30.12.18

Faço votos

Faço votos para que se fale mais do México em 2019. E que não seja apenas a propósito do muro de Trump.


Neste sentido transcrevo o seguinte:

«MÉXICO ROMPE COM O NEOLIBERALISMO

O discurso de Lopez Obrador no dia 1 de Dezembro (2018)marca uma ruptura com o neoliberalismo que devastou o México nas últimas décadas. Pronunciado na Praça do Zocalo, na presença de dezenas de milhares de pessoas e durante mais de duas horas, o novo presidente mexicano reafirmou as suas ideias quanto à regeneração do México, ao combate à corrupção e à governação junto com o povo e não contra ele».


(Imagem de Globo.com)

11.11.18

Porque hoje é domingo (99)

Se há uma marca de personalidade em Jesus Cristo que um ateu não tem dificuldade em reconhecer e enaltecer, é a sua atenção especial aos pobres, aos humildes e aos doentes. Esta posição ideológica, de resto, tem feito com que se diga que Jesus era socialista “avant la lettre”. Fosse ele nosso contemporâneo e teria sido acusado e condenado, como no seu tempo, agora por perfilhar ideais comunistas...

Mas não se assustem os católicos conservadores porque Jesus não era comunista e até se recusava a assumir responsabilidades políticas: “a Deus o que é de Deus e a César o que é de César” – disse a este respeito. Este posicionamento, de resto, valeu-lhe o desprezo de muitos que esperavam que o “Filho de David” libertasse Israel do domínio romano.

A seu favor, portanto, fica a sua atenção especial com os mais necessitados, tal como ilustra a passagem do evangelho que a Igreja Católica invoca neste dia. Jesus, “chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro, porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento” (Marcos 12, 43-44).

Tomo a liberdade de actualizar e adaptar às circunstâncias actuais: os pobres pagam maiores impostos do que os ricos, sempre, porque estes pagam do que lhes sobeja mas aqueles pagam o que lhes faz falta!

9.11.18

A virgem ofendida do PSD

Uma tal deputada do PSD, Emília Cerqueira, apresentou-se hoje aos orgãos de Informação, arrogante e indignada qual virgem ofendida, para nos fazer saber que não há registos de presença nas sessões da Assembleia da República, que basta um deputado, onde quer que esteja, abrir a página de trabalho de um outro para que seja registada a presença deste outro no emiciclo parlamentar!... Que é muito normal e vulgar os deputados partilharem as passwords uns dos outros para acederem aos ficheiros de trabalho, do que resulta automaticamente o registo da presença na Assembleia do deputado que aloja esses ficheiros no seu computador.

Logo ficamos a saber que os registos de presença não servem para assinalar as presenças mas sim para cobrar os subsídios de presença!

A virgem ofendida - falta saber se foi ela, uma vez que outros podem ter acedido à página de trabalho do deputado em causa - só se apercebeu da gravidade da situação ao fim de cinco dias de escândalo público. Como é que eu me apercebi vários dias antes dela?

A virgem ofendida - a melhor defesa é o ataque! - insultou os lisboetas a despropósito e em nome da superioridade moral dos minhotos! Eu que sou mais minhoto do que lisboeta, sinto-me envergonhado - passe o exagero - com esta representante de não-sei-quem.

A virgem ofendida não é digna de representar os portugueses nem os minhotos nem os habitantes dos Arcos de Valdevez para onde deveria voltar com a mesma determinação com que tratou hoje os cidadãos indignados deste país que pagam aos deputados pela participação real ou falsa nas sessões da Assembleia da República.

2.11.18

Oxalá Brasil

O deputado Bolsonaro exaltou com orgulho a memória do coronel Ustra, a quem chamou de o “pavor de Dilma Rousseff”. O voto de Jair Bolsonaro causou indignação não só aos que eram contra o impeachment.

Isto aconteceu no 316º voto. Um dos deputados, Jair Bolsonaro, homenageou abertamente o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército brasileiro, responsável por dirigir o DOI-CODI, órgão subordinado ao Exército e responsável pelo aparelho de repressão durante os anos de ditadura militar.

Com esta posição, Bolsonaro abriu espaço a uma parcela da população brasileira que apoia ou tolera os crimes cometidos pelo Estado durante a ditadura militar que durou de 1964 a 1985.

"No engodo de proteger o Brasil da ameaça comunista, instalou-se uma ditadura, que para manter os princípios da caserna ortodoxa, calou, torturou e matou sem o menor constrangimento, centenas de brasileiros.
(citação)

Oxalá que a História não venha a registar que "No engodo de proteger o Brasil da corrupção"...

28.10.18

Porque hoje é domingo 98

Neste domingo em que o Brasil caminha de olhos fechados para o precipício, e a Igreja invoca o episódio em que Jesus dá vista a um cego (Marcos 10:46-52), muitos brasileiros gostariam de pedir ao Mestre que lhes desse a lucidez de que precisam para votar na eleição presidencial. 

Mas lá onde não há Mestre que os dispense de curarem-se, a si próprios, acorrerão as vozes da vingança irracional e, em seu apoio, vozes de jornalistas e outros comunicadores informais – jornais, televisões,“redes sociais” da internet e do boca-a-boca.

É assim, ao que se percebe, que está formada a opinião maioritária. É assim que muitos vão votar sem fé nem lucidez.

Não admira que muito em breve os cidadãos do Brasil gritem, como o cego de Jericó, “Filho de Davi, tem misericórdia de mim”.

