondendo-o, mas nunca o suprimindo, e disfarçando de forma inteligente as suas características de personalidade.

Os próprios sociopatas se descrevem como "predadores" e geralmente são orgulhosos disto. Eles não têm o tipo mais comum de comportamento agressivo, que é o da violência acompanhada de descarga emocional (geralmente raiva ou medo) e nem ativação do sistema nervoso simpático (dilatação das pupilas, aumento dos batimentos cardíacos e respiração, descarga de adrenalina, etc).

Seu tipo de violência é similar à agressão predatória, que é acompanhada por excitação simpática mínima ou por falta dela, e é planejado, proposital, e sem emoção ("a sangue-frio"). Isto está correlacionado com um senso de superioridade, de que eles podem exercer poder e domínio irrestrito sobre outros, ignorar suas necessidades e justificar o uso do que quer que eles sintam para alcancar seus ideais e evitar consequências adversas para seus atos.

Por exemplo, em Justine, o personagem que incorpora o Marquês de Sade diz que tudo é justificado quando o objetivo é a gratificação de seus sentidos, e que a ele é permitido usar outros seres humanos da forma como ele desejar para aquele propósito.

O distúrbio sociopático também está altamente associado com a incidência de abuso de drogas e alcoolismo. De fato, esta associação piora os aspectos do comportamento sociopático, assim considera-se que eles são mutuamente reforçadores.

(Este texto foi sujeito a cortes e realinhamento para o blogue)

27.6.07

«Romance de um vagabundo»

Foto de ensaio

Ao recuperar este romance de Manuel Mendes, mais de cinquenta anos depois da sua publicação em livro, pretendo homenagear aqueles e aquelas que resistiram ou resistem às adversidades com dignidade, inteligência e fantasia até. Homenagem à arte de escrever e à arte de viver, à simplicidade formal e à superioridade moral.

29.4.07

Guernica 1937


Picasso passava no controlo policial do aeroporto com o seu quadro “Guernica”.
O polícia, apontando para a pintura, perguntou-lhe:
- Foi você que fez isto?
Picasso respondeu:
- Não, foram vocês!

(Em: "Picasso Por Picasso" / Paul Désalmand / Ed. Contexto / 2000)

Aniversario de Guernica


El 26 de abril de 1937, la fuerza aérea alemana ataca el pueblo de Guernica, la idea es desmoralizar a los republicanos, destruyendo el símbolo de la independencia vasca.
Aclaremos que no fueron los alemanes los ideólogos del desastre, sino españoles franquistas, que pidieron tremenda barbaridad: un ataque aéreo masivo sobre un población de 7.000 personas desarmadas. Este solo hecho, califica a la falanje española.
En respuesta, también fue un español el que difundió e inmortalizó el desastre, la falanje pasará, pero el cuadro será eterno.
A 60 años de Guernica, el mundo presenció muchos otros Guernicas, tantos que nadie se asombra, de que hoy en Irak, se usen armas mucho peores, que hace 60 años, que matan a defensores e invasores, y que nadie se importa, porque no hay pintores para inmortalizarla, o porque con un cuadro basta, todas las bestialidades del mundo se simbolizan con un solo cuadro:¡Guernica!


jmmancu – em: "LATINA-asociacion latinoamericana de cooperación"




16.4.07

sem imagens !

O Banco Mundial - que decide da economia mundial juntamente com o FMI ! - publicou (sem sentimentos de culpa) um relatório em que é abordada a pobreza no mundo. De notar porém que o BM, que é inimputável mas não é insensível, diz que apesar de tudo "o momento não é de triunfalismo" . E o mundo pergunta: - Não???...

CITAÇÂO:

Pobreza extrema diminuiu a nível global

A pobreza extrema no mundo diminuiu 21 por cento entre 1990 e 2004, mas ainda assim existem 985 milhões de pessoas que sobrevivem com menos de um dólar diário.

