23.12.19

Balanço de 2019

No domínio da Informação não só deturpar ou mentir é desinformação ou a contra-informação, também "esquecer", ignorar, censurar.

É sabido que a Humanidade sofre geralmente de amnésia histórica. Mas é muito estranho que jornalistas, analistas e comentadores, convidados nesta altura a nomear figuras e acontecimentos relevantes do ano, não se recordem de nada que tenha ocorrido há mais de dois ou três meses...

A greve dos motoristas de matérias perigosas, em Portugal, o recrudescimento dos distúrbios em França com os Coletes Amarelos e em Espanha com os movimentos independentistas, o Brexit no Reino Unido, os incêndios na Amazónia, o golpe de estado na Bolívia e a tentativa fracassada de invasão da Venezuela, foram acontecimentos históricos importantes no ano de 2019.

A tomada de posse de Jair Bolsonaro, no Brasil, e de Boris Johnson no Reino Unido, a proposta de destituição de Donald Trump, a eleição de Zelensky na Ucrânia e o regresso ao poder de Cristina Kirchner, na Argentina, devido à eleição de Alberto Fernández para a presidência, apresentam nomes com uma importância muito significativa que se destacaram em 2019 pela importância para o futuro dos seus países e da ordem mundial. E como ignorar, abandonar, Assange e Rui Pinto?

16.12.19

E depois do adeus?

Decidido o “Brexit”, para o bem e para o mal, Boris Johnson não resolveu um problema, iniciou-o. E não é um problema, são vários, desde as questões regionais, nomeadamente com a Irlanda e a Escócia(1), as relações económicas internacionais, a questão da dívida pública e a reconversão económica interna.

Há quem considere que o presidente conservador ganhou autoridade para "fazer o que quiser" a partir deste apoio, nomeadamente para fazer acordos com a União Europeia muito diferentes do que deixava antever durante a sua campanha eleitoral, mas a população irá reclamar o prémio dos seus votos.

Aqueles que votaram em Boris Johnson não vão esperar uma dezena de anos, o tempo que o processo de saída poderá demorar, para exigir resultados concretos no âmbito do emprego e do nível de vida. Nem mesmo os cinco anos da legislatura. E destes resultados é que vai depender a sobrevivência política do vencedor destas eleições, por um lado, e o julgamento definitivo da estratégia de retirada da União Europeia.

Maus resultados práticos neste difícil contexto podem mesmo trazer a recuperação do Partido Trabalhista britânico que, apesar duma estrondosa derrota circunstancial (2), não desapareceu como muitos fazem crer, mas ainda conta com 203 dos 650 lugares do parlamento.


(1) Nicole Sturgeon, ministra principal da Escócia e líder do SNP, anunciou já a sua intenção de apresentar nesta semana os planos para a celebração de um novo referendo de independência.

(2) Nós tivemos de acomodar os nossos membros que apoiaram a permanência, mas muitos de nós representamos regiões que votaram para sair. Foi esse o dilema que enfrentámos", afirmou à BBC um dirigente do Partido Trabalhista.

15.12.19

Do preconceito contra os idosos

O preconceito contra as pessoas idosas, ("idaísmo" da palavra inglesa "age", idade), está muito vulgarizado por todo o mundo como se fosse uma coisa natural. Enquanto a luta contra o racismo e o sexismo já ganhou alcance mundial, o mesmo não acontece com esse tipo de comportamento deplorável em relação aos idosos.

Facilmente recruta adeptos e militantes porque há sempre "os outros" com necessidade de arranjar falsos culpados pelo desemprego, pela falta de produtividade, pela dívida pública...

Entre os aderentes há muitos ingénuos que propagam campanhas subtis em forma de estatísticas, etc. Mas o resultado cheira a campos de extermínio sem sede própria, por assim dizer.

Fica o alerta!

8.12.19

Eleições paradoxais no PSD


As eleições directas de Janeiro que irão escolher o futuro presidente do PSD podem ter uma importância que transcende muito a organização interna do partido. 

Se a presidência for entregue a Rio, haverá pesca de eleitores do centro e, assim, paradoxalmente, o PS é prejudicado. 

Se a presidência for entregue a Montenegro, o PSD irá pescar nas águas do CDS e até do Chega, pelo que, nesta medida e também paradoxalmente, haverá menos radicalismo no domínio da direita.

Agora sim, venha o diabo e escolha!

(Foto-montagem original mas livre)

1.12.19

Hermanos y independentes

O El País de 29 de Novembro dava conta de que o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) iria apresentar uma “queixa formal” ao PS português por ter apoiado uma moção, na Assembleia Municipal de Lisboa, contra a “repressão” na Catalunha.