27.10.18

Apesar de Bolsonaro



Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
Lá lá lá lá laiá

18.10.18

Carta aberta ao Ricardo



Estimado Ricardo Araújo Pereira:

Comprei o seu livro “Estar Vivo Aleija” - que não deixa de ser seu apesar de eu o ter comprado. Não comprei para mim, foi para oferecer a alguém que não tem paciência para ler obras mais sofisticadas. Mas como os livros, ao contrário da fruta e dos robalos, podem ser consumidos antes de dá-los, fui lendo aquelas tretas com o mesmo prazer, ou quase, com que li, há muitos anos, “Esta Pressa de Agora” de António Lopes Ribeiro, também neste caso uma compilação de crónicas de jornal (ideologias à parte).

“Serve a presente” – como se escrevia no tempo deste falecido cineasta – para o informar – a si e não ao falecido – que talvez por ter sido criado por uma avó você descobriu desde muito cedo uma coisa que vulgarmente descobrimos nós, os velhos, ao fim de muitos anos de erráticas reflexões sobre o sentido da vida: que a vida não faz sentido ou, citando o nome de um filme cubano, “La vida es silbar”. 

15.10.18

O tufão de S. Bento

Neste fim-de-semana o furacão Leslie passou por S. Bento – Bento e não vento, seus murcões! Depois de ter arrasado um café na Foz do Douro e dezenas de casas em Coimbra, e de ter destruído 200 linhas de alta/média tensão, ainda provocou a queda de muitas árvores e de quatro ministros. Razão tinha Karl Marx em relacionar os fenómenos políticos com os naturais, ao que se vê.

Solidário, por regra, com os ministros que nomeia, é bem possível que António Costa se tenha visto confrontado com divergências insanáveis entre o Orçamento de Estado... de Mário Centeno e as pretensões dos três ministros agora exonerados. Não será indiferente que o Primeiro-Ministro justificasse a remodelação por razões de uma "dinâmica renovada", com "reforço da política económica"... blá blá blá.

O caso do Ministro da Defesa Nacional pode ser explicado para evitar desgaste do Governo e não, como ele afirmou, o “desgaste das Forças Armadas”. Mas sobretudo para evitar o desgaste pessoal do próprio Azeredo Lopes – digo eu. Fez bem, sr. doutor, que cada um é pr'ó que nasce.


30.9.18

Carlos Alexandre perdeu no casino

O processo da Operação Marquês, que envolve muitos milhares de documentos e uma trama muito complexa, sai do juiz que o elaborou desde 2014, para um juiz que nunca trabalhou naquele processo e vai, portanto, ter que inteirar-se dele pela primeira vez. A condução do processo que sempre esteve nas mãos de Carlos Alexandre é agora atribuída ao juiz Ivo Rosa na fase de pré-julgamento.

Diga-se o que se disser, e a gente sabe como o Direito é fértil em argumentação, esta atribuição é absolutamente contrária a qualquer  racionalidade. Fazê-lo por sorteio, então, é uma monstruosidade.

Mais: que tenha sido usado um sistema electrónico de sorteio cujo rigor é confiado a um técnico de informática, um sistema que se demonstrou tão falível que só funcionou ao fim da terceira tentativa, deixa fundadas dúvidas sobre a sua fiabilidade. Como alguém argumentava há momentos (noite de 29 Set.) na TVI24, “o sorteio nunca seria concluído enquanto não ditasse a mudança de juz de instrução”.

Eu lembrei-me, inevitavelmente, do sistema “aleatório” com que funcionam os jogos electrónicos dos casinos, lá onde está sempre assegurado um resultado lucrativo para o estabelecimento – coisas que os técnicos informáticos sabem fazer. Não era mais simples e fiável o processo de bola-branca e bola-preta, por exemplo, quando se sabe que a escolha era entre duas pessoas apenas?!


Resta-me acrescentar que a atitude inédita de chamar os orgãos de Informação a “assistir ao sorteio”, eles que não têm qualquer forma de confirmar a rectidão do processo, longe de conferir maior fiabilidade, denunciam preocupação com ela!

23.9.18

Porque hoje é domingo (97)

O tema trazido neste dia à homilia da Igreja Católica invoca uma reunião secreta de Jesus com os discípulos ali para os lados da Síria, do Líbano ou de Israel. Mais propriamente, a Igreja invoca uma discussão entre os participantes sobre qual deles é o mais importante!


No domínio pessoal, a ambição de prestígio social é uma característica humana que não só se manifesta na política e no futebol mas também na religião como a História demonstra. Dirigir um clube, um partido ou uma ceita, é um objectivo que mobiliza, muitas vezes, métodos inconfessáveis como a conspiração, a corrupção, a violência pessoal ou de estado.

O Papa Francisco já tem denunciado a corrupção existente no próprio Vaticano, dizendo que na estrutura da Igreja pode encontrar-se "uma atmosfera mundana e principesca" e acrescentando que os religiosos "têm de contribuir para destruir este ambiente nefasto".

Jesus, que não conheceu pessoalmente este Papa, alertou também os seus discípulos nesta matéria (Marcos cap.30,v.33-35):
- O que é que vocês vinham a discutir no caminho?
Mas eles guardaram silêncio, porque no caminho haviam discutido sobre quem era o maior.
Sentando-se, Jesus chamou os Doze e disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos"
.

Convenhamos que há alguma ambiguidade neste discurso, quer pensemos em Ronaldo, em Patrícia Mamona ou em Fátima Carneiro que acaba de ser eleita a patologista mais influente do mundo... Mas há que atender ao contexto. No contexto e no sentido oculto dos discursos é que está a verdade! Por isso é que foram inventados os “comentadores” a quem Deus conferiu o poder interpretar os factos. E não falo só dos comentadores que interpretam "as palavras de Deus", os sacerdotes, falo também dos comentadores generalistas, por assim dizer, que fazem carreira nos jornais e nas estações de televisão nem sempre com rigorosas intenções.