O documento divulgado hoje pelo BM é a edição de 2007 dos Indicadores do Desenvolvimento Mundial e destaca também a diminuição da percentagem dos que vivem com menos de dois dólares diários, estimando contudo, que em 2004 ainda havia 2.600 milhões de pessoas (quase metade da população do mundo em desenvolvimento) vivendo abaixo desse patamar.

O estudo atribui ao progresso a diminuição da pobreza, a que está associada a taxa do crescimento do Produto Interno Bruto per capita, que subiu à média de 3,9 por cento desde o ano 2000.

Outra razão considerada chave para que no ano de 2004 houvesse cerca de 260 milhões de pessoas a menos em situação de pobreza extrema face a 1990, foi a massiva redução da miséria na China no período mencionado, sublinha o BM.

As estatísticas do relatório deixam contudo claro, que o momento não é de triunfalismo, revelando por exemplo, que mais de 10 milhões de crianças menores de cinco anos morrem todos os anos por doenças que se podem prevenir.

E mais...

E o Equador vai expulsar o representante do BM naquele país.

Quanto às diferentes regiões em desenvolvimento, o estudo destaca que a América Latina tem a maior esperança de vida, com 72 anos, e também a menor taxa de mortalidade entre as crianças menores de cinco anos.

Nesta região, 8,6 por cento das pessoas vivem na pobreza extrema face aos 9 por cento do Leste asiático ou 41,1 por cento da África Subsaariana.

O estudo refere também que a América latina é a região em desenvolvimento com maior Produto Nacional Bruto per capita do mundo e, contudo a que teve um menor crescimento anual, média de 0,8 por cento no período de 1995-2005.

Por outro lado, a região do Leste asiático e Pacífico vem à cabeça do mundo em desenvolvimento graças às elevadas taxas de crescimento, que lhe permitiram reduzir a pobreza mais rapidamente do que noutros lugares.

A região revela também vantagem na educação ao ter alcançado a escolarização universal primária, assim como a igualdade no acesso à educação primária e secundária.

O sector sanitário também revela melhoras significativas, com 79 por cento da população a aceder a água potável e cerca de uma terça parte com acesso a estradas pavimentadas.
Já as economias em transição da Europa e Ásia Central têm maior acesso a computadores e telemóveis.

As regiões do Médio Oriente e Norte de África avançaram muito em educação: quase 90 por cento das crianças acabam a sua educação primária, ainda que se registem diferenças entre rapazes e raparigas.

O sul da Ásia tem as menores taxas de alfabetização feminina do mundo em desenvolvimento, dependendo mais da agricultura que qualquer outra região.

Na África Subsaariana a esperança de vida caiu dos 49 para os 47 anos desde 1990, devido à alta taxa de mortalidade infantil e à incidência da Sida.

No entanto, nos últimos cinco anos a região registou taxas de crescimento acima dos 5 por cento, o que constitui um motivo de esperança.
Lusa / SOL

ENTRETANTO, NO EQUADOR:

«Cancelaremos la deuda de 9 millones con el FMI este jueves y expulsaremos al representante del Banco Mundial. El Presidente anunció que "el jueves pagamos nueve millones de dólares y no queremos saber más del Fondo Monetario Internacional".

«En cuanto al Banco Mundial (BM) Correa anunció la decisión de expulsar al representante residente en Quito. A éste le acusó de haber intentado chantajearlo con un préstamo de 100 millones de dólares cuando fue ministro de Economía, en 2005.
"Expulsaremos al representante del BM del país porque nosotros no vamos a aceptar chantajes de nadie" . El chantaje en referencia fue realizado durante el gobierno de Palacio cuando se tomaron medidas soberanas en torno a transnacionales petroleras».

história do futuro



Porém, decerto, a realidade será ainda mais criativa do que a imaginação. Pelo menos tem sido assim com a História.

Aproveito para mandar beijos à Microsoft, abraços ao Google e cumprimentos a todos.

8.4.07

Querido Porto


Ninguém pode banhar-se duas vezes na mesma água de um rio
- disse um filósofo antigo.

Quem diz um rio...

Porém, quanto de mim, quanto de Porto, se reencontraram.
Uma vez mais.

