29.6.13

Como as ideias mudam

Todas as lutas populares são más...
até se tornarem vitoriosas.

Recomendo o visionamento até à entrada da publicidade
(cerca dos 8 min.s).


27.6.13

A palavra "respeito"

O ministro diz que respeita quem faz greve mas que "respeita mais" quem não a faz.

A palavra "respeito" queima a boca a quem rouba vencimentos e reformas, subsídios e direitos, a quem despede e manda os desempregados emigrarem...

Estes governantes não respeitam senão "os mercados" e os seus representantes da troika: "É preciso honrar os compromissos" mas não os compromissos com os portugueses.

E nem é respeito, é estratégia ideológica: "Custar-me-ia que um governo que tem uma missão histórica, caísse por desentendimentos menores" (P. Coelho em 8 de Junho).

26.6.13

Liberta-te ou morre

Agora, amigo! É agora ou nunca.
Enquanto há vento e enquanto há tempo.
Não te peço coragem, peço-te vontade;
não te peço heroismo, peço dignidade.

Mas se ficares calado, cala-te para sempre:
não voltes a dizer-me que foste enganado.
Hoje perdes a voz, amanhã a liberdade
e então dirás: agora já é tarde!


Se o comandante aponta para o mapa
mas os teus olhos vêem um rochedo,
agarra o leme sem hesitar, sem medo.


Trabalhador, está nas tuas mãos.
Não há depois, está na hora, o tempo corre.
“Meu povo, liberta-te ou morre”.


Nota:
O último verso é copiado do poema de Joaquim Namorado, “Port Wine”. O resto é um aviso… de improviso.

+ informações sobre a greve geral +

24.6.13

PS regressa ao anticomunismo

Este é o discurso do PS para derrubar o Governo e formar uma futura aliança... à esquerda. Só falta mandar vir o Frank Carlucci...

22.6.13

Dilma vs Coelho

Quando Dilma Rousseff diz que “é a cidadania e não o poder econômico quem deve ser ouvido em primeiro lugar”, ela está a ser sincera. Ela que foi presa e torturada por se opor ao autoritarismo no Brasil.


Quando Passos Coelho diz: “sabemos para onde queremos ir e não vamos desistir”, também está a ser sincero!...
E quando Poiares Maduro, adjunto de P. Coelho, diz que “um dos grandes problemas em Portugal é que tudo é contestado”, fala com a mesma convicção.

Moral da história: não é o grau de convicção mas o grau de solidariedade social e o sentido de justiça que distinguem os políticos.

21.6.13

Brasil "de saco cheio"

Dois cêntimos de aumento no bilhete de autocarro foi a gota de água que fez transbordar o copo, no Brasil. Nas manifestações como nas greves e até nas guerras, é sempre uma gota de água…

Ignorar toda a outra água que antes se foi acumulando até chegar ao topo, ignorar o descontentamento e a revolta que se acumula pacificamente até “encher o saco” e transbordar,seria um suicídio político. Aquela acumulação explica que os protestos continuem depois de o Governo ter correspondido prontamente à exigência inicial.

«Os protestos já se deslocaram e estão mirando os gastos irresponsáveis, criminosos e eleitoreiros, feitos nesta orgia de gastos, propinas e superfaturamentos das obras e dos estádios da Copa. São bilhões de dólares roubados à saúde e à educação do povo brasileiro» - desabafava um cidadão.

A população que assistiu nos últimos dez anos à consolidação de um governo democrático e popular, e ao desenvolvimento extraordinário do país, sob a direcção do presidente Lula e da presidente Dilma, exige agora que esse progresso seja posto ao seu serviço de forma satisfatória, nomeadamente através das prestações de saúde, da educação e dos transportes.

Ainda que os governos de Lula e Dilma tenham tirado milhões de pessoas da pobreza, a classe média exige um nível de vida compatível com o estatuto mundial que o país alcançou, e as classes mais desfavorecidas reclamam contra as desigualdades.

