31.8.10

O retorno de Cavaco Silva

Embora eu lá tenha chegado através de Jorge Luis Borges, vem de Friedrich Nietzsche a “Teoria do Eterno Retorno” que passo a expôr e que me servirá para desfazer um tabu político em curso.


Considerando que tudo o que existe e acontece são átomos em diferentes combinações, e admitindo que o universo é finito, então TUDO O QUE ACONTECE VOLTA A ACONTECER visto que a partir de uma certa altura se esgotam as combinações originais.

Por exemplo: para um conjunto de três átomos, só é possível obter seis combinações diferentes: ABC, ACB, BAC, BCA, CAB, CBA. A partir daqui qualquer combinação terá que repetir uma das anteriores.

Ora o que é válido para um pequeno número de elementos é igualmente válido para um número imenso, com a diferença de ser imensa a quantidade de combinações que se obtêm neste caso. Imensa mas finita, pelo que, a partir de certa altura, as combinações “iniciais” terão que repetir-se. Isto é, como já disse: tudo volta a acontecer!

Assim sendo, fica desfeita a dúvida sobre se Cavaco Silva volta a candidatar-se às presidenciais! (Se assim não fôr fica feita uma demonstração ainda mais importante: que o número de átomos do universo é infinito).

Mas como não aconteceu ainda Cavaco Silva perder as eleições, essa é também uma combinação possível. E afinal quem faz as combinações... somos nós!

PS: Dispenso-me aqui de considerar as partículas do átomo por não alterar a teoria nem ajudar à explicação da mesma. E de considerar a complexidade da teoria tal como Nietzsche a concebeu


Imagem editada por mim a partir de outra recortada em www.drdois.blog.br

25.8.10

A palavra Socialismo ...

... e o preâmbulo da Constituição

O que falta ao Socialismo para ser perfeito? Talvez a liberdade. O que falta ao Capitalismo para ser perfeito? Talvez a solidariedade. (Passe o simplismo).

Como nenhum destes remédios se vende na farmácia, vamos ter que ser nós a fabricá-los.

Sobre a inserção do termo “Socialismo” no preâmbulo da Constituição da República Portuguesa nascida com a revolução anti-fascista de 74, expressão que a direita política abomina desde sempre e esconjura agora com o peito inchado, ela inscreve no ideário do novo regime, aspirações de justiça e solidariedade que mobilizaram o povo português nos combates dos anos setenta, aspirações que levaram para as ruas, de peito aberto e de alma inflamada, aqueles que dariam rumo e determinação ao processo iniciado pelo Movimento dos Capitães.

Falsa questão, a que a Direita invoca. Pela sua lógica o Partido Socialista também devia mudar de nome. Na verdade a palavra faz, isso sim, um apêlo à utopia que no seu melhor se opõe ao que tem de pior o sistema capitalista. Ela inspira valores humanistas e universais. Ela dá sentido a princípios tão condenáveis para a Direita como o ensino e a saúde tendencialmente gratuitas e universais, entre outros. A Direita está mais interessada em consagrar o direito ao despedimento desde que haja "razão atendível"... (Artº 53º)e em condicionar "a repartição justa do rendimento e da riqueza" (Artº 103º)... à "capacidade contributiva" dos cidadãos!". E reforçar a intervenção do Conselho de Estado... que não é um orgão eleito!

Falsa questão, insisto, quando se sabe da enorme extensão com que é interpretada a palavra "socialismo", desde a mais ingénua utopia até à mais “científica certeza”, desde Saint-Simon até Lenine, desde António Sérgio a Álvaro Cunhal...

Fotos pela ordem do texto. Imagem inicial roubada descaradamente a “O ELUCUBRATIVO”

Proposta de Revisão Constitucional, AQUI.

24.8.10

Tabuada dos 9

contribuição não autorizada
para a melhoria do ensino


A tabuada dos nove é a mais engraçada que conheço.
Reparem: o produto de um número por nove é formado por esse número menos 1 e pelo que falta deste para 9. Parece complicado mas na prática é muito simples.

Dois exemplos:

9x7 é 63 porque 7-1= 6 e porque 6 para 9 dá 3 (63)
9x8 é 72 porque 8-1= 7 e porque 7 para 9 dá 2 (72)

Com “boneco” explica-se assim:


M – Multiplicador; D – Dezenas; U – Unidades

O produto (P) de 9 é um número com dois
algarismos (DU) assim formado:

- o 1º algarismo (das dezenas)
é M-1 (multiplicador menos 1);

- o 2º algarismo (das unidades)
é a diferença do 1º para 9 (9-D)

Já nem vamos falar de outra curiosidade que é o facto dos produtos se repetirem a partir do multiplicador 6 “apenas” com a diferença de o algarismo das unidades trocar com o algarismo das dezenas. Por exemplo: 9x4=36 e 9x7=63

Quanto à palavra "porque" acima utilizada, não é senão uma forma coloquial de expressão. Na verdade a razão por que 9x7=63 é que... alguém fez as contas.

22.8.10

Nadir Afonso

Apesar dos diferentes caminhos estéticos tomo a ousadia de comparar o pintor Nadir Afonso (na foto) ao escritor Miguel Torga, do ponto de vista das personalidades.
Em ambos é notório o caracter sólido que emerge da cultura nortenha e da ética humanista que iluminam a sua estética, mas não menos de uma profunda consciência do que é o objecto artístico.

Só de um homem assim se pode ouvir com profundo respeito declarações como estas que o DN acaba de publicar no âmbito de uma entrevista com Nadir Afonso:

«O Van Gogh nunca compreendeu muito bem o mecanismo da criação. Nem ele nem a maior parte dos pintores, porque não se apercebem das leis e jogam com elas de uma maneira intuitiva. (...) O Picasso também. (...) Não se apercebeu. Peço desculpa por ser um bocado radical, mas eu devo ser dos raros indivíduos que teve o cuidado de elevar ao nível do raciocínio os seus impulsos intuitivos».

10.8.10

Volto já!

... ou mais tarde !

1.8.10

De Ronaldo a Medina Carreira


Com tanto debate económico já deu para perceber, mesmo sem gráficos, que o sucesso das empresas depende de factores externos (custos das matérias primas, dos equipamentos, da energia e transportes, por exemplo, além da procura) e de factores internos como a organização, os salários... e a competência dos membros da empresa.

Não se percebe senão do ponto de vista dos interesses de classe, próprios ou assimilados, porque um certo argumento de alguns fazedores de opinião, continua a resvalar em plano inclinado.

Nenhum clube profissional contrataria Medina Carreira para a sua equipa de futebol, ainda que o doutor fosse o jogador mais barato do mercado, tal como nenhuma empresa contrataria Ronaldo para seu gestor mesmo que este, digamos, por desfastio, aceitasse a função ao mais baixo preço. Isto desmonta o argumento de que a salvação das empresas está dependente da “flexibilidade” dos sindicatos para uma política de baixos salários.

A vantagem de Ronaldo sobre Medina Carreira não é ganhar pouco... , é saber jogar. Tal como a vantagem de Mourinho é saber dirigir. Tal como a vantagem dos clubes