25.4.14

Nem tudo é Abril

A Revolução do 25 de Abril de 1974 foi realizada pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) para derrubar a ditadura e acabar com a guerra colonial.


Da esqª: Vasco Lourenço, Victor Alves e Otelo

Embora o programa do MFA preconizasse desde logo a extinção dos poderes políticos e das instituições repressivas existentes, bem como "a amnistia de todos os presos políticos" e a "convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte", a concretização destes objectivos e as suas formas viriam a ser impostas posteriormente pela dinâmica do processo revolucionário, isto é, pela correlação política das forças militares e civis intervenientes. 

Já por aqui se vê que as comemorações do 25 de Abril propriamente dito, não devem incluir o 25 de Novembro, ao contrário do que é frequente ouvir em personagens da direita, a menos que tudo o que sucedeu posteriormente a 1974 possa ser atribuído à Revolução – incluindo o engavetamento do socialismo, por Mário Soares, e o regime cavaquista em curso. Estes factos históricos posteriores, decorrem do regime instituído pela Constituição de 1975, nos termos em que os políticos a conformaram; não decorrem do Programa do Movimento das Forças Armadas.

O Movimento dos Capitães, como foi informalmente conhecido, foi germinando ao longo do ano de 1973. Em Dezembro desse ano elegeu um Secretariado Executivo constituído por Vasco Lourenço, Otelo Saraiva de Carvalho e Vítor Alves (tríptico ao cimo).

Formaram-se então várias comissões que iniciaram a preparação do golpe militar. As tropas foram comandadas no terreno por diversos capitães, sendo as operações dirigidas superiormente pelo major Otelo Saraiva de Carvalho. 

Nestas operações destaca-se o capitão Salgueiro Maia (na foto, à esqª), pela importância da sua missão e pela coragem com que enfrentou pessoalmente a ameaça de morte diante de um tanque de guerra.

Meu artigo anterior sobre o 25 de Abril foi publicado AQUI

24.4.14

Abril em Março de 1974

Os três excertos (não seguidos) que se publicam abaixo, ajudam a conhecer a situação que se vivia antes de Abril de 1974, mostrando uma das facetas repressivas do regime, por um lado, e uma das formas de resistência, por outro. Também foram estes artistas que fizeram a revolução.



A quem estiver interessado no documento completo pode pedi-lo por e-mail ou na secção de comentários deste "post".

20.4.14

Porque hoje é domingo (48)

... de Páscoa.


Quando Jesus nasceu, nasceu com ele uma nova esperança na luta do povo judeu contra a dominação romana. A visita dos três “reis magos” fazia parte desse plano independentista. Mas a divinização de Jesus, fosse de quem fosse a ideia – do próprio, por razões espirituais, ou dos reis por razões estratégicas – deu no que deu: uma seita religiosa sem ambições políticas. O Messias trocou a salvação das nações oprimidas pela salvação das almas e recusou a luta de libertação nacional: “a César o que é de César; a Deus o que é de Deus” – diria.

Quem assumiu o confronto com o império foi, entre outros, Barrabás. Se Marcos ou João, santos evangelistas que relataram os factos, fossem abertos ao contraditório argumentativo, é provável que tivessem registado deste militante judaico esta resposta: “ao Povo o que é do Povo!”. Mas não conveio à cristandade que a luta heroica dos rebeldes ofuscasse o protagonismo do Salvador na narrativa sempre parcial da História pelo que apenas podemos vislumbrar a preferência popular pela estratégia da luta armada, quando o juiz Pilatos perguntou ao Povo quem queriam que fosse libertado, e este escolheu o Barrabás e não Jesus.

Foi assim, ao que consta, que Jesus foi morto na passada sexta-feira. A notícia boa é que no mesmo dia Barrabás foi libertado. Mas se considerarmos que Cristo teria ressuscitado uns três dias depois, sendo Maria Madalena a primeira a sabê-lo, é caso para pensar que foi tudo planeado.

O que interessa, parafraseando os revolucionários venezuelanos, é que: Cristo vive; la luta sigue!

18.4.14

Primeiros-Ministros

ou: Resposta ao Manifesto dos 70

Às almas dilaceradas pela dúvida e o negativismo, procuramos restituir o conforto das grandes certezas.

Não discutimos Merkel e o Euro
Não discutimos a dívida e os mercados,
não discutimos os prazos e os juros,
não discutimos os cortes e os impostos
Não discutimos os salários e as reformas

Está tudo bem assim e não podia ser de outra forma.

17.4.14

Ele há ministros bons

Eu sou contra a criação de mais um imposto, agora sobre produtos que contenham sal ou açúcar, como foi ontem semi-anunciado pela Ministra das Finanças.

Antes de mais porque o sal dá gosto à vida e combate a corrupção, como disse Jesus Cristo. Depois porque o aumento dos preços sobre os refrigerantes favorece o consumo do vinho – embora Jesus Cristo também o tivesse em apreço e a Igreja o confirme nas suas celebrações religiosas. Finalmente porque uma “melhoria dos indicadores económicos e sociais” do país justificariam uma redução e não um aumento de impostos.