Pode ser genuína a compreensão manifestada por Dilma Rousseff e a adesão aos protestos do próprio PT, mas Dilma é a presidente e o PT é o partido que está no poder, logo o que lhes compete é apresentar iniciativas políticas para fazer face aos problemas denunciados. E se estes não aparecem sistematizados porque o movimento de protesto é anárquico, não há-de ser difícil a quem governa, identificá-los – pior seria!

A dignidade com que o Governo tem lidado com esta explosão social, e o cuidado com que a generalidade dos manifestantes reprova e evita os grupos provocatórios violentos, alimenta a esperança de que esta seja uma “boa onda” para refrescar o Brasil e não para afogá-lo como desejariam alguns sectores extremistas infiltrados.

Creio que vai no bom sentido a declaração oficial do Partido dos Trabalhadores quando "conclama a militância a continuar presente e atuante nas manifestações lado a lado com outros partidos e movimentos do campo democrático e popular", e diz que a presença de filiados do PT, com "nossas cores e bandeiras neste e em todos os movimentos sociais, tem sido um fator positivo não só para o fortalecimento, mas, inclusive, para impedir que a mídia conservadora e a direita possam influenciar, com suas pautas, as manifestações legítimas".

19.6.13

Violência vs violência

Pode-se passar o tempo a noticiar e discutir a violência dos manifestantes e dos polícias, mas convém não perder de vista o que sente um brasileiro quando paga 6,4 reais para fazer duas viagens de autocarro para trabalhar, dos 20 reais que ganha nesse dia!

É que, por trás de cada protesto violento ou não, há um pretexto, esse violento quase sempre.

16.6.13

"Dificuldade de governar"

Todos os dias os ministros dizem ao povo como é difícil governar

Se governar fosse fácil, não haveria necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer

Ou será que governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira são coisas que custam a aprender?


Bertold Brecht

12.6.13

Passos Coelho no divã



Mais profeta do que militante – “que se lixem as eleições”, disse ele - Passos Coelho julga-se mandatado pela História para uma missão cujo mérito os mandantes (eleitores) hão-de reconhecer... mais tarde. Tal como outras figuras messiânicas da política, ele acha que “a História o absolverá”.

Os seus apóstolos mais próximos formam uma trindade; os seus mentores também e outros tantos são os seus inimigos. Apóstolos: Miguel Relvas, Paulo Portas e Vitor Gaspar. Mentores: Merkel, a troika e os mercados. Inimigos: a Constituição, o estado Social e os portugueses em geral: professores, médicos, juízes, militares, funcionários, reformados, operários, jornalistas, sindicatos, livres-pensadores e as chuvas invernais.

Se parece um exagero da minha parte, não é porque os factos o não confirmem mas porque “é mau demais para ser verdade”, isto é, custa a acreditar. No entanto, se tivermos em conta os efeitos psico-patológicos que o Poder exerce sobre as mentes, tal como ensinou Lacan, acharemos menos improvável.

Segundo este discípulo de Freud, um cidadão qualquer quando sobe ao poder, altera o seu psiquismo. O seu olhar sobre os outros, altera-se; admita ou não, ele olhará "de cima" os seus "governados", os "comandados", os "coordenados", enfim, os demais. (Isto explica a sobranceria em relação ao Tribunal Constitucional, por exemplo).

Ainda que a corrosiva dúvida que assalta qualquer ser humano, perturbe os seus sonhos, assalte o seu pensamento, sobretudo quando emerge de provas evidentes e avisos persistentes, o orgulho ou a cobardia política não lhe permitirão mudar de rumo e, pelo que tem dito, nem sequer mudar de vida. Outros terão que dar-lhe uma ajuda!

9.6.13

Porque hoje é domingo (41)

Quando Jesus se aproximava da porta da cidade de Naim, saía o enterro de um jovem, filho único de uma viúva. Uma multidão numerosa da cidade o seguia. Ao ver a pobre mãe encharcada em lágrimas, o Senhor teve compaixão e tentou consolá-la dizendo: “Não chores!” E, aproximando-se, tocou o caixão. Os que o carregavam, pararam e Jesus disse:“Moço, eu te ordeno, levanta-te”.

