29.5.22

Porque hoje é domingo (122)

Julgava eu, na minha inocência, que Deus sabia tudo o que eu queria e que tudo fazia para me satisfazer, Ele que é amor e caridade e etc. Mas não, Jesus terá afirmado (João 16,23b-24): "Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vo-la dará. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis; para que a vossa alegria seja completa”.

Tantos milhões de crentes se arrastam neste vale de lágrimas e de mortos em guerras e catástrofes, pedindo nada mais do que piedade, e o truque de Jesus não dá resultado.

É o que pode acontecer quando se promete aquilo que não se pode dar.

Post scriptum: As promessas de vitória de Zelensky ao seu povo não são para aqui chamadas. Ou são?

22.5.22

Porque hoje é domingo (121)

À falta de razão, de racionalidade, a Igreja insiste hoje (João 14,23.25-26) em embalar-nos num discurso indecifrável para nos convencer que “a verdade” nos transcende, logo, só temos que aceitar as suas palavras, os “ensinamentos” de um Deus que só os sacerdotes são capazes de entender e explicar. Aproveita-se da ingenuidade, da fragilidade, dos medos que habitam a condição humana, para nos submeter aos seus domínios de poder e de riqueza.

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra e o meu Pai o amará”, isto é, se alguém me obedece, eu o defenderei” – eu, me, a Igreja, visto que só ela sabe o que Deus quer! E o que mais pode desejar alguém do que ter quem o defenda neste mundo de guerras e doenças, de pobreza e de incerteza?

E tanto que haveria para dizer sobre o amor...

16.5.22

Porque hoje é domingo (120)

A cena que João nos conta para a homilia de hoje (João 13,31-33a) passa-se no lugar da última ceia de Jesus, um lugar que Leonardo Da Vince retratou com o cuidado de dispor todos os apóstolos do mesmo lado da mesa, de modo a que nenhum deles ficasse de costas para a “câmara”.

Tratando-se realmente de uma pintura, consta que o autor teve a possibilidade de assumir, com a sua cara, a personagem de Judas. Nada de novo, portanto, no capricho de Hitchcock em fazer uma perninha nos filmes que realizava.

Um outro acontecimento cinematográfico que vale a pena invocar a este respeito, é um filme em que aquela morte não decorre de uma traição de um apóstolo, mas sim de uma missão de que este foi encarregado pelo próprio Cristo para dar cumprimento a uma profecia.

Cinematografias à parte, esta tese da traição combinada, aparece em 2006 com “A Marioneta e o Anão” de Žižek, como pode ler-se AQUI e de que transcrevo um excerto, com religiosa vénia ao autor: “visto que a sua [de Judas] traição era necessária para levar a cabo a sua [de Jesus] missão (redimir a humanidade pela morte na cruz) não precisava Cristo dela? As suas palavras inquietantes durante a Última Ceia não serão uma intimidação secreta endereçada a Judas para que ele o atraiçoe?

8.5.22

Porque hoje é domingo (119)

Se Jesus morreu por nós, há que reconhecer que muitos mais morrem por ele. Hoje e sempre, aqui e em toda a parte.
Sobre o tema: https://revistagalileu.globo.com/

5.5.22

Nacionalismo dá mais

Não sei o que será o futuro de Zelensky, mas sei que o seu propósito não é dirigir um grande partido, é dirigir o país. Por isso a sua bandeira não é a cruz suástica ou qualquer outra, é o nacionalismo. Tal como Putin, claro, com a diferença de que este não precisa de atrair as tropas, ele tem-nas já.