25.6.17

Para memória futura

Um pouco por todos os lugares, aldeias e vilas que arderam, são muitos aqueles que se queixam de abandono, por parte das autoridades e instituições. “Eu não ponho culpa nas pessoas que estão no terreno, eles até se podem esforçar, mas quem manda neles não sabe o que está a fazer”, refere Paulo, naquilo que parece ser uma opinião muito comum, para não dizer unânime.
"Abandonados" em Observador 2017Jun24

Daniel Saúde tirou a primeira fotografia ao incêndio 39 minutos depois de ligar para o 112. Diz que esteve uma semana à espera de ser contactado pela PJ - “afinal fui eu que liguei para o 112” - e que por isso vai ser ele agora a ligar à polícia. A história do momento zero do fogo em Pedrógão.
Expresso.sapo.pt 2017Jun23

23.6.17

É a Direita a politizar

Perante uma tragédia em que morrem 64 pessoas, se contam centenas de feridos e muitas propriedades são devastadas pelo fogo, o que menos domina as preocupações das vítimas sobreviventes é confirmar com rigor científico se o fogo foi desencadeado por um raio, por um cigarro  ou por um incendiário motivado por doença ou por dinheiro. Como se sabe da longa história dos incêndios florestais, tais averiguações não trazem nenhuma melhoria às populações.

De resto, sobre as causas e eventuais causadores, foi desencadeado um inquérito pela Procuradoria Geral da República logo que houve notícia das ocorrências.

Talvez seja por estas razões que o PCP e o BE desvalorizam a iniciativa do PSD no sentido de criar uma comissão técnica independente para esse fim.

Mas, ao contrário dos termos em que aquela pretensão de Passos Coelho  foi noticiada inicialmente, encontramos um alcance mais amplo; trata-se de apurar “as causas e circunstâncias diversas que estiveram na origem da tragédia ocorrida no sábado em Pedrógão Grande”. Não se trata apenas, portanto, da origem do incêndio mas sim da origem da tragédia e das respectivas circunstâncias.

Sendo evidente e confirmado que o Governo já havia tomado essa iniciativa, o que a Direita vem agora pretender é que essas diligências sejam feitas através duma comissão, isto é, sem a coordenação do Governo.

Se tivermos em conta que António Costa fez públicas as perguntas que dirigiu  às autoridades competentes e as respostas que já obteve, mais ociosa parece ser a criação da tal comissão. Pior que isso, do que sabemos como funcionam as comissões, o que parece é que as diligências expeditas do primeiro-ministro serão travadas por uma entidade burocrática e politizada – já se adivinham as discussões sobre a composição partidária da querida comissão…


Vem Conceição Cristas (CDS) espantar-se por o Governo fazer perguntas, vem Luís Montenegro (PSD) apelar a uma investigação “de forma célere” - «devemos em conferência de líderes, com carácter de urgência, acertar a composição, o funcionamento e os fins, da Comissão Técnica Independente que agora propomos" – e a gente tem que os levar a sério… e não politizar!!!

18.6.17

discursos piedosos


Testemunhos

“Estamos isolados e desapoiados”, disse uma habitante, salientando que, durante o dia, não viu qualquer meio aéreo a operar naquele concelho.

O presidente da direcção dos Bombeiros de Castanheira de Pera concorda e vai mais longe: “se não fossem os castanheirenses ainda sobrava menos”.

Opiniões

Dão-nos lições sobre o aquecimento global, e depois não conseguem controlar um fenómeno que se repete cada ano, nas mesmas condições, como os fogos florestais. O vazio de liderança política é óbvio.
Rui Ramos / Observador

16.6.17

Serões de televisão

À terça-feira temos talvez o mais equilibrado programa de debate: O Outro Lado. Mas dizer, como a respectiva promoção, que se trata de um programa com uma nova geração... que não se deixou "triturar" pelas máquinas partidárias", já é entrar numa linguagem fascizante! Para Salazar, por exemplo, o verdadeiro parlamento era o Governo; para João Adelino Faria, o verdadeiro parlamento é o seu programa de televisão.


À quinta feira temos oportunidade de revisitar o velho arco da governação num programa da SIC-notícias em que participam, invariavelmente, comentadores vindos do PS, do PSD e do CDS, “malgré” alguns paradoxos desta representação como é próprio de um programa que se chama “Quadratura do Círculo”. Desde que o inimigo principal seja o grande ausente, o pensamento socialista propriamente dito, eles pagam o mal que lhes sabe Pacheco Pereira pelo bem que lhes faz o seu prestígio e popularidade.


Também às quintas-feiras, às 22h30 na TVI24, nos é dado conviver (passivamente) com três figuras da política partidária mas, desta vez, o leque abrange a extrema esquerda e não a extrema direita – passe a extrema expressão. É a “Prova dos Nove”.

Também aqui, por coincidência, a figura com maior destaque pertence ao PSD – Paulo Rangel. Mas ao contrário de Pacheco Pereira, Rangel é um radical apoiante das políticas da direita – o que torna dispensável um representante do CDS.


À sexta-feira somos transportados pelo “Expresso da Meia Noite”, título que remete para uma história de pesadelo, no cinema, mas cujo significado enquanto programa de televisão invoca propriamente o patrocinador Jornal Expresso e a hora a que o programa é transmitido.