O morto sentou-se e começou a falar, e Jesus entregou-o à mãe. O medo apoderou-se de todos, e louvavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós, Deus visitou seu povo”. A notícia correu por toda a Judéia e não só.


Quem sou eu para duvidar de Lucas, médico solteiro e sem filhos, padroeiro de médicos, curandeiros e pintores? Interrogo-me apenas se ele se responsabiliza pelos factos ou tão só por lhe terem contado – que uma coisa é “eu vi” e outra bem diferente é “eu ouvi dizer”… (Lc 7, 11-17)

Mas dêmos por boa a informação, que eu já estou por tudo para não tirar a esperança nos milagres, que é o que nos resta. A questão que não posso ignorar é que o Filho de Deus seja tão piedoso quando se trata de um caso singular e seja tão indiferente quando se trata dos milhares de jovens, crianças, mulheres e homens que ainda hoje continuam a morrer em catástrofes e combates, por este mundo… de Deus. Ele que era sírio, ao que consta, sabe bem do que eu estou a falar.

Certo é que, enquanto “Deus escreve direito por linhas tortas”, como Passos Coelho, as vítimas vão-se amontoando a torto e a direito.




NOTA:
A foto inicial refere-se a uma mulher palestina, refugiada de um acampamento no norte da Faixa de Gaza, chorando a morte de dez parentes, durante o funeral na Jebaliya, em 2009.
(Recortada em valeriareis.blogspot)

8.6.13

De Loures a Istambul



Milhares de pinheiros-mansos começaram a ser abatidos no início deste mês, numa área de 5,4 hectares da chamada Mata do Paraíso, junto ao Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), para ali ser construída uma central fotovoltaica do grupo Martifer.

O problema não está nas energias limpas (sol, vento, água, marés, etc.,) e na sua utilização para produzir eletricidade, mas sim na forma neoliberal de sua exploração capitalista intensa com vista a um fim principal: lucros rápidos e chorudos.




Esta denúncia que recortei no blogue Praça do Bocage fez-me lembrar o que se está a passar na Praça Taksim, em Istambul, onde manifestantes turcos protestam há uma semana contra a razia do Parque Gezi para instalação de um grande centro comercial, em nome do progresso!... Mutatis mutandis.

Nota: As fotografias não foram recortadas no sítio do texto. A foto de pinheiros mansos, nomeadamente, foi recolhida em Naturlink

4.6.13

O grito português

... ouve-se longe



O meu título pretende invocar, como a foto parece fazer também, "O Grito" do pintor norueguês Edvard Munch. Infelismente, a foto não está assinada no jornal La Republica, da Colômbia.

2.6.13

Porque hoje é domingo (40)




Não é sem preocupação que as supremas autoridades da Igreja Católica encaram as homilias com que lavam os cérebros dos crentes por esse mundo.

A questão é que esses discursos, ouvidos reverencialmente por milhões de "fiéis", nem sempre respeitam a função convencional de "explicar" ao povo o sentido dos textos evangélicos. Pior que isso, digo eu, nem sempre prestigiam a Igreja pela forma como são apresentados.


Bento XVI, numa Exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, mencionava a “atenção particular que, no Sínodo, foi dispensada ao tema” e recordava como já anteriormente (*) havia indicado “a necessidade de melhorar a qualidade da homilia”.

A questão, quanto a mim, é que é difícil explicar o inexplicável. Afinal, a imagem depende sempre do objecto e, tal como é difícil dar uma imagem democrática da "ditadura do proletariado", ou dar uma imagem respeitável de políticos mentirosos e corruptos, dificilmente os polémicos e os absurdos textos bíblicos podem ser defendidos com credibilidade.

Não devia a palavra de Deus e a fé dos crentes estar sujeita a estas preocupações, mas uma vez que está, convém ter presente que no domínio do marketing não há milagres; quando muito, há "criatividade" mas no sentido artístico do termo.


Referência(*): Exortação posterior ao Sínodo imediatamente anterior.
Autoria: A segunda imagem foi recortada em portogente.com.br