30.9.16

Baralho espanhol

O confronto entre o PP de Rajoy e o PSOE de Sanchez ganhou uma dimensão tal que deixou ambos sem margem de manobra. A saída política foi bloqueda. Rajoy reclama o direito de governar, invocando a legitimidade de partido mais votado – ele tem um Ás; Sanchez reclama o direito de se opor a tal governo, invocando a sua discordância com o projecto político do Partido Popular – ele tem um trunfo.

Ambas as posições são legítimas. No entanto, a impossibilidade que tem cada um deles de formar alianças maioritárias, inviabiliza uma solução de governo. Uma aliança PP/Ciudadanos (137+32) é insuficiente; uma aliança PSOE/Podemos (85+71) é insuficiente mas também inviável.

No jogo contam muitas outras cartas, é certo, nomedamente os duques regionais, e nas mãos de Rajoy só faltam seis pontos, digo seis deputados. Mas é suficiente para perder o jogo. Por outro lado, Ciudadanos que entrou no jogo como um Joker, parece agora pouco inclinado a fazer parte do mesmo naipe do Podemos para uma eventual coligação baseada no PSOE. Por este caminho que vai fazendo andando, não seria de admirar que acabasse no Rei a jogada final.

No meio deste jogo, assistimos no passado dia 28/9, à demissão colectiva de funções, de um número importante de quadros destacados do PSOE. Pelo lugar que ocupam e pelo número de demissões, esta iniciativa terá repercussões inevitáveis na autoridade do líder e é mesmo essa a intenção: forçar a saída de Pedro Sánchez.

A opinião mais corrente parece ser de que este afastamento de Sanchez tenha em vista desbloquear a formação de um governo do PP através da abstenção dos deputados socialistas, mas eu que raramente acerto neste tipo de previsões – fica o aviso! –, estou mais inclinado para julgar que tudo desembocará numa coligação PP/PSOE sem Sanchez.

24.9.16

Da Rússia contra a Rússia



José Milhazes, nostálgico da União Soviética que tanta falta faz para estimular os sus clientes, assume ainda assim a missão religiosa de combater os partidos comunistas do Minho aos Urais, e ocupa um lugar no altar do Observador. É o que ele sabe fazer!

O José Milhazes mostra definitivamente ao que vem, o que o move. Qual filho pródigo, regressa com a batina de jornalista e vê em Fátima, qual pastorinho de antenho, a salvação da sua obra. 

Com alguma sorte ainda o veremos entrar para um convento e fazer voto de silêncio. Amén.

A imagem apresentada é uma composição deste blogue

20.9.16

Saraivada literária

Muitos daqueles que trabalham para a IMPRESA de Balsemão, isto é, do Expresso, do JL, da Visão, da Caras, das cinco SIC’s, etc., estão indignados com o caracter moral de José António Saraiva.

Este é o homem que dirigiu o jornal Expresso durante vinte e um anos (1985-2006), o homem que se considera dono dos jornalistas do semanário, o homem que andou todos aqueles anos “a fazer opinião” nas cabeças dos cidadãos portugueses, sob a responsabilidade, confiança e amizade de Francisco Pinto Balsemão.

O Expresso conta em média cerca de 585.400 leitores com predomínio na Grande Lisboa. Recentemente orgulhava-se de andar “há 40 anos a fazer opinião”, o que é uma verdade mas denunciava demasiado a sua missão ideológica. A sua e a dos outros, certamente. “Talvez” por isso, mudou de lema para “Liberdade Para Pensar”, o que “corrige” e contraria a ideia de que está aí para influenciar ou condicionar o pensamento dos leitores e eleitores.

“Não é por se chamar cão ao gato que o gato começa a ladrar”. Mas alguma importância terão os lemas, para serem usados e mudados com tanto empenho.