Dir-se-ia que se reacendem os conflitos entre os dois países, com o regresso dos Filipes ao trono de Espanha. Estará isto associado à celebração da nossa independência ocorrida em 1 de Dezembro de  1640?

Aqui está um bom assunto para os comentadores se/nos entreterem, ao que acrescentariam uma reflexão, porventura mais oportuna, sobre a independência em relação à "União" Europeia - arrogantemente chamada Europa.


12.11.19

O que se passa no PEV?

Acabo de ouvir o José Luis Ferreira, dos Verdes, a responder aos jornalistas no contexto das reuniões de António Costa com os partidos de esquerda.

Estou espantado. A sua postura sempre austera, quase desagradável, nas sessões da Assembleia da República, não faziam adivinhar a fluência, articulação e simpatria com que apareceu agora. Será que a Luisa Apolonia, que deixou o parlamento com as últimas eleições, estava a inibi-lo de ser aquele que agora se revela?  Despertou-me a curiosidade para as suas futuras intervenções.

Curiosamente, já a própria Luisa Apolónia me espantou pela leveza e simpatia com que participou num "Gente Que Não Sabe Estar". O que  esta gente deve sofrer na Assembleia.

9.11.19

Sem abrigo nem representação

Os sem-abrigo têm uma outra fragilidade: não dão votos!


8.11.19

Jornalismo cúmplice

«A Presidente de uma pequena cidade na Bolívia foi atacada por manifestantes da oposição, que a arrastaram pelas ruas com os pés descalços, cobriram-na de tinta vermelha e cortaram-lhe os cabelos à força, de acordo com a BBC».
(Recortado em SIC Notícias)  

São as causas e os métodos da chamada oposição a Evo Morales por este ter vencido as eleições recentes na Bolívia. Nada que mereça grande alarme nos noticiários dos nossos canais de televisão, megafones portugueses das oposições mais violentas a progressistas eleitos na América Latina. 

27.10.19

Pai-Natal para daqui a 4 anos

Está-se mesmo a ver que vem aí um contentor de promessas para cumprir "até ao fim da legislatura" e "se as condições económicas o permitirem"!

Não são prendas, são chantagens, ameaças para quem interromper este mandato.




26.10.19

Transportes colectivos pois pois

No dia em que os membros do novo Governo viajaram de autocarro – objecto estranho para muitos deles – do Palácio da Ajuda para o Conselho de Ministros, eu desloquei-me de autocarro desde Coimbrões, em Gaia, para o “Palácio de Cristal”, no Porto. O meu percurso de cerca de três quilómetros demorou  hora e meia, com uma escala obrigatória de mais de uma hora numa paragem do Campo Alegre. Isto numa altura em que não havia trânsito.

O autocarro que fez a segunda parte do meu percurso vinha atulhado a ponto de já não poder receber mais passageiros na paragem seguinte. O transporte dos governantes, esse, prescindiu de um dos autocarros previstos, por desnecessário, e não foi porque alguém ficasse em terra.

É a diferença entre escrever programas de governo ou ter que gramar as suas consequências.


(Foto do JN adaptada)

6.10.19

O X do próximo governo


Maioria absoluta de deputados: 116

116 = PS + X
X = PAN ou PCP ou PSD


O PAN conviria ao PS uma vez que não pretende colocar nenhum elemento seu no Governo nem teria exigências políticas difíceis de satisfazer, seja por falta de ideologia consistente, seja por falta de competência. E, pelo lado do PAN, tal solução dar-lhe-ia um relevo político muito acima do que ele próprio alguma vez imaginou.

Não sendo suficientes os deputados do PAN, o PS poderia tentar alguma espécie de acordo com o PCP. No entanto, tal acordo só interessaria à CDU como forma de impedir um governo PS-PSD. Mas é difícil imaginar os termos de um tal entendimento que não comprometessem seriamente o futuro do PCP... ou o futuro de António Costa!

Uma terceira alternativa seria a formação de um governo com a participação ou o apoio do PSD. A partilha de ministérios, em última instância, além de ser tolerável para António Costa, até poderia agradar a uma parte do PS e a uma parte do PSD, mas seria prejudicial sobretudo para este que concorre com o PS para voltar a ser o partido principal da política portuguesa. Um simples apoio de incidência orçamental, mediante condições negociadas, para evitar a solução PS-CDU, não é de excluir completamente mesmo que seja rompido depois do primeiro orçamento...