9.9.18

Porque hoje é domingo (96)

“Ele até põe os surdos a ouvir e os mudos a falar" – disseram aqueles que assistiram ao milagre de Jesus (Marcos 7, 31-37). Em rigor, Jesus não pôs os surdos a ouvir e os mudos a falar; apenas terá posto um surdo a ouvir e um mudo a falar – o que não é pouco, reconheço, embora muito menos do que fazem os médicos.

Desta vez vou perfilhar a homilia da Igreja Católica tal como ela interpreta as palavras de Jesus. Sim, também acho importante denunciar a incapacidade mental para ouvir, essa surdez voluntária que nos inibe de compreender o pensamento dos outros, os sinais da Natureza e até outros, quem sabe.

Não levarão a mal que foque a minha homilia no domínio político, seja para criticar a surdez intelectual, seja para silenciar aquilo que se ouve, nomeadamente nos orgãos de informação (vulgo: Comunicação Social). E, tal como Jesus – passe a presunção! – aproveite um pretexto da actualidade.

O pretexto do dia é a notícia do The New York Times
segundo a qual «A Administração norte-americana reuniu secretamente com militares rebeldes da Venezuela no sentido de discutir planos de um golpe de Estado contra o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Sim, a Venezuela atravessa uma grave crise social, política e económica, que já levou à fuga de mais de dois milhões de venezuelanos para o estrangeiro, desde 2015. Sim, o regime e nomeadamente o presidente tem uma enorme responsabilidade nesta situação. Mas fica mal ao jornalismo audiovisual português emudecer sobre o assunto, ele que assim faz de nós surdos e mudos sobre a complexa realidade venezuelana.

2.9.18

Porque hoje é domingo (95)

 As mãos sujas da Igreja

O Papa pediu perdão pelos casos de abuso sexual de crianças e adolescentes cometidos por padres e pediu “à Nossa Senhora” que ajude o clero na reparação de “tanta violência”.

Muito teria a Igreja que pedir perdão pela violência com que trata a Humanidade desde sempre, a quem acusa de estar contaminada desde o nascimento pelo que chama “pecado original”.

A Igreja tem vergonha do corpo humano. Para os cristãos, e não só, Deus criou as almas e o demónio criou os corpos que importa sacrificar até ao desespero para salvação do espírito. A Igreja humilha constantemente os seres humanos que considera pecadores por natureza – o seu deus lá saberá o que fez...

Em nome do combate à heresia, a Igreja Católica, quando pôde, promoveu falsos julgamentos, queimou “bruxas” e livros proibidos, torturou e matou. Não, a hierarquia católica não encobriu apenas entre 1975 e 2004 as denúncias para evitar o escândalo. Ela promove a violência desde sempre, antes do mais, na consciência dos crentes. É o papel das religiões em geral.

Para reparar os males futuros, a Igreja, que tem na sua história um cortejo interminável de vítimas,  teria que deitar o fogo aos paramentos, libertar as suas bibliotecas secretas, devolver aos crentes a riqueza extorquida, libertar o seu imenso património, fechar as caixas das esmolas e as portas do Vaticano. Só assim poderia “lavar as mãos” - para usar a metáfora central da homilia de hoje (Mc 7,1-8.14-15.21-23). 

Os poderes mais reaccionários deste mundo, porém, nunca lho perdoariam, de tal modo precisam do seu trabalho na repressão física ou psicológica dos povos. Para já não falar nas conveniências dos seus “bondosos” profissionais, a começar pelo próprio Papa. 

1.9.18

Paz, liberdade e mitos

Aquela ladainha em que se diz que os homens procuram a paz ou que os homens procuram a liberdade, mereceu em 1931 um reparo pertinente de Miguel Unamuno. Escrevia ele (1) que «os homens procuram a paz em tempo de guerra e a guerra em tempo de paz; procuram a liberdade sob a tirania e procuram a tirania sob a liberdade».

Sem pretender colocar-me ao nível daqueles que interpretaram já o sentido completo desta tese, e muito menos ao nível do próprio autor, invoco apenas a autoridade que me advém de ser humano, racional e interessado no assunto para exprimir a minha própria opinião. A minha única vantagem é ter mais noventa anos de História, passe a ironia.

Não perfilho a opinião do autor em sentido literal e menos ainda a interpretação de Fernando Savater – no que me estou a meter...! Este, além de aceitar a tese, acrescenta que se trata duma necessidade psicológica de mudança (palavras minhas). (2) 

Necessidade de mudança, sim, no sentido em que o cidadão vive sempre insatisfeito. Mas sendo verdade que atribui a culpa disso ao regime vigente, trata-se em última análise da natureza humana ou, afinal, de toda a Natureza. Doutro modo o mundo e as espécies viveriam imutáveis, isto é, não viveriam. A vantagem dos homens é ter alguém a quem culpar com maior ou menor razão e alguém a quem apelar, deuses e santos incluídos.

Basta ver um noticiário, um jornal de qualquer dia, para encontrar movimentos sociais obstinados na restrição das liberdades (repúdio das migrações, p. e.) e povos obstinados na morte de outros povos (guerras “patrióticas”, p. e.). 

Os gritos de guerra que a ficção reportava aos índios americanos são o dia-a-dia de Donald Trump e Benjamim Natanyau de formas mais sofisticadas, é certo, e para citar apenas “os maus” da fita...  mediática.  

(1) A Agonia do Cristianismo
(2) A Arte do Ensaio.

31.8.18

Combater o terrorismo
mas, sin embargo, bien que...


La ONU teme el uso de armas químicas y, en particular, del gas cloro, en una ofensiva militar que el Gobierno sirio se prepara a lanzar sobre Idleb (noroeste del país), la última área que permanece fuera de su control y donde se han refugiado los combatientes vencidos en anteriores batallas.

