30.11.08

Melancolia

No dia seguinte...

nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
de um futuro sem caminho.

Além disso, chovia.

26.11.08

Congresso faz-de-conta

Proposta ao XVIII Congresso do PCP

Porque será que as Teses que serão aprovadas no congresso do PCP do próximo fim de semana, não excitam os jornais nem os blogues, incluindo aqueles onde os militantes do PCP vertem os seus pensamentos?

Nota-se em alguns destes a preocupação de divulgar as teses “propostas” pela direcção do partido, quando muito, mas não fazem mais do que recopiar os respectivos textos. Não há um comentário à “proposta”, uma opinião divergente ou alternativa ou complementar...

Qualquer coisa me diz que assim correram as “mais de 800 reuniões e plenários de organismos e organizações” onde terão sido analisadas e debatidas (?) as teses que formam o “projecto” de Resolução Política a ser aprovado no congresso.

Diz a direcção, por exemplo, que « O debate preparatório da primeira fase confirmou que o Programa e os Estatutos do Partido em vigor mantêm no essencial actualidade e validade, pelo que decide não apresentar propostas de alteração a estes documentos». Se assim foi ou não o que aconteceu nas “800 reuniões e plenários”, não há meio de saber. Mas nem isso contraria a razão da proposta que aqui trago:

Não seria melhor fazerem uma sardinhada na Alameda?

Já não é tempo de sardinhas? Ora, e é tempo de congressos-comício? Faz-se de-conta!

25.11.08

Polícia à Portuguesa

"Ficámos a saber que há polícias que passam fome: homens e mulheres com uma vida familiar destruturada, parte significativa sofrendo problemas, mais ou menos graves, de saúde geral ou até de foro psicológico, consequência da dura profissão que escolheram".

São declarações dos ex-jornalistas Fernando e de Mário Contumélias, autores do livro Polícia à Portuguesa, segundo um artigo do DN reproduzido no blogue
VIDA DE POLÍCIA.

"A conclusão é clara: a maioria dos polícias está arrependida da opção profissional que seguiu.

As razões? Falta de condições de trabalho numa actividade que é, obviamente, de risco".

Além do mais, "os polícias queixam-se de falta de transparência e rigor na avaliação profissional".

Será mais um caso de "interesses corporativos" querendo sobrepor-se aos interesses... do povo que votou no PS?

O que é preciso acontecer para que haja vergonha no Poder?

Ok, já percebi: o Poder é uma mera abstracção. É assim como Povo...

22.11.08

Liberdade de desinformação


Título da notícia:
Três pessoas detidas por fazerem graffitis racistas contra Obama

Lide da notícia:
A polícia de Nova Iorque prendeu três pessoas acusadas de pintar 40 carros com graffitis racistas, incluindo mensagens contra o recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Barack Obama»

Corpo da notícia:
O ‘ataque’ aos carros aconteceu no passado dia 13 em Mastic, Long Island, poucos dias depois de um imigrante equatoriano ter sido morto à facada em confrontos que envolveram sete adolescentes em Patchougue, cerca de 16 quilómetros de onde foram feitos os graffitis.

Numa das mensagens podia ler-se «Matem Obama».

Os suspeitos, todos residentes em Shirley, foram acusados nesta sexta-feira por vandalizarem bens alheios e promoverem mensagens racistas. Foram libertados enquanto esperam por ser ouvidos em tribunal.
(SOL com agências)


Digo eu:
Se isto é informar, o que é desinformar? Este Sol não se aguenta - queima! O incitamento à violência e, por força de razão, ao assassínio e, por reforço da razão, ao assassínio do presidente da república, é crime em qualquer país civilizado. Tão grave, pelo menos, como incitar à morte do autor deste artigo.


Título sério:
Pessoas detidas por incitarem à morte de Obama.

19.11.08

PSD na lama


Na Madeira, o governo regional, o seu presidente e o PSD local são acusados de comportamentos nazi-fascistas, pelo deputado José Manuel Coelho. No Abrupto, Pacheco Pereira recupera umas páginas de anúncios de imprensa de 1948 para dizer que os espectáculos daquele tempo enchiam as salas e “pelos vistos” davam lucro, isto é, naquele tempo é que era bom!... E Manuela Ferreira Leite DIZ que é preciso suspender a democracia para se poderem fazer as reformas... de que ela gostaria.

Já que vamos por este caminho, eu junto a minha voz para acrescentar que nem no tempo “da outra senhora” – por acaso um senhor - se foi tão obvio.

E os social-democratas sinceros do PSD vão deixar o seu partido afundar-se neste lamaçal?