O mais provável e o que mais conviria a António Costa, se não tiver maioria absoluta, é conseguir esta maioria com os deputados do PAN e de mais algum que venha de fora do quadro parlamentar anterior.

A expectativa aumenta e o povo não aguenta!

29.9.19

O medo em política


Se “a fé move montanhas”, é algo que nunca se provou. O que está provado é que o medo, esse sim, pode mover montanhas de votos. Foi assim com a queda eleitoral dos partidos de direita que integraram o governo de Passos Coelho. Que este tenha aprendido à sua custa, digamos assim, a importância do medo no processo eleitoral, pretendendo utilizá-lo na ameaça sobre “a vinda do diabo”, não surtiu o efeito pretendido porque encontrou nos cidadãos uma enorme desconfiança – o medo de serem enganados!

O medo da maioria absoluta do PS, o medo do radicalismo do BE, o medo do comunismo do PCP, o medo de perder as reposições de rendimentos, o medo!, é talvez o mecanismo  mais recorrente da estratégia política . Outra coisa é saber geri-lo.

Não há nesta constatação uma censura ao sentimento do medo, muitas vezes legítimo e até prudente, mas há que ter em conta que este sentimento é explorado no discurso político (não mais que na estratégia militar e muito menos que na estratégia religiosa) como instrumento de manipulação sobretudo em contexto eleitoral. Isto é: há que ter medo dos nossos próprios medos assim como duvidar dos exageros da fé. 


28.9.19

Ecologia e socialismo

Tem razão a CDU quando diz que “o capitalismo não é verde”. Os acontecimentos actuais na Amazónia, p.e., o demonstram. Mas isso significa o quê? Que o socialismo é verde? 

O país mais poluidor do mundo é a China... comunista. E a União Soviética não foi um exemplo mais feliz. E o que dizer da tragédia de Chernobil, na União Soviética? Foi mais verde do que o acidente nuclear de Fukushima, no Japão? Não, não é por aí.

Um socialismo utópico talvez seja verde mas disso sabemos tanto como da cor dos marcianos. E afinal o que seria um socialismo verde?  Aqueles que fazem da expressão um lema de propaganda, que respondam.


(Excerto submetido a recomposição gráfica)

22.9.19

As antenas de Rui Pinto

Ouvi dizer que os cabelos eriçados do Rui Pinto seriam antenas com que ele estava permanentemente em contacto com o exterior, recebendo e enviando informações. Mas é possível que se trate apenas de especulação. Quando o vir aqui por Gaia vou-lhe perguntar.



Mas o que eu queria mesmo saber era  por que ele está  a ser tão incriminado e as entidades que ele acusa estão a ser tão poupadas. 

Haverá aqui alguma intenção que deva ser investigada? Não acredito...
O que eu acredito é que os cabelos do rapaz são fibras capilares - e são mesmo.

16.9.19

Venezuela na mira

A vaga de informação lançada há um ano sobre o êxodo em massa de venezuelanos, que estariam a fugir “da fome e da ditadura de Nicolás Maduro”, foi uma campanha de desestabilização organizada e inserida no processo de guerra híbrida comandada pelos Estados Unidos, confirmam agora dados divulgados pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

(Estes dados) vêm comprovar a falsidade da campanha. As estatísticas oficiais, relativas a 31 de Dezembro de 2018, revelam a existência de 341 800 refugiados venezuelanos, muitos dos quais já regressaram ao país ao constatarem o logro em que caíram depois de terem sido aliciados por promessas que não se cumpriram.

Excerto de um artigo publicado em O Lado Oculto

10.9.19

Interpretando o museu

Chame-se Museu Salazar ou Centro Interpretativo blá blá, não é por chamar gato ao cão que este começa a miar. O projecto não podia ser menos oportuno.

Tratando-se de "apenas e só fazer um levantamento científico e histórico de um regime político, enquanto acontecimento factual", onde cabe a designação de centro interpretativo?

Um dos argumentos que se lançam a favor da iniciativa é o valor da “imparcialidade”. Cumpre prevenir os incautos de que a justiça não é imparcial quando condena um criminoso mas sim quando o julga. Reconhecido o crime, a sociedade deixa de tolerar o infractor. E o crime hediondo que constituiu o regime do Estado Novo foi julgado e condenado em 25 de Abril de 1974. E não é reabilitável! Isto sem acrescentar que é prudente, sempre, pensar duas vezes antes de aceitar declarações de imparcialidade!