“Todos sabemos que el Gobierno y (el grupo terrorista) Al Nusra tienen capacidad de producir gas cloro como arma”, advirtió hoy el enviado especial de la ONU para Siria. Detalló que en Idleb viven actualmente 2,9 millones de personas, cuyas vidas estarán en riesgo en caso de que Siria, con el apoyo declarado de Rusia, decida atacar esa provincia.

... El representante de la ONU dijo que se necesita “más tiempo para desarrollar una fórmula alternativa que podría tener relación con combatir a los terroristas, pero salvar a la población”.

De Mistura indicó que “nadie” puede negar que entre los rebeldes armados que se refugiaron en Idleb tras ser vencidos en otros escenarios de Siria hay terroristas de las organizaciones Al Qaeda y Al Nusra.

Sin embargo, precisó que éstos son unos 10.000, más sus familias, “pero la gente en Idleb son 2,9 millones, así que hay justificación para combatir, con todo derecho, a los terroristas, pero hay que abstenerse de usar armamento pesado en áreas densamente habitadas”.

Fonte em 2018-08-30: EFE/ElPais  

 Rien qu’au cours des six derniers mois, 500.000 personnes sont arrivées à Idlib après avoir fui les offensives du gouvernement à Deraa, dans la Ghouta orientale et dans d’autres zones tenues par l’opposition.
Bien que « personne ne conteste » le droit du gouvernement syrien de combattre ces terroristes, ni son droit de recouvrer « toute son intégrité territoriale ».
Les efforts de l'ONU pour trouver une solution pacifique au conflit en Syrie devraient se poursuivre avec des réunions prévues à Genève les 10 et 11 septembre avec des représentants de la Russie, de la Turquie et de l'Iran, a déclaré M. de Mistura. Ces discussions devraient être suivies le 14 septembre par des rencontres avec des délégations de haut niveau de sept autres États membres : Allemagne, Arabie saoudite, Égypte, Etats-Unis, France, Jordanie, et Royaume-Uni.
Fonte: ONU 


ENTRETANTO "O MUNDO" MOVE-SE...

"De acordo com informações, recebidas pelo Centro Russo para a Reconciliação Síria, de fontes independentes localizadas na província de Idlib, um grande carregamento de substâncias tóxicas, acompanhado por oito representantes dos Capacetes Brancos, foi entregue na aldeia de Afs, no assentamento de Saraqib, em um armazém usado pelos militantes do grupo Ahrar al-Sham [proibido na Rússia] para armazenar armas e suprimentos de combustível", informou.
...
De acordo com ele, "uma parte deste carregamento em barris de plástico sem identificação foi depois transportada para outra base militante na parte sul da província de Idlib, a fim de encenar um ataque químico com bandeira falsa e posteriormente acusar as forças do governo de usar agentes tóxicos contra civis".
Fonte: Sputniknews 

Porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo afirma que os EUA e os seus aliados têm concentrados na zona cerca de 70 aviões, dois navios e mais de 400 mísseis de cruzeiro

Fonte: Expresso 2018-08-30

(Foto montagem original neste blogue. Sublinhados e realces, também)

22.8.18

As duas faces do turismo

Os decisores estão a matar o turismo a longo prazo pelo excesso de tudo quanto é virado para essa actividade: alojamento, comércio, passeios grátis com guias aos gritos, uns atrás dos outros, a dizerem as mesmas baboseiras para dezenas de turistas em fila pelas ruas de Alfama, tuk-tuks, bicicletas, segways, "ovos", etc. por todo o lado. Esplanadas em tudo quanto é passagens para peões, com os transeuntes a andarem pelo meio da rua porque deixaram de ter passeios, já de si estreitos, um sem-fim de idiotices.

O tema do alojamento local não tem sossego. Não entendo como é que não pegam na praga dos tuk tuks, que entopem o centro, estacionados em infracção às centenas sem que  a polícia intervenha, além de que continuam a circular os não-eléctricos. 

A sede de embolsar está a consumir tudo. O centro histórico está intransitável, apinhado para turistas e locais. E a animação e o bulício de há 5 anos, que foi uma lufada de energia para Lisboa, cresceram demasiado e começam a ser um fardo. Já não sinto prazer em passear na Baixa, é uma canseira. As multas - lapsus linguae! -, as muitas dezenas de hostels e hotéis que abriram e continuam a abrir na zona fazem com que milhares de pessoas se concentrem ali e não vejo nenhuma intenção de conter o licenciamento.

Dou graças ao turismo e agora dependo dele, mas não sei por quanto tempo Lisboa vai aguentar a pressão. Um dia destes, Dubrovnik ou outra cidade qualquer vira moda e não sei como a cidade se vai ajustar depois de  pôr tantos ovos no mesmo cesto. 

Texto de uma carta particular que recebi

16.8.18

Parem de choramingar

A América Latina está a viver uma época de reversão do sentido político. Depois da esquerda ter ocupado o poder dominante na região, com Chavez, Lula, Correa e Morales, Mujica e Cristina Kirchner, circunstâncias diversas fizeram a Venezuela e o Brasil, o Equador e a Argentina caírem nas mãos das direitas desses países. O regime cubano resiste à sua maneira...  mas já não constitui, na prática, um apoio efectivo aos movimentos progressistas mundiais - a sua imagem actual não os prestigia e a sua capacidade de influência não os fortalece. 

Com 12 anos e seis meses no poder, o presidente da Bolívia Evo Morales, esse sim, mantém uma popularidade que até Marcelo Rebelo de Sousa invejará - mutatis mutandis!!! 

Neste contexto e com a decisiva agravante da crise petrolífera, a grave situação  da Venezuela passou da insegurança para a falência económica. Assim o discurso político, popular em Hugo Chavez e populista em Nicolás Maduro,  já não resiste aos sinais evidentes  de degradação das condições e esperança de vida. A tal ponto que o próprio presidente Maduro se vê obrigado a declarar no IV Congresso do Partido Socialista Unido da Venezuela que afinal: "Os modelos produtivos que temos tentado até agora falharam e a responsabilidade é nossa, é minha". 