Desculpem mas... não há «razão» alguma para esta postagem.
Há sentimento, apenas.

[ver + aqui]

6.4.07

Páscoa sem ovos



Nesta quadra religiosa não resisto a invocar aqui,
ainda que muito resumido,o famoso Sermão de Santo António na Assembleia da República:

Vós sois o sal da terra – diz Cristo aos pregadores!


O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será a causa desta corrupção?

Ou é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar, ou os pregadores não pregam a verdadeira doutrina ou os ouvintes a não querem receber, ou os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem do que fazer o que eles dizem…

Se o sal perder a substância e a virtude e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há-de fazer é lançá-lo fora como inútil…

E à terra que se não deixa salgar que se lhe há-de fazer? Como fez Santo António: mudou o pregador de púlpito e de auditório».

Notas finais:

1. Esta referência do Padre António Vieira é muito anterior à saída do Governo, quer de António Guterres quer de Durão Barroso;
2. Como é sabido, Santo António foi pregar aos peixes de quem disse terem duas boas qualidades: ouvir e não falar!
3. António Vieira nasceu em Lisboa em 6 de Fevereiro de 1608 – aquariano e alfacinha, portanto.

18.2.07

má memória


A brincar, a brincar, o programa Grandes Portugueses veio ajudar os saudosistas da ditadura a mostrar que ainda seriam capazes de restaurar a mesma se as condições se proporcionassem - ou se proporcionarem... Por isso é necessário denunciá-los.

Diz o autor do programa sobre Salazar:

QUE este nunca abusou do Poder.
RESPONDO: 1926 a 1968 (mais de 40 anos no poder)

QUE Salazar não foi um totalitário.
RESPONDO: instituiu a censura, proibiu os sindicatos e os partidos, centralizou todo o Poder na sua pessoa e instituiu uma polícia política que dominava as ruas, os cafés, as escolas, todos lugares públicos e não só, e que perseguia a partir daí as pessoas que simplesmente discordasem do Governo – perseguia-as, torturava-as e muitas vezes matava-as.


QUE Salazar não era populista, não se preocupava muito em que a sua política agradasse ao Povo; exerceu o poder de um modo distante porque o seu fim era Portugal. RESPONDO: Um Portugal sem Povo, pelos vistos!

QUE o regime não tinha características fundamentais do fascismo. RESPONDO: É uma velha discussão técnica… Mas o que é certo é que Salazar copiou e aplicou o modelo fascista de organização e de actuação política e criou instituições directamente inspiradas no fascismo e até no nazismo, de que a Mocidade Portuguesa e a Legião Portuguesa são exemplos incontornáveis.

QUE só podemos entender os políticos à luz da sua época e no seu contexto. RESPONDO: Mas então, desse ponto de vista, todos os regimes autoritários da época estão justificados ! E o Stalinismo mais que qualquer um pelo seu conteúdo ideológico de libertação dos povos.

QUE refugiados da Guerra Mundial foram protegidos por Salazar. «Lisboa foi assim um oázis de paz na Europa. RESPONDO: A paz dos cemitérios, era como nós lhe chamávamos, nós os que não eramos lacaios da tirania. Nós os que desejavamos viver num país livre, humano e desenvolvido. Que oázis era este de onde os portugueses fugiam para sobreviver como emigrantes em França, na Alemanha e outros países?

QUE Salazar acreditava que a conservação das colónias era uma luta necessária para evitar que Portugal fosse absorvido pela Península Ibérica. RESPONDO: Disparate! As colónias não enriqueciam Portugal, pelo contrário – sacrificaram a riqueza do país e sacrificaram milhares e milhares de famílias no processo imparável da guerra colonial.

QUE, de resto, ter um império ultramarino era normal nos anos 50, mas não já depois … e aí portugal ficaria isolado mais tarde na comunidade internacional. “Orgulhosamente sós” era o seu lema mas na verdade destinava-se mais a uso interno já que na realidade o país mantinha relações diplomáticas normais com os outros países e com as organizações internacionais como a NATO, o FMI …
RESPONDO: E o discurso de Franco Nogueira a uma assembleia esvaziada da ONU, por exemplo, significava o quê? Há imagens disso em arquivo!!!