É claro que reflecte “o sistema dominante” – disso se encarrega o omnisciente Ricardo Costa. Mas traduz-se geralmente por um serão saudável quando é apresentado por esse tal Ricardo e o Nicolau Santos.


Ainda à sexta-feira, faz-se crochet em “O Último Apaga a Luz” da RTP3. Destaca-se o moderador, pela inteligência e bom-humor, apesar da modéstia, nas suas curtas intervenções. Raquel Varela desempenha o papel da arrogante intelectual de esquerda, uma espécie de Daniel Oliveira deste sítio, e o Rodrigo Não-Sei-Quê faz de conta que é um intelectual de direita.


Nas noites de sábado estamos com o governo, digo o “Governo Sombra”. É uma transmissão directa da TVI24.

Dizer que é irónico é já dizer que é inteligente. Geralmente! Quem tiver paciência para suportar o João Miguel Tavares, ganha com o que às vezes se aprende de Pedro Mexia (descontem-lhe algum reaccionarismo) e sobretudo com o que a gente se diverte (sem histeria) “à custa” do Ricardo Araújo Pereira.


Também ao sábado, há um serão alternativo para mazoquistas. É o
“Eixo do Mal” na SIC Notícias. É sobretudo o eixo da má-língua. Melhor dizendo: das más línguas. Um exibicionismo pessoal repugnante, uma arrogância intelectual insuportável, que cobrem de poeira os mais acertados argumentos que possam defender. 

No meio daquele galinheiro, quem menos agita a crista é Luis Pedro Nunes, o único que diz menos do que tem para dizer mas que se diverte mais genuinamente.




13.6.17

Do alojamento local
e do capital


Julgava eu que a “economia de mercado”, a livre concorrência”, era o modo de funcionamento defendido pelos investidores e gestores no sistema capitalista. E que este sistema oferecia a melhor garantia de desenvolvimento económico, permitindo a selecção dos mais capazes e o critério justo de fixação dos preços.

Até que ouço um representante qualificado do sistema, a rebelar-se contra o recrudescimento do alojamento local, isto é, da oferta paralela à hotelaria tradicional por causa… da concorrência que aquele faz aos hotéis tradicionais.

“Tem que haver uma estratégia coordenada entre os empresários da hotelaria para aumentar os preços” – diz ele. E compara os preços nos nossos hotéis com os preços de Paris ou Londres!

Definitivamente eu não devia esquecer-me das teorias de Karl Marx, nomeadamente quanto à formação dos preços… Mas o velho sábio escreveu tanta porra que eu prefiro ver o senhor Carlos Leal discorrer, de forma resumida e até simpática, como funciona… o capitalismo real.

NOTAS
Carlos Leal é gestor de empresas e administrador do grupo IFA Hotéis & Resorts consórcio e parceiro de investimento, líder mundial no desenvolvimento de empreendimentos hoteleiros e residenciais, com operações que se estendem pelo Médio Oriente, Europa, África, América do Norte e Oceano Índico. As suas declarações foram prestadas em entrevista programa “Tudo é Economia” que é emitido na RTP3 às Segundas-feiras, pelas 23 horas.

Nada me move contra Carlos Leal que aqui é citado apenas como pretexto para tratar o sofisma do liberalismo económico. Menos ainda me move contra o programa de televisão referido e que até recomendo.

12.6.17

A guerra da Informação

Arábia Saudita e Jordânia revogaram esta semana a licença de atividade de televisão da mais importante emissora do mundo árabe, a Al-Jazeera, com sede no Qatar. Os escritórios já estão a ser fechados em diversos países.

O governo da Arábia Saudita justifica esta medida “em função do canal Al-Jazeera ter colaborado com os planos de grupos terroristas, ter apoiado os houthis, que realizaram um golpe de estado no Iêmen, e ter tentado desestabilizar a situação na Arábia Saudita”.

Entretanto (09.06.2017) Sputniknews conta que…

O noticiado uso de armas químicas pelo exército sírio contra civis, que fez correr tanta tinta e lágrimas de crocodilo no ocidente, foi uma simulação encenada e realizada por equipas de profissionais do audiovisual.

Nas filmagens em questão terão estado envolvidos 30 carros de bombeiros e ambulâncias, bem como 70 moradores locais com crianças trazidas de um campo de refugiados.

"Para dar verosimilhança ao vídeo, as filmagens foram feitas com telefones celulares, de vários ângulos, bem como um drone. Depois do fim do 'processo de filmagem' cada participante, incluindo as crianças, terá recebido mil libras sírias e um conjunto de produtos alimentícios".

E não digam a ninguém que…

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que deputados opositores recrutam jovens para gerar distúrbios nas manifestações que a oposição realiza desde 1 de Abril e anunciou que enviará hoje, segunda-feira, uma carta ao papa Francisco solicitando a sua mediação com a oposição para evitar "utilizar crianças" em actos de violência durante os protestos. .
Em 11 Abril 2017 o Presidente Nicolas Maduro 
é alvejado com pedras pelos manifestantes... pacíficos!

5.6.17

43 mortos dos que não contam

O Ministério de Relações Exteriores e Expatriados da República Árabe da Síria condenou os ataques aéreos realizados pela coligação liderada pelos Estados Unidos que teriam levado a 43 mortes de civis em Raqqa na última sexta-feira (2 de Junho).

Notícia recortada em Sputniknews.
(Não digam a ninguém...)