O mais curioso deste discurso é talvez aquela parte em que ele pede aos seus próprios ministros que parem de "choramingar". E acrescenta: "Que o imperialismo nos agride? Chega de choramingarmos (...) cabe-nos produzir com agressão ou sem agressão ". 

Se ele o diz... 

11.8.18

A CP não anda boa

Já não estou certo de que o lema tenha existido mesmo. O certo é que se contava que a companhia portuguesa de caminhos de ferro, fazendo propaganda das velocidades de deslocação que proporcionava, teria criado a divisa: «A CP NÃO ANDA, VOA»

Isto mereceu a seguinte resposta à moda do Norte: 
«A CP NÃO ANDA BOA».

Para todos os efeitos, no contexto actual, a CP não voa, não anda boa e quase não anda.

A porta-bocas do CDS diz que a culpa é do "governo das esquerdas" como se não soubesse que...


Há menos de uma semana surgiu a notícia de que administradores da Companhia se teriam demitido. O Governo respondeu com a notícia de que os administradores continuavam em funções - o que só aparentemente desmente a notícia anterior como se viu a seguir com a nomeação de novo administrador que, "por acaso", também não é "das esquerdas", antes pelo contrário.

Sim, a CP está uma vergonha, mas ainda a procissão vai no adro e os comboios na estação. O que tudo indica é que a culpa é da pressão nas caldeiras da política em que os gestores são  acusados de não investir na estrutura e o Governo é acusado de não pagar à CP as "indemnizações compensatórias" devidas pela prestação de serviço público. E a gente é que se... (como é que se diz no Norte?) 

O quadro acima foi recolhido em O Tempo das Cerejas

4.8.18

O partido que fazia falta

Misericórdia! Santana Lopes quer criar um partido – o seu partido! Já recebeu o apoio da mulher actual e outras que fizeram o favor de o aturar, incluindo a filha de Kaúlza de Arriaga que não tem culpa de o ser. Não é de estranhar que Santana recolha apoios também entre a sua prole que Deus quis que fosse grande ao dar-lhe inclusivamente dois pares de gémeos que também não têm culpa de nada.

Com o devido e merecido respeito por todos os familiares, Santana não se pode  queixar de falta de apoios domésticos, suponho!, mas talvez precise, digo precisasse, de mais alguns para formar um partido político desses que contam para o campeonato. De resto, ele não liga a isso dos apoios; afinal o partido é dele e só dele.

Tendo-se reformado com 49 anos, de idade e não de trabalho, tem “andado por aí”, como ele diz, a botar faladura, digo eu, mas também a gerir a Santa Casa da Misericórdia com muito suor, graças a Passos Coelho. Apostou em Cavaco Silva, apostou na privatização de empresas de Comunicação (Record, Diário Popular...) e outras em geral. É claro que também deu aulas – quem é quer não deu?

Entre aquilo tudo a que se candidatou e algumas coisas que conseguiu, conta-se a presidência da Câmara da Figueira da Foz, parabéns! Mas vale a pena lembrar, por razões de oportunidade “desportiva”, que chegou a ser presidente do Sporting onde acabou com o futebol feminino, voleibol, hóquei em patins e basquetebol.

Cá p’ra mim, Santana vai de patins antes de calçar as botas de presidente do seu partido unipessoal. A soprar nesse sentido já se perfilam Rui Rio, Marques Mendes, Durão Barroso, Manuela Ferreira Leite e, para abreviar, o próprio Marcelo Rebelo de Sousa. A rir baixinho, muitos outros.

Desde que não se candidate a coordenador da protecção civil, vá pr’á frente, Santana. E viva o PUS – Partido Unipessoal de Santana!

16.7.18

A estupidez

"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez do ser humano, mas não estou seguro sobre o primeiro". 



Não é por ter sido Albert Einstein a dizê-lo, é porque esta ideia me anda a zumbir no cérebro a cada passo. Saio à rua e confronto-me com transeuntes estúpidos, condutores estúpidos, comerciantes estúpidos, empregados estúpidos, médicos estúpidos. 

Há um grupo social que costuma ser menos estúpido do que os restantes: os políticos! Infelizmente é pelas piores razões: porque a animosidade  dos seus clientes e o escrutínio dos seus concorrentes os obriga a cuidarem permanente das palavras e das acções - é daqui que nasce o conceito de "politicamente correcto". Mas é indisfarçável que até na política há excepções, uma pelo menos, como se revela em Donald Trump. 

Para ser rigoroso, no entanto, deveria analisar com objectividade se não há uma lógica de fundo nas suas posturas estúpidas. Quanto mais não seja a ideia de que o que importa não é dizer a verdade mas sim "as verdades" que a clientela quer ouvir. Ressalve-se que a clientela é a que forma a opinião pública e não a opinião publicada - nunca é demais lembrá-lo.

29.6.18

José Manuel Tengarrinha

Interrompo o longo silêncio que venho mantendo neste blogue, para registar o meu sentido pesar pela morte de José Manuel Tengarrinha. 

Não se entendam estas palavras com ligeireza porque é tão profundo o meu pesar quão grande é a admiração que sempre tive pela sua generosa e corajosa dedicação à luta antifascista, desde a minha adolescência no Portugal salazarista. Mas não menos admiração pela sua personalidade, seja na sua cumplicidade com o Partido Comunista Português, seja no distanciamento discreto que manteve em relação a este partido - eu diria em relação a alguma "vanguarda" dirigente do PCP - em diferentes circunstâncias. 

Soubesse eu gritar quanto lhe devo, quanto lhe devemos todos - os que o sabem e os que não o sabem. Afinal, mais que um sentimento de pesar é um sentimento de pertença a uma causa que justificou muitas vidas.