Das mesmas bandas intelectuais dos defensores do museu de Salazar – ou é só razões turísticas que pretendem criá-lo na terra do ditador? – emana o argumento de que a sua obstrução seria contrária à liberdade de expressão. Aqui fingem ignorar que o maior inimigo das liberdades é o abuso. E que esses abusos perigosos para a sociedade não podem evitar-se apenas com as leis democráticas mas carecem também de práticas democráticas, nomeadamente a oposição aos avanços ideológicos fascizantes.

Há quem alegue que “a Democracia não pode ter medo dos autoritarismos e totalitarismos que procura atacar, nem dos seus eventuais defensores”. Mas  é precisamente dos autoritarismos e totalitarismos que a Democracia deve ter medo – esse medo-útil que avisa dos perigos!


Pior que tudo, há quem finja que as correntes fascizantes não têm eco na opinião pública. Como se as Marine Le Pen da Europa ou os Bolsonaros da América do Sul fossem fenómenos insignificantes – refiro-me aos votos que os elegeram, mais do que a eles próprios. 

25.8.19

Bolsonaro e o fogo

Quando Jair Bolsonaro se tornou Presidente do Brasil, muitos como eu recearam que isso se tornasse num inferno para o país irmão, mas ninguém terá imaginado que a confirmação  fosse tão literal...




11.8.19

"Que fazer" com esta greve?

A greve de camionistas marcada para 12 de Agosto em diante parece ser um episódio típico da luta de classes na perspectiva marxista. Será assim que a entendem os marxistas mais representativos entre nós?

Comecemos por analisar a posição do PCP. Transcrevo dois parágrafos significativos recolhidos na secção de Opinião do jornal oficial do partido, o Avante, de 8 de Agosto.

«A legislação para o sector (aprovada por PS/PSD/CDS) legitima formas de organização do trabalho com impactos brutais na vida dos motoristas, que passam demasiado tempo longe de casa em condições muitas vezes deploráveis e ainda fazem cargas, descargas, segurança e manutenção dos veículos, muitas vezes fora do horário de trabalho».

«O que se impõe? Que o Governo cumpra e faça cumprir as leis que defendem os trabalhadores. Que a associação patronal aumente os salários e concretize uma mais justa organização do tempo de trabalho, repercutindo os custos nos seus lucros e nos dos seus clientes. Que se eliminem os bloqueios à negociação e contratação colectiva. Que a lei deixe de tratar o motorista como uma mera peça da maquinaria necessária ao transporte de mercadorias. Que se combatam aqueles que usam as justas reivindicações dos motoristas, seja para se promoverem, para alimentar projectos políticos reaccionários ou para atacar o direito à greve».

A posição do BE aparece assim no esquerda.net de 9 de Agosto 

A coordenadora do Bloco (Catarina Martins)  fez um apelo à serenidade de todas as partes, que considerou muito crispadas: "quando ouço as várias partes, parece que toda a gente está à procura de uma crise, em vez de uma solução". Há um problema real que é preciso resolver, afirmou: muitos motoristas recebem remuneração à parte do salário, sem descontos, o que é mau para a Segurança Social e mau para os motoristas, "que não vão ter a reforma a que devem ter direito". O essencial, prosseguiu, é conseguir um novo contrato coletivo de trabalho, que garanta um salário digno aos motoristas com os devidos descontos à Segurança Social, de forma a proteger a sua carreira contributiva e reforma.

É manifesto que o PCP aposta na luta de classes e que o BE aposta na serenidade contra as posições “muito crispadas” das “várias partes” envolvidas.

Como Karl Marx já morreu e Arnaldo de Matos também, resta-nos ler o que ambos disseram sobre esta temática... e fazer o que nos aconselhou o ministro Pedro Nuno Santos: encher o frigorífico e o depósito de gasolina “na medida das nossas possibilidades”.

A imagem acima reporta a greve dos motoristas de matérias perigosas, de 15 de Abril p. p., por tempo indeterminado...
(recolhida do Notícias de Aveiro)

2.8.19

Não são familiares...

Donde se prova que não são as relações familiares que...

21.6.19

A Justiça e as novas tecnologias

As escutas ilegais de comunicações que revelam a prática de crimes podem ser usadas como prova em tribunal?

Esta é uma questão nova, para a Justiça. De Assange a Snowden, de Rui Pinto a Sérgio Moro, a Justiça confronta-se com uma realidade nova para os seus juízos, trazida pelas novas tecnologias. Para já, são mais as dúvidas do que as certezas. Se a polémica tende a ser resolvida de forma diferente conforme o quadro jurídico de cada país, ela tende a ser manipulada, por outro lado,  em função dos interesses dos acusadores e dos acusados.