16.11.08

Governos mordem

Não importa que a divergência com o Governo reuna mil, dez mil, cem mil, um milhão de cidadãos; não importa analisar a substância concreta das medidas e das críticas; não importa que a contestação venha dos que estão mais habilitados a avaliar essas políticas e são directamente atingidos por elas – os governos mordem nas mãos que lhe deram o poder. Uma vez investido de autoridade, o Governo considera-se dispensado de representar o Povo.

O paleio sobre os interesses egoistas das corporações que pretende desautorizar as críticas, combates e reivindicações levados a cabo pelos profissionais de sectores atingidos pelas políticas do Governo, é apenas um instrumento comunicacional daquele autoritarismo. Não há governo autoritário sem “jornalismo” autoritarista.. O povo é estúpido e egoista; o ministro é que sabe – magister dixit.

Este centralismo da autoridade não é uma deficiência exclusiva da democracia “representativa”, eu sei; mas então que tenham a coragem, como outros, de chamar ao regime, ditadura. E tendo em conta os interesses que servem, podem chamar-lhe «ditadura do privilegiado»!

15.11.08

Gustavo Dudamel



O maestro venezuelano Gustavo Dudamel é, desde 1999, Director Musical da Orquestra Juvenil Simón Bolívar. (Mais tarde), assumiu também as funções de Director Musical da Orquestra Sinfónica Juvenil dos Países Andinos (Colômbia, Equador, Perú e Venezuela).

Como Director Musical da Orquestra Juvenil Simón Bolívar, dirige cerca de sessenta concertos por temporada. O programa orquestral juvenil na Venezuela, admirado pela sua contribuição social para os jovens venezuelanos e latino-americanos, celebrou o seu 30º. aniversário em 2005, desenvolvendo um projecto musical e social que beneficiou mais de 250.000 jovens venezuelanos que iniciaram a sua instrução musical aos três anos de idade.


Assim se referia, no SITE da Fundação Gulbenkian.

Por sua vez, mais recentemente, leu-se no EL PAIS:

En 1975 José Antonio Abreu creó el Sistema de Orquestas Juveniles de Venezuela con el convencimiento de que es posible rescatar una sociedad a través de la música, como lo recuerda su actual director Marco Pitralli (The Economist, 25-31/08/2007). 32 años después acaban de inaugurar una nueva sede para 2.000 jóvenes en una zona deprimida de Caracas. Costó 27 millones de dólares y cuenta con una sala de conciertos de 1.110 asientos y 90 salones de clase. El programa, pese a problemas de toda índole, ya cuenta con 75 centros en un país con escasamente un poco más de la mitad de los habitantes que tiene Colombia, cada uno con al menos una orquesta de jóvenes.

Cerca de 250.000, el 80% proveniente de sectores pobres, reciben enseñanza musical gratuita y también pueden aprender a elaborar instrumentos. Su más destacado egresado, Gustavo Dudamel, de 24 años, es ya internacionalmente reconocido como un excepcional director de orquesta, actualmente está dirigiendo en Europa y próximamente irá a conducir la de los Angeles.


Este é um artigo de Benjamín Barney Caldas (El Pais), de Janeiro de 2008. Na verdade, a programação de Dudamal para Janeiro de 2009 é interminável, sobretudo nos EUA mas também no Japão e outros.

11.11.08

Salvar a face

O ponto a que se chegou no confronto entre os professores e a Ministra da Educação, não deixa margem para dúvidas de que esta, não querendo quebrar, por razões políticas, terá que torcer.

Para salvar a face, nestas condições, não se vislumbra outra atitude que não seja, reafirmando a decisão de proceder ás reformas do ensino e à avaliação dos professores, como se essa fosse a questão!, apresentar uma alternativa aos critérios de avaliação, salvaguardando que os professores já avaliados pelo critério em curso beneficiarão da classificação mais favorável na comparação entre ambos. Digo eu...

7.11.08

Denúncias na Colômbia










Depois de terem sido declarados como mortos "em combates com o exército”, apareceram em valas comuns no nordeste da Colômbia, os cadáveres de onze homens oriundos de Soacha. Nada de inédito no país de Uribe, mas desta vez o escândalo extravasou.

A evidência da denúncia desenvolvida em Agosto e Setembro obrigou ao afastamento de 27 militares, em 29 de Outubro. Entre estes, três generais foram acusados de negligência em procedimentos castrenses que contribuiram para as ocorrências denunciadas. Depois disto, o comandante do Exército, general Mario Montoya, renunciou ao cargo que vinha desempenhando.