26.4.18

Propriedade e autoria

Sim, todos são proprietários do regime democrático. Mas nem todos foram os seus autores.

20.4.18

Canel contra Canel ?



Ao novo presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, muitos desejam sorte, mas do que ele precisa é de inteligência - da sua, da população e da "comunidade internacional".

O que é pedir muito!


Quanto às mudanças necessárias, as opiniões dividem-se. Quanto à estratégia a seguir, que lhe sirva a tese marxista segundo a qual "as mudanças quantitativas operam mudanças qualitativas". Não sei se me faço entender...

16.4.18

As guerras de Macron

O general Vincent Déport, antigo director da escola de guerra de França, quando lhe perguntaram se o ataque contra a Síria foi legítimo, respondeu: “não sei se o ataque é legítimo mas é necessário”. Por sua vez, François Hollande, antigo presidente da república francesa, considera o ataque “justificado”. 

Quanto ao actual presidente francês, Emmanuel Macron, que está eufórico com a demonstração do seu poder militar em acção real, declarou neste domingo, em entrevista na BFMTV, que o ataque foi mesmo legítimo, invocando umas imagens de dois ou três miúdos a levar umas mangueiradas numa sala incaracterística.


(foto recortada em globo.com)

Se foi necessário, justificado, legítimo ou simplesmente.. conveniente às estratégias politicas de Emmanuel Macron e Theresa May é o que a História acabará por revelar a seu tempo que não é o tempo deles. Mas algumas coisas sabemos já seguramente:

- as primeiras vítimas dos ataques são os cidadãos que pagam impostos aos estados atacantes para estes brincarem às guerras;
- o ataque não esperou pelas conclusões científicas sobre a origem das armas químicas, havendo mesmo quem admita que elas foram fornecidas pelo “ocidente” a grupos sírios de oposição ao presidente Assad;
- o ataque não afecta “o regime de Assad” nem garante a eliminação das alegadas armas químicas;
- o ataque reforça o apoio dos cidadãos sírios ao seu presidente, eles que são sempre as vítimas trágicas de todos os ataques;
- o ataque consolida as alianças da Síria com a Rússia e outros aliados de Assad;

- o ataque beneficia as organizações terroristas que combatem na Síria;
- o ataque é um traque na paz mundial.

15.4.18

Eles andam aí...

Le fondateur de la France insoumise, Jean-Luc Mélenchon, devait retrouver à Lisbonne, jeudi soir, Pablo Iglesias (Podemos, Espagne) et Catarina Martins (Bloco, Portugal) pour lancer un nouveau mouvement politique européen. (L'HUMANITÉ)





10.4.18

Políticas venenosas


Passado o prazo de validade mediática do caso Serguei Skripal, ex-agente duplo russo-britânico, a primeira-ministra britânica Theresa Mary retoma agora a cartada do ataque químico na Síria, para manter os afectos feridos com a União Europeia e os Estados Unidos da América.

Uma vez mais estes aliados estratégicos dizem que “acreditam” na sua própria versão e mais uma vez adiantam acusações e prepararam-se para “retaliar”. Que "o regime" sírio negue e que a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) ainda esteja a investigar as acusações é o que menos interessa para os fins que prossegue "o regime" da UE e dos EUA, claro.

Porque será que isto nos faz lembrar o suposto ataque atribuido ao “regime sírio” em... Abril de 2017?

O melhor é reler o artigo que AQUI publiquei então.

5.4.18

Hoje sou brasileiro

Todos os cinco (juizes que apreciaram o caso de Lula da Silva no Brasil) tinham fundadas razões jurídicas para votar a favor do Habeas Corpus, até porque estas existem em tanta abundância que Celso de Mello, Gilmar Mendes e Marco Aurelio Mello, em nada simpáticos a Lula ou ao PT, as encontraram.

Mas eles fizeram questão de não ver, com seus olhos rútilos na possibilidade de serem lacaios do poder e do golpismo.

Weber, até, disposta a promover uma cena dantesca: diz ser fiel a seus princípios, mas abre mão deles para seguir “a maioria” que não seria maioria se ela não aderisse à minoria.

Traidores do povo brasileiro, traidores dos que os conduziram ao Supremo, traidores de si mesmos.

Pobre povo brasileiro.


O texto acima é um excerto de uma crónica do jornal brasileiro DCM

Deste excerto eu discordo da conclusão, embora compreenda o sentimento. É que não podemos medir a força e a riqueza de um povo como aquele, de tanta gente excepcional em todos os aspectos, por incidentes históricos como este. Pobre povo brasileiro, sim, se não souber reagir à altura. Mas parece claro que as dores de hoje são dores de parto de um país novo e forte que está para vir.

Sim, é possível que Lula da Silva seja sacrificado neste processo. Mas, como se cantava em Portugal nos tempos mais negros, POR CADA FLOR ESTRANGULADA HÁ MILHÕES DE SEMENTES A FLORIR.

3.4.18

Ser ou não ser Centeno

Quando a Direita, na Assembleia da República, afirmou a 27 de Março que há "um grande cisma dentro do governo" que impede, nomeadamente o Ministro da Saúde, de resolver os problemas do seu ministério, Adalberto Campos Fernandes ripostou que "Em matéria de rigor orçamental e de crescimento económico somos todos Centeno".

Campos Fernandes referia-se a todos os ministros e não, obviamente, a todos os portugueses.


Mas a deturpada leitura extensiva a todos os portugueses tem sido vendida e revendida em muitos orgãos noticiosos. Entre os mais chocantes deturpadores está o programa da RTP3, “O Outro Lado” de 3 de Abril, em que Pedro Adão e Silva e Rui Tavares se deixaram enrolar pelo “moderador” Adelino Faria.


Com Ronaldo a fazer o que fez hoje em Itália e os "opinion makers" a dizerem o que disseram hoje a respeito de Mário Centeno, a imagem deste vai-se afastando cada vez mais daquele...

1.4.18

Porque hoje é domingo (94)

Que perigo representava Jesus para as autoridades da época, que as levou a persegui-lo até à morte? Afinal, profetas como ele que se diziam ser o Messias anunciado no Antigo Testamento, havia e houvera muitos. E ele nem sequer ambicionava tomar o poder – o poder político, entenda-se. Ou sim?

Cabe lembrar que já naquela altura a Palestina lutava contra um ocupante – não Israel, como agora, mas o Império Romano. E que Jesus nasceu na pátria ocupada.

Jesus, com mais legitimidade do que Trump, dirigia-se para Jerusalém, no dia que hoje se celebra, sendo então proclamado Rei. Não é de estranhar que isto tivesse um significado político se nos lembrarmos que o rei David, de quem Jesus era descendente, a seu tempo conquistou Jerusalém! – a fazer fé no que diz a Bíblia.

Se existe uma cidade que possa designar-se capital da violência religiosa, talvez seja Jerusalém. Donald Trump, esse profeta apocalíptico tal como Jesus e João Baptista, proclamou por estes dias, ele próprio, que Jerusalém é capital de Israel.

Esforça-se a Igreja em interpretar que no caso de Jesus se tratava de um reinado meramente espiritual – o reino de Deus. Um Jesus político destinado a resgatar a independência dos judeus, como sugere a inscrição que será afixada sobre a sua cruz “JNRJ” (Jesus Nazareno Rei dos Judeus), entraria em contradição com a sua afirmação “a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”. Isto para já não falar do descontentamento que causaria aos republicanos (futuros) a ideia de que o Filho de Deus era monárquico...

Fosse por razões políticas ou religiosas ou ambas, andavam os sacerdotes e os escribas atarefados em perseguir Jesus. Foi então que Judas Iscariotes, traindo aquele que seguia até aí como apóstolo, se prestou a indicar aos perseguidores quem eles procuravam. Nada que o perseguido não tivesse previsto e anunciado: "Em verdade vos digo: Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me".

Portanto, o que ficou sempre a intrigar alguns entre os quais me incluo, é se esta morte, que veio a ocorrer, se deveu a razões religiosas ou políticas, como já referi. Mas certamente que Donald Trump nos virá esclarecer no seu twitter.

(Este post foi refeito às 23h00 de 1 de Abril de 2018)

20.3.18

Associação de... ideias

“A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam”
Nicolau Maquiavel


Soube-se hoje que Feliciano Barreiras Duarte se demitiu do cargo de secretário-geral do PSD, para que fora eleito há cerca de um mês, na sequência da denúncia por falseamento do seu currículo em que se apresentava como visiting scholar na Universidade da Califórnia, em Berkeley, estatuto que nunca teve como se veio a provar. Além disto, para obter subsídio de deslocação da Assembleia da República, como deputado, declarava domicílio no Bombarral quando vivia realmente em Lisboa.

Este caso do secretário-geral do PSD, Barreiras Duarte, faz lembrar o caso de outro secretário-geral do PSD (2005/2007) que também foi ministro em vários governos de direita e sobre quem o Ministério Publico pediu hoje a condenação até cinco anos de prisão por alegada corrupção no processo Vistos Gold. Refiro-me a Miguel Macedo.

Mas também somos levados a recordar a falsa licenciatura atribuida pela Universidade Lusófona ao ex-ministro Miguel Relvas, ...do PSD que se viu forçado a deixar o governo de Passos Coelho, por falta de "força anímica".

Não admira que Elina Fraga, que era do CDS mas acabou no PSD com grande projecção no recente congresso, tenha afirmado que este Governo a "repugna" por ser de esquerda.

É a vida, a vidinha!

21.2.18

Assim falou... Eligna Fraga


Sinónimos para "repugnante":
nojento, asqueroso, repulsivo, nauseabundo...

Assim falou Elina, a militante secreta do PSD que Rui Rio deu à luz no 37º Congresso. Foi numa entrevista para a SIC Notícias / Edição da Noite de 20Fev2018.

Actualização em 2018 Fev 22:
Várias irregularidades de gestão por parte de Elina Fraga, como bastonária da Ordem dos Advogados, foram detectadas numa auditoria encomendada pelo atual bastonário e sucessor de Fraga, Guilherme Figueiredo - lê-se em http://observador.pt/2018/02/21/atual-vice-presidente-do-psd-aprovou-auditoria-a-elina-fraga-na-ordem-dos-advogados/

1.2.18

Avanti, itália!

Como se sabe, Amesterdão foi a cidade escolhida para receber a Agência Europeia do Medicamento (EMA) a que o Porto se candidatou entre outras cidades da União Europeia. No entanto há quem não se renda e continue a reclamá-la para si, "como se" os interesses da Europa não fossem os interesses de cada estado membro. Oppps! 


A imagem foi recortada no jornal italiano Avanti! que desenvolve o assunto.


31.1.18

Em matéria de Justiça

A questão dos convites oferecidos a Mário Centeno a troco de favores ao presidente do Benfica não faz sentido pelos convites mas pode fazer sentido se vultuosos favores aconteceram.

O pagamento de despesas pessoais de secretários de Estado com uso do cartão de crédito destinado a despesas de Estado, só faz sentido se essas despesas atingirem valores relevantes. Não é bem o mesmo que uma organização destinada a roubar dinheiro da Segurança Social, por exemplo.

Já a suspeita de tráfico de influência em decisões judiciais que recai alegadamente sobre Rui Rangel e outros, envolvendo movimentos financeiros que indiciam branqueamento de capitais e recebimento indevido de vantagem, não pode deixar de merecer uma investigação profunda.

Aparentemente, não há comparação entre os diferentes casos noticiados neste dia.

Passar das aparências à revelação dos factos em toda a sua extensão é o processo em curso que terá de resistir à previsível contra-ofensiva dos “desinteressados” no mesmo. Parece que “a verdade da mentira”, como escreveu Gonçalo Amaral acerca do caso Maddie, é o busílis de todas as questões em matéria de Justiça. Ou mesmo em matéria de justiça.

23.1.18

CTT estão como se vê

O PSD e o CDS privatizaram os CTT em nome da modernização e melhoria dos serviços prestados. A realidade demonstrou que se trata de um processo de destruição de uma empresa estratégica para o País, com cinco séculos de história.

Os tempos de espera e de resposta e a degradação geral mostram que os serviços estão muito piores do que acontecia ainda antes das novas tecnologias.

É assumido já o encerramento de 22 estações. O atendimento que era feito aos balcões da empresa passou em grande parte para lojas do comércio como papelarias ou mercearias. E a distribuição deixa de ser feita por carteiros e é entregue a distribuidores de publicidade. Entregar uma carta registada, enfim, passa a ser um gesto tão responsável como vender um lápis ou um quilo de cenouras.

Entretanto, a administração vai distribuindo dividendos muito para além dos lucros da empresa assim obtidos.

Exige-se que o Estado tome «medidas urgentes» para reversão da situação. O Estado pode rescindir o contrato por falta de cumprimento e nomear uma administração da sua confiança. Mas o pior está feito; como de costume, as privatizações deitam o fogo e o Estado nacionaliza as cinzas, como diz Bruno Dias, deputado do PCP.

É o mercado (livre, liberal) a funcionar...

20.1.18

É a crise dos 27 anos

Uma semana depois de fazer 28 anos ainda falava disso com entusiasmo, isto é, com vivacidade se não mesmo alarido. Não era alegria, animação; pelo contrário, era perturbação, preocupação. Tinha passado dos maravilhosos vinte e sete que é a idade ideal duma mulher enquanto tal – ainda que para o homem seja igual.

A sensação de ter chegado ao fim, não o fim da vida mas da ascensão ao céu do estrelato, ocorre frequentemente com celebridades desta idade. Para quem se habituou a voar inebriado pelo êxito e pelo aplauso, pensar que chegou ao topo, que não há mais céu, mais brilho, mais deslumbramento, ainda que seja um engano, um medo apenas, é-lhe insuportável. Dir-se-ia que à falta de mais céu para alimentar a fama, buscam o inferno. Ou então o céu decepcionou-os.

Terá sido tudo isto que precipitou para a morte precoce, aos 27 anos, Amy Winehouse, Linda Jones, Jimi Hendrix e Jim Morrison, entre tantos outros.  

Uma semana depois de fazer 28 anos, porém, aquela de quem falo não almejava o estrelato senão à escala da sua condição de artista de rua, por assim dizer, para quem a forma física é o principal critério de competência. Por isso decidiu fazer umas tantas operações plásticas que lhe custarão muitas noites mal pagas. É uma outra forma de suicídio, talvez, porém na esperança de que este lhe devolverá por muito tempo os vinte e sete anos.

Para evitar equívocos, devo acrescentar que tais coisas, nascidas de profundas depressões, podem acontecer em muitas outras idades como no caso de Emilio Salgari, Hemingway, Stefan Zweig, Rainer Fassbinder, Violeta Parra, Florbela Espanca, Camilo Castelo Branco ou Antero de Quental. E Mário de Sá Carneiro que não quis sequer chegar aos 27 – dois anos antes escreveu serenamente uma carta de despedida e partiu.


É a vida... A má vida! – dizem. 

2.1.18

Festas de caca

Os piores dias do ano são o 25 de Dezembro e o primeiro de Janeiro. Não tenho grandes dúvidas sobre isso.



Na noite de Natal,  uma genuina benfeitora, porventura uma avó generosa, trabalha mais que noutro dia qualquer para inventar um dia feliz para a toda a família – um conjunto heterogéneo de pessoas que não se encontram nem querem encontrar durante todo o resto do ano é encaminhada para um improvisado templo particular onde se celebra uma falsa comunhão. É uma espécie de bodo aos pobres-de-alma, que dura o tempo de uma ceia, e findo o qual regressa cada um à sua solidão, frustrado porque o milagre da sagrada família não passou de uma ilusão.

No dia seguinte, 25 de Dezembro, acorda-se para o vazio interior com fome de felicidade. Também as ruas estão vazias, as lojas fechadas, os cafés, os restaurantes, encerrados... A cidade parece ter sido devastada e os poucos que se atrevem a percorrê-la assemelham-se a fantasmas aturdidos. Os únicos sinais de vida são os amontoados de lixo que a véspera derramou. É a cagada do Natal.

Mas o povo não desiste e, uma semana depois, organiza uma noite de arromba, a noite de fim-de-ano. Agora a família é toda a gente e o templo é a praça pública, a maior que houver; o presépio é um palco gigantesco e profusamente iluminado, com muitos meninos e meninas contratados para provocar excitação com música e barulho e beijos alcoolizados. É a festa pela festa e bem-haja quem puder ou souber aproveitar porque esta vida são dois dias e o dia seguinte vai ser uma desgraça.

O dia seguinte, primeiro de Janeiro, é feriado para que as pessoas acordem devagar para a realidade do ano novo que começa. Novamente as ruas estão vazias, as lojas fechadas, os cafés, os restaurantes, encerrados... E a cidade fantasma oferece uma imagem de destruição aos seres que a percorram em busca de um resto de felicidade, de alegria, de vida ao menos. Mas tudo o que terão para desfrutar são garrafas vazias, copos partidos, lixos sortidos e muito abundantes. É a porcaria do ano novo.