Os argumentos abrangem a questão da autenticidade das mensagens, da legitimidade do seu uso e da extensão dessa eventual legitimidade: para a defesa, para a acusação ou para ambas?

É neste contexto que ocorre a revelação de escutas telefónicas que comprometem o juiz brasileiro que mandou Lula da Silva para a prisão e fez, desse juiz, ministro de Jair Bolsonaro. Os juristas debatem formalmente o assunto à sua maneira. Os contentores políticos e seus apoiantes debatem à sua.

Entretanto rebenta mais um escândalo por via tecnológica na Venezuela:
a equipa de Juan Guaidó, auto denominado “presidente interino” é suspeita do desvio de recursos destinados a ajuda humanitária e do pagamento de hotéis de ex-militares desertores da Força Armada Nacional Bolivariana. 

O escândalo foi revelado em 15 de Junho pelo site espanhol PanAm Post e vem citado em “O Lado Oculto”




17.6.19

Teses alternativas sobre ecologia

Excerto de um texto de Daniel Vaz de Carvalho
publicado em resistir.info


Fala-se de gases de efeito de estufa como responsáveis pelas alterações climáticas. A primeira falácia é reduzirem-se estes ao CO2. Outro aspeto não explicado – na realidade escamoteado – é que tendo aumentado a concentração de CO2 na atmosfera desde os finais do século XVIII, se registaram períodos frios ao longo deste tempo, designadamente nos anos 40 do século passado. Ou se quisermos recuar, também não é explicável pela concentração de CO2 a existência de períodos quentes no passado, como o que levou no século IX e X os vikings a instalarem-se na Gronelândia (a Terra Verde).

Ora os gases de efeito de estufa relevantes são o CO2, o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Com a agravante de o CO2 ser essencial para a existência de vida na Terra, enquanto os demais são tóxicos, poluentes e agressivos. Do ponto de vista do efeito de estufa o metano tem um potencial 60 vezes superior ao do dióxido de carbono e o óxido nitroso quase 300 vezes superior.

A agricultura industrial é responsável por 25% das emissões de CO2, 60% de metano e 70 a 80% do óxido nitroso, além disto a questão do CO2 foi centrada nos automóveis ligeiros. O que não passa de uma farsa, ignorando, por exemplo, os cerca de 13 milhões de veículos pesados que circulam pelas estradas da Europa, graças ao sacrossanto comércio livre.

Há dezenas de milhões de veículos pesados, milhares de navios e aviões que diariamente viajam por todo o mundo, em resultado sobretudo da globalização neoliberal, mas que não são considerados.

Os grandes porta-contentores queimam cada um 10 mil toneladas de combustível para uma viagem e regresso entre a Ásia e a Europa. A frota de cargueiros, petroleiros e outros navios atinge cerca de 100 mil unidades, percorrendo os mares. A que se somam as frotas de pesca e recreio. Só em França há mais de 5 mil iates com mais de 60 metros, que queimam cerca de 900 litros de combustível por hora. [*]

Os automóveis elétricos não passam de uma falácia em termos ambientais, fortemente subsidiada pelos Estados. Os seus componentes são altamente consumidores de recursos e intensos agentes poluidores, designadamente as baterias com a sua produção, relativa curta duração e reciclagem.

Os biocombustíveis – domínio das transnacionais – implicam a desflorestação, e a utilização intensa de fertilizantes químicos (emissores de N2O), além de promoverem o êxodo rural, destruição da agricultura familiar sustentável e fator de encarecimento dos bens alimentares básicos.
  
As energias renováveis, privatizadas e subsidiadas pelo Estado, têm sido um rendoso negócio para as camadas oligárquicas.

[*] Carros elétricos assunto de reflexão, groups.google.com/forum/#!topic/tertulia-das-tercas/R7q1fiPYj-M



9.6.19

Brasil resiste

Luta cresce no Brasil a caminho da greve geral

Perto de dois milhões de pessoas saíram às ruas de mais de 200 cidades do Brasil, a 30 de Maio, em protesto contra os cortes na Educação e a reforma da Segurança Social.
Dia 14 há greve geral.

Em Portugal ninguém fala disto! Com a ida de Jorge Jesus para lá, não sobra espaço noticioso, claro. Ainda se fosse na Venezuela... 

Encontrei AQUI 

27.5.19

As fotos de Nuno Melo

Esta é a figura que faria Nuno Melo se Pedro Marques gostasse de brincar às fotografias

24.5.19

O farol da União Europeia

No princípio deste mês de Maio, Gérard Araud, embaixador cessante de França nos Estados Unidos, afirmava: Israel é um Estado que pratica o apartheid; e a União Europeia é cúmplice dessa situação aviltante para os direitos humanos agindo como um súbdito dos Estados Unidos e da política terrorista de Israel.

Não é o único diplomata de Estados membros da União que pensa assim. E daí? O que faz a sagrada organização? O que fazem os seus respeitáveis 28 governos?

A colonização da Cisjordânia está prestes a transformar-se em anexação e a União Europeia, proclamando-se "farol da democracia", não projecta um raio de luz, um alerta, para impedir que tal aconteça.

E depois admiram-se...

ADENDA HISTÓRICA
Os Territórios Palestinianos compreendem três regiões não contíguas - a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. Após a extinção do Mandato Britânico da Palestina, esses territórios foram capturados e ocupados pela Jordânia e pelo Egito durante a Guerra árabe-israelense de 1948. Durante a Guerra dos seis dias (1967), foram ocupados por Israel.


24.4.19

Israel é uma democracia?

Quando os criminosos são “os nossos” criminosos, não há crime. E não serve de nada que dezenas de organizações portuguesas subscrevam o seu protesto. Silêncio!

As estações de televisão, que nos hipnotizam constante e obsessivamente com futebol e discussões infantiloides sobre o mesmo, não têm espaço para debater ou sequer noticiar os guantánamos deste mundo que, no caso, ocorrem em Israel de Netanyahu. Entre as redes das balisas e as grades das prisões, o jornalismo "independente, pluralista e democrático" faz as suas escolhas.

Em Fevereiro de 2019, havia nas cadeias israelitas 5440 presos políticos palestinos, incluindo 493 a cumprir sentenças de mais de 20 anos de prisão e 540 condenados a prisão perpétua.

A detenção administrativa, sem julgamento nem acusação, permite ao exército israelita deter uma pessoa por um período de até 6 meses, renovável indefinidamente. Neste momento estão em detenção administrativa 497 palestinos, incluindo 3 deputados. A tortura é prática corrente.
O crime? O crime é resistirem à ilegal ocupação israelita e por lutarem pela dignidade e liberdade do seu povo.

Neste caso ninguém pergunta se aquilo é uma democracia...!

Ver mais AQUI

21.4.19

O destino das esquerdas oportunistas

Sobre as eleições de 2019 que renovaram e reforçaram o poder de Netanyahu em Israel, ou sobre as derivas oportunistas em movimentos de esquerda, recomendo a leitura na íntegra de um artigo de Alexandra Lucas Coelho [AQUI] de que transcrevo o seguinte excerto.

“Estas eleições, e a diminuição do poder tanto dos Trabalhistas como do Meretz na política israelita, mostram que a estratégia da esquerda sionista, de ajustes superficiais em vez de mudanças radicais, se virou contra ela mesma. A incapacidade dos partidos sionistas de esquerda de lidarem não só com os seus falhanços mas com a ideologia que desalojou milhões de palestinianos, os transformou em refugiados, e expropriou as suas terras, significa que eles nunca vão transcender as suas contradições originais. Enquanto não decidir se tem mais medo de formar uma aliança real com os palestinianos ou com aqueles que querem desapossar os palestinianos, a esquerda sionista continuará a mirrar na sua própria irrelevância.”

17.4.19

Liberdade de manipulação

"Libertem os recursos [da Venezuela] sequestrados na Europa. Peço ao Governo de Portugal que desbloqueie os 1,7 mil milhões de dólares [cerca de 1,5 mil milhões de euros] que nos roubaram, que nos tiraram. Com isso [os fundos retidos em Portugal] compraríamos todos os medicamentos (...) sobrariam medicamentos e alimentos na Venezuela. Eu faço um apelo ao Governo de Portugal: desbloqueie esses recursos. Porque nos tiram este dinheiro? É nosso"

São palavras de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela.

Qualquer semelhança entre este texto e o título que lhe dá a publicação   [VER]   é pura especulação jornalística - um certo conceito de liberdade de expressão...
 

23.3.19

Ser ou não ser
uma democracia

«O PCP defende uma democracia avançada tendo em conta os valores de Abril, sem perder a perspectiva da construção do socialismo», cita Jerónimo de Sousa sem perder de vista satisfazer "revisionistas" e revolucionários. É compreensível.

Polígrafo - Porque é que tem tanta dificuldade em admitir que não há uma democracia na Coreia do Norte?
Jerónimo de Sousa - O problema não é esse. O que é a democracia? Primeiro tínhamos de discutir o que é a democracia.

Aqui fica a minha reflexão

Para os comunistas, democracia é sobretudo igualdade social, isto é, abolição das classes antagónicas inerentes às sociedades capitalistas. É neste sentido que desdenham dos regimes e partidos social-democratas.

Para os social-democratas, por seu lado, democracia é um regime estruturado na base do pluralismo partidário, da separação de poderes (legislativo, executivo e judicial) e do liberalismo económico.

Assim como acontece com o conceito de democracia, também o conceito de liberdade concorre para identificar um regime e o outro. Quanto a este, porém, e ao contrário do que parece, as diferenças são menos radicais já que ambos restringem as liberdades àquelas que preservam os respectivos regimes.

Em todo o caso, é indisfarçável que comparar as liberdades nestes diferentes regimes é como comparar as liberdades de um prisioneiro com as liberdades de um cidadão comum – sabendo-se que também os presos têm direitos e liberdades.

O pecado original do comunismo enquanto regime é manter na sua doutrina aqueles conceitos e métodos revolucionários que fizeram sentido quando se tratava ou trata de derrubar ditaduras de direita.

Também o conceito de ditadura, a propósito, marca um aspecto distintivo dos regimes: a experiência revela que as ditaduras de direita agravam sempre as desigualdades sociais enquanto as ditaduras de esquerda confrontam essas desigualdades. Que ambas favoreçam a corrupção é outra questão.

Vemos pois como é o princípio da igualdade social que distingue essencialmente os dois conceitos de sociedade, seja no domínio das liberdades, seja no domínio dos poderes.

19.3.19

Bombardeamento... noticioso

Não houve qualquer ataque químico em Duma, na Síria, 
no dia 7 de Abril de 2018.

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ/OPCW) investigou o local, não detectou vestígios de substâncias tóxicas nem conseguiu contar os mortos, "se é que os houve". As imagens foram encenadas, como têm vindo a denunciar numerosos jornalistas que respeitam a ética da profissão. 

Esse suposto "ataque", recorda-se, levou os Estados Unidos, a França e o Reino Unido a bombardearem a Síria uma semana depois. No entanto, a informação dominante que intoxicou o mundo com as imagens falsas não restaura agora a verdade nem sequer dá relevo ao relatório da OPAQ.

Ver mais em https://www.oladooculto.com/

14.3.19

Vale tudo contra a Venezuela

A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros tem em seu poder, há nove meses, cartas de observadores internacionais das últimas eleições presidenciais venezuelanas invalidando toda a argumentação de Bruxelas e de governos de Estados membros sobre a suposta falta de legitimidade da consulta popular.


As posições europeias contra o governo de Caracas “têm apenas motivações políticas, porque não podem ser suportadas por alegadas incorrecções eleitorais, que não existiram”, afirma-se no próprio departamento chefiado pela italiana Federica Mogherini.


Fonte: O LADO OCULTO

6.3.19

A mensagem de Osíris no Telemóvel

Set assassinou o seu irmão Osíris e usurpou-lhe o seu trono. Entretanto a esposa de Osíris, Ísis, reconstituiu o corpo da vítima ... e  tal.


Se Osíris representa a Palestina, Set representa Israel e o trono representa o território palestiniano, a metáfora está perfeita, a mensagem é genial. Mas se a canção “Telemóvel” que um tal Osíris leva ao Festival da Canção, na Palestina, é apenas um chorrilho de disparates gerados numa noite de bebedeira, parta o telemóvel de uma vez e, a seguir, entregue-se à fúria de Set.

27.2.19

A ONU de Guterres



Um homem vai, na sua inocência, à página da ONU em busca de informação sobre a reunião da véspera no Concelho de Segurança, por exemplo, e  fica na dúvida se é o sítio das Nações Unidas ou o sítio de António Guterres...  EXPERIMENTE!

25.2.19

Guaidó nem temido nem amado

Agora que a montanha da oposição contra o regime venezuelano pariu “una rata”, Guaido e EUA dizem “equacionar todas as possibilidades” para retomar a ofensiva golpista.

Com esta retórica pretendem  fazer-nos pensar na possibilidade de uma intervenção militar, leia-se invasão estrangeira – é o argumento do terror. Mas não será irrealista pensar que  “todas as possibilidades” de que ele fala, inclui a redução destes golpistas à condição de Capriles Radonski, Júlio Borges e Leopoldo López que já anteriormente apostaram nos métodos violentos de oposição. 

Maquiavel perguntava se era preferível, para um governante, ser amado ou temido. Ora parece que na Venezuela o regime e a oposição, mesmo que considerada em conjunto, se equivalem em matéria de amor. Já em matéria de temor deveria a oposição avaliar melhor até onde pode ir.


Agora Juan Guaidó refugia-se no Grupo de Lima, as correntes mais reaccionárias da América do Sul acorrentadas, por sua vez, à direcção norte-americana. É um sinal mais de que não conta com apoio interno para as suas pretensões: nem militar nem popular. Dentro do país, portanto, Guaidó não é temido de todo nem amado o suficiente.  


24.2.19

A invasão dos porcos

La ayuda humanitaria es una trampa cazabobos, un show malo y fracasado – disse Maduro.


Da Ajuda Humanitária à Baía dos Porcos

Ao reflectir sobre esta operação de "Ajuda Humanitária" a gente não pode deixar de se lembrar da invasão da Baía dos Porcos (1)

Em Abril de 1961, um grupo paramilitar de cubanos exilados nos Estados Unidos da América (2) executa uma tentativa de invadir o sul de Cuba para derrubar o governo socialista e assassinar Fidel Castro.

Tal como acaba de acontecer com a tentativa de invasão da Venezuela para derrubar Nicolas Maduro, o golpe de 61 fracassou e as forças comandadas pelos EUA retiraram, então como agora, invadidas por uma tremenda humilhação.

Agora como então, o chefe do governo atacado bem pode declarar vitória sobre o imperialismo americano e cuspir na cara do presidente da Colômbia, do excitado presidente do Chile, Sebastián Piñera, e de muitos jornalistas de aquém-e-além-mar que continuarão a espumar de raiva disfarçada de indignação.

Mas se Guaido não vai aprender nada com esta experiência humilhante, devido à sua arrogância e às suas ambições pessoais, Nicolas Maduro pode e deve aproveitar para reavaliar o seu estilo de comunicação, os seus métodos de gestão política e sobretudo a sua estratégia económica.

(1) Conhecida em Cuba como La Batalla de Girón)
(2) Chamado Brigada de Assalto 2506

9.2.19

O Cavalo de Tróia na Venezuela

Estados Unidos da América e União Europeia, com uma suspeita autoridade moral, alertam contra o caracter desumano de Nicolas Maduro ao rejeitar a "ajuda humanitária" que querem fazer entrar na Venezuela e que é composta de alimentos, medicamentos (e armamentos).

E a gente lembra-se do "generoso" embargo contra Cuba por parte dos EUA, do "pacífico" episódio da Baía dos Porcos e até do lendário Cavalo de Tróia.

27.1.19

Negócios de jornais

Hoje, mais do que nunca talvez, os jornais são jornais de negócios. Mas o "Jornal de Negócios" por vezes exagera. É o caso da sua “notícia” segundo a qual “Maduro tentou retirar mil milhões em ouro do banco de Inglaterra"!

O jornal dos grandes negociantes mente e insulta despudoradamente.

Qualquer depositante retira os seus depósitos de um banco que deixa de dar garantias de solvência.

A operação era legítima e conveniente para e economia venezuelana e não para Maduro! Com a sua recusa em pagar, a Inglaterra está a roubar um depositante que confiou nela e que é um país soberano.

Depois, dizer que o regime venezuelano “levou uma nega”, é de uma baixeza que conspurca o jornalista e o jornal.

Lembra bem um articulista, em resistir.info, ao referir que «o ataque à Venezuela no plano financeiro segue o roteiro praticado na Ucrânia, onde em 2014 – após o golpe de estado do Maidan – os EUA roubaram secretamente 40 toneladas de ouro do Banco Central da Ucrânia».

Papa Marcelo

18.1.19

Passos Coelho agradece


Montenegro acaba imolar-se em sacrifício a Passos Coelho. Sem este ter que  sujeitar-se a uma derrota pessoal, ficou a saber que o PSD não apoiaria o reaparecimento do “passismo” nesta oportunidade.

A estratégia de Montenegro não era esta, obviamente, mas sim ensombrar a figura de Rui Rio, porém até este beneficiou do sacrifício involuntário do seu opositor interno. Falta apenas saber quem mais se poupou ao empurrar Luís para o precipício, mas não é difícil imaginar se é que isso interessa a alguém além dele.


"Estou convencido que nada vai ficar como dantes", disse agora o antigo líder parlamentar do PSD na Assembleia da República, do tempo do governo de Passos Coelho. Se “dantes” se refere àquele tempo, esperemos que tenha razão!

6.1.19

Obviamente...

A Liberdade de Expressão não se defende com a promoção de figuras que representam os valores do nazi-fascismo.