Além de mim, também um ministro, pelo menos, está contra o aumento dos preços nos produtos açucarados: Pires de Lima. E ninguém vai pensar que haja nisso promiscuidade entre as opções do governante e a sua vida profissional como presidente que foi da Comissão Executiva da Compal, da Nutricafés e de Vice-presidente executivo da Nutrinveste, ou como CEO da Unicer até entrar para o Governo. A verdadeira razão é que, como “eles” costumam dizer, os governantes também não têm gosto em aumentar impostos. Aí está!

Sendo hoje, 17 de Abril, dia do seu aniversário, podia eu lá deixar passar sem um cumprimento. Que jorre o vinho e a cerveja, refrigerantes e água engarrafada, que em tudo isso há impressões digitais do homenageado. Mas apressem-se porque os preços vão subir.

9.4.14

O poder "democrático" de Kiev

Não é demais reproduzir aqui uma imagem muito elucidativa de como funciona o novo poder imposto à Ucrânia.

"Sinopse":
Fazendo uso da palavra como deputado, Petro Symonenko denuncia no parlamento que o que se está a passar no leste do pais é resultado do golpe de estado e do "Euromaidan", e que os activistas pró-russos têm o direito a mostrar a sua indignação, e estão a fazer o mesmo que fizeram os activistas do "Euromaidan" em Kiev. Afirma ainda que os interesses americanos e de traidores ao seu serviço destruíram a Ucrânia.

Vai daí, a resposta democrática a esta opinião... é a que se vê no final deste vídeo:


Quanto à matéria em discussão, faço minhas as seguintes palavras recortadas nos comentários de outro blogue e que resumem tudo:

O Ocidente interveio activamente na Ucrânia, não do lado da legalidade mas do lado dos seus interesses, que eram o de depor o governante eleito e instaurar um regime pró-Ocidental. A Rússia contra-atacou ocupando a Crimeia (que é e sempre foi russa) e obviamente está a apoiar as manifestações, tão legítimas como as da Maidan, no Leste e Sul da Ucrânia. Caso não o fizesse, teria a NATO às portas.

Eu só acrescentaria que a atitude da Rússia em relação à Crimeia foi ao encontro da vontade dos seus habitantes, o que pode ter "alguma" importância.

Recomendo sobre o assunto ESTE POST publicado no blogue do José Milhazes mas em conflito com as opiniões deste.

8.4.14

Coelho ao mar...

Quatro bombas termonucleares caíram em Palomares, localidade espanhola de Almeria, em Janeiro de 1966.

Uma delas caíu no mar, sendo localizada e recuperada 80 dias depois. Para “demonstrar” que “não provocara qualquer perigo” de contaminação para os utilizadores da praia frequentada por pescadores e turistas, o ministro de Franco, Manuel Fraga Iribarne, fez-se filmar a tomar banho naquelas águas.

Palomares tornou-se a localidade mais radioactiva de Espanha.
Em 1989, Marcelo Rebelo de Sousa fez-se filmar durante um mergulho no Tejo, no âmbito da inauguração da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcântara. Consta que se preveniu com uma boa vacinação… Era candidato a presidente da Câmara de Lisboa.

O banho não convenceu a população que deu a vitória a Jorge Sampaio.

Conclusão: já era tempo de Passos Coelho ir nadar no mar da pobreza, para nos provar as suas convicções.
Recortado em RTP

6.4.14

Assim falava o governo

Por favor carregue sobre a imagem para ampliar

5.4.14

As empresas na política



NOTÍCIAS

«A cadeia de fast-food McDonald's encerrou "temporariamente" a actividade dos três restaurantes que existiam na península da Crimeia.

A cadeia vai mais longe e oferece aos trabalhadores das lojas agora encerradas a "oportunidade" de trabalharem noutro restaurante McDonald's situado na Ucrânia».

«A Universal Postal Deutsche Post's, com sede em Genebra, anunciou que já não aceita distribuir cartas da Crimeia nem assegura a entrega na península».

COMENTÁRIOS

Qualquer semelhança com as estratégias da ITT na política interna dos países anti-imperialistas, isto é, dos países soberanos, não é pura coincidência.

Esse foi justamente o tema do meu tríptico recente neste blogue: “América Latina na mira dos EUA 1/2/3”.

Dívida pública, credores, ajustamento económico, etc., são armadilhas da sua "guerra fria" mundial, do boicote económico. É o imperialismo capitalista de peito aberto.

No caso do confronto com a Rússia, porém, é só fumaça. Mais: a Crimeia deve até agradecer, quer por razões de higiene, quer por razões de concorrência económica.

2.4.14

América latina na mira dos EUA (3)

O papel dos meios de informação
ao serviço da ingerência norte-americana


Para comparar com as notícias que correm por cá
acerca da Venezuela!


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América Latina na mira dos EUA (2)

Excerto de um documento secreto da ITT de 1970, publicado no Chile em 1972. Recomendações norte-americanas para desestabilizar o país.

carregar no recorte para ampliá-lo

1.4.14

América Latina na mira dos EUA (1)

Para compreender a forma como os EUA pensam a América Latina e actuam nela, nomeadamente na desestabilização da Venezuela, é importante conhecer os documentos secretos da ITT de 1972, no contexto da presidência de Allende no Chile.

(Por favor, carregue sobre o documento)


Fonte: Los Documentos Secretos de la ITT y la República de Chile Secretaría General de Gobierno, 1972 Edición Extraordinaria, Editorial Quimantú