Reconheço a importância social que o semanário teve antes e depois da revolução democrática de 74 e a competência técnica dos seus colaboradores em geral. Actualmente é o jornal de José Gomes Ferreira e Miguel Sousa Tavares, mas também de Nicolau Santos e de Daniel Oliveira - do centrão social-democrata a que alguns não-alinhados, digamos assim, emprestam uma imagem de pluralismo mais abrangente.

Também reconheço o direito e até o interesse público de um jornal com a sua matriz ideológica. “Independência” é que soa a falso neste como em qualquer outro jornal. Independência de quê? Do poder político não é certamente: Pinto Balsemão é o associado mais antigo e o mais influente do PPD/PSD e continua a emprestar a sua presença e apoio ao seu partido.

Balsemão aconselhava-se com José António Saraiva sobre os directores a nomear para os seus orgãos de comunicação, como este relata no livro em desapreço.

Na roda de amigos a que ambas as personagens anteriores pertenciam, entravam figuras tão relevantes para “fazer opinião” e dar emprego!, como Emídio Rangel (TSF/SIC/RTP) José Eduardo Moniz ou José Sócrates… E é aqui que a porca torce o rabo: quem pretendem proteger os novos sicatários jornalísticos de Saraiva? Porque é que não extraem nada sobre a cumplicidade partidária na gestão da “Comunicação Social”?

Merecem-se uns aos outros, muitos deles.

19.9.16

Censura à nossa moda

"Liberdade de Informação" já temos - no quadro do sistema político vigente... Agora "só" falta a liberdade de sermos informados!



15.9.16

Crucifica-o!, disse o povo.


O juiz Carlos Alexandre já foi responsável por processos como a Operação Furacão, BPN, Máfia da Noite, Face Oculta, Remédio Santo, CTT, Freeport, Submarinos, Apito Dourado, Portucale, Monte Branco, Labirinto (Vistos Gold)…

Pelo esforço, dedicação e coragem, num serviço público de elevada responsabilidade e importância, o juiz devia receber uma distinção. Em vez disso escarram-lhe na cara os zelosos fazedores de opinião, desde os mais suspeitos aos mais imprevisíveis, ora em defesa de interesses inconfessáveis, ora para ganharem a medalha da "imparcialidade" e da "legalidade", por mais paradoxal que isso seja.

Entretanto a corrupção agradece a uns, paga a outros e prossegue cantando e rindo.

11.9.16

Comandos e comandantes

A primeira questão não é saber se as práticas que deram origem à morte dos dois instruendos do curso de comandos, eram ou não adequadas – os resultados mostraram à evidência que não eram! A questão é saber de que estão à espera os responsáveis, desde os instrutores e director de Formação até ao General Chefe do Estado-Maior do Exército!

Por sua vez, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, não tem muito tempo para decidir pelas respectivas demissões e apuramento posterior de responsabilidades criminais. Nada que o Comandante Supremo das Forças Armadas possa resolver com umas palavrinhas de condolências e um sorriso afectuoso para televisão ver.

«Quem tinha poder para decidir decidiu, e bem. Há o pleno apoio do Comandante Supremo das Forças Armadas às duas decisões tomadas: à primeira decisão, a da abertura de um inquérito, e à segunda decisão, relativamente aos cursos». É curto, Marcelo, é curto! Afinal você está com Jesus ou com Pilatos? Chegou a hora de sujar as mãos, Presidente.

A segunda questão não é saber se deve haver ou não tropas especiais, é saber que utilidade têm e a que normas obedecem. Quem responde pelo seu cumprimento, já ficou dito.

Quanto ao resultado de um processo de investigação iniciado “em tempo útil e com competência", pelo Exército, faz rir quem como eu teve que frequentar durante três malditos anos, aquela instituição hierarquicamente agressiva e blindada.

5.9.16

Palácio de Cristal

 Se trago aqui esta recomendação é porque este ano a Feira está linda - o que nem sempre aconteceu... E os jardins do Palácio de Cristal, eles próprios estão mais vivos e mais alegres com a Feira e as outras iniciativas associadas.