QUE em 1974 Portugal mantinha o controlo territorial de todo o Império. RESPONDO: não é verdade nem é prestigiante para Portugal.

QUE no início dos anos 60 o MPLA causa grande “perturbação e alarme” em Luanda. RESPONDO: o MPLA lutou pela independência do povo angolano, desculpem se fez muito barulho por tão pouca coisa…

QUE no tempo de Salazar houve repressão, prisões… como fariam os governos provisórios e o COPCON a seguir ao 25 de Abril de 74. RESPONDO: Eu não sei se Salazar foi “um patriota e um grande português” como diz o senhor Nogueira Pinto, mas que este senhor é um grande mentiroso, é!

9.2.07

esquecer


«Talvez eu viva
o suficiente
para a esquecer.
Talvez morra
a tentá-lo»



«Matar-te é como matar-me a mim mesmo.
Mas, francamente, estou farto de ambos»

(Frases de: A Dama de Xangai - Orson Welles)

3.1.07

Não matarás !


Aquilo a que o mundo assistiu pela televisão, entre o Natal de 2006 e a passagem de ano, à mistura com mensagens de paz e amor e fogo de artifício, o enforcamento de um político - um dos muitos criminosos políticos conhecidos - foi chocante para o conceito que os humanos têem de si próprios.

Mais do que erro político, inoportunidade ou precipitação, para além das circunstancias deploráveis e de um falso justicialismo, foi a brutalidade, a barbárie do "país-modelo" do Ocidente, a hipocrisia cruel dos que se proclamam cristãos. Sim, porque não é por Bush fingir que dormia ou por ter lavado as mãos nas "autoridades" iraquianas, que "o diabo" americano deixa de ser o supremo responsável pelos acontecimentos.

O próprio Papa se perdeu em apreciações ambíguas e políticas, esquecendo a única coisa que lhe competia dizer, invocando a palavra do seu Deus: “Não matarás!”.

Junta-se a autoria-delegada à cumplicidade-disfarçada e o que resulta é o deplorável espectáculo do poder que governa o mundo.
E o patético apoio dos lacaios.

A PROPÓSITO:

Durante o ano de 2006, os EUA executaram 53 prisioneiros. O número de sentenças de morte em 2006 foi de 114, o menor em 30 anos e muito abaixo das quase 300 condenações à morte anuais, na década de 1990.
De: http://penademorte.enaoso.net


PORTUGAL:

Portugal foi pioneiro na abolição da pena de morte e na renúncia à sua execução mesmo antes de abolida.

A última execução de pena de morte por motivo de delitos civis ocorreu em Lagos, em Abril de 1846. No que se refere a crimes militares, a última execução terá ocorrido em França, na pessoa de um soldado do Corpo Expedicionário Português, condenado por espionagem.

No colóquio internacional comemorativo do centenário da abolição da pena de morte, realizado em Coimbra, em 1967, Miguel Torga e Vergílio Ferreira falaram assim:

Miguel Torga:

"A tragédia do homem, cadáver adiado, como lhe chamou Fernando Pessoa, não necessita dum remate extemporâneo no palco. É tensa bastante para dispensar um fim artificial, gizado por magarefes, megalómanos, potentados, racismos e ortodoxias. Por isso, humanos que somos, exijamos de forma inequívoca que seja dado a todos os povos um código de humanidade. Um código que garanta a cada cidadão o direito de morrer a sua própria morte".

Vergílio Ferreira:

"...E acaso o criminoso não poderá ascender à maioridade que não tem? Suprimi-lo é suprimir a possibilidade de que o absoluto conscientemente se instale nele. Suprimi-lo é suprimir o Universo que aí pode instaurar-se, porque se o nosso "eu" fecha um cerco a tudo o que existe, a nossa morte é efectivamente, depois de mortos, a morte do universo".

Recortado de: http://www.pgr.pt/portugues/grupo_soltas/efemerides/morte/indice.htm