Tentando distaciar-se destes e outros crimes da mesma natureza, o presidente Uribe anunciou uma medida destinada – diz ele – a combater estas práticas:

"A partir de hoy en cada división, brigada, batallón del ejército, en cada región y comando de policía habrá un oficial... cuya tarea será recibir quejas de los ciudadanos sobre posibles abusos en las fuerzas armadas". Mais disse que tais abusos seriam publicamente denunciados na Televisão.

Por sua vez, o seu Mandatário declarou: "Vamos a llamar a Naciones Unidas para que ejerza una supervisión sobre este procedimiento... creemos que manejar estos temas en público, de cara a la opinión publica y con toda la apertura a la participación ciudadana, es altamente conveniente".

Não se percebe nem o Mandatário esclareceu como é que a delegação local da ONU concretizaria tal procedimento. Não se percebe como é que um regime tão acarinhado pela comunidade internacional relativamente à oposição das FARC, precisa de uma autorização especial, excepcional, para que a sua Televisão possa denunciar os crimes do Estado.


Não se percebe ao que vem este aliciamento à denúncia através das instituições do próprio Estado, sabido que é exactamente por denunciarem esses abusos contra os direitos humanos, que muitos têm sido perseguidos e assassinados. A menos que a intenção seja criar um processo expedito de identificar os que denunciam as atrocidades para os perseguir. Nada que não tenha sido experimentado em outros lugares – incluindo o Portugal de Salazar.

Quem poderia dizer uma palavrinha era Ingrid Betancourt, mas anda tão ocupada a combater a oposição...

2.11.08

As verdades do cacimbo

Quando vejo nos livros ou na Televisão os trabalhos de informação histórica sobre a guerra colonial portuguesa, fico espantado com a quantidade de coisas que eu desconheço acerca de uma guerra em que vivi durante dois anos. Mas quando leio os textos de Manuel Bastos, também ele ex-combatente, nada me parece estranho.


Eu ia lendo os seus contos no seu blogue e, de cada vez que lia, pensava: isto tem que ser publicado em livro. Cheguei a manifestar-lhe esta opinião, em comentário. Ele nunca respondeu a esta sugestão óbvia e isso fez-me pensar que já houvesse publicações que eu desconhecesse. Não sei se havia; sei que agora o Manuel Bastos vai lançar um livro onde decerto serão inseridos alguns ou todos os belos textos que foi vertendo para o seu blogue cacimbo.blogspot.com

Como homem do meu povo, como jovem dos anos 70, mais do que o "ex-combatente" que me fizeram à força - nos fizeram! -, apetece-me participar no lançamento. Será no dia 15 /Nov / 08 às 16 horas, na Casa Municipal da Cultura - R. Pedro Monteiro em Coimbra.

Entretanto, em jeito de homenagem e em forma de amostragem, recortei do seu blogue, arbitrariamente, esta passagem a meio de um post:


«Os consumidores de emoções rápidas aprendem a não penetrar na essência das coisas; entendem das coisas apenas o que o olhar apreende; fazem com toda a informação o que fazem com a comida, mastigada à pressa entre duas tarefas urgentes e inadiáveis, dado que toda a fast-food é apenas para defecar. Não poderão entender as emoções envolvidas numa frase assim, aparentemente banal, "Vai socorrer o Lemos", dita entre a vida e a morte, entre a coragem e o medo, entre o instinto primário de sobrevivência e o altruísmo, entre o cumprimento do dever e o sentido crítico. Não poderão entender que um acto que envolva risco para quem o pratica só merece ser considerado corajoso se não for gratuito ou exibicionista, e se for consciente; isto é, é preciso sentir medo para se ser corajoso».

1.11.08

Obrigado, avô.

À urna, pela República

Não perca tempo à procura deste assunto no SITE da Presidência da República. Não vem lá. E teria que vir? Afinal já foi há cem anos... !


A CML remete o assunto para a sua Agenda ( agendalx.pt, secção Festivais)de onde transcrevo:

«Para evocar a vitória do Partido Republicano Português nas eleições municipais de Lisboa de 1 de Novembro de 1908, que transformou a cidade numa das primeiras capitais republicanas da Europa, tendo sido um dos eventos que marcou o caminho para a instauração da República a nível nacional, a Câmara Municipal de Lisboa (CML), através da Direcção Municipal de Cultura, promove um conjunto de eventos para comemorar o Centenário da Primeira Vereação Republicana em Lisboa.
Obrigado, meu avô, pela tua coragem, pelo teu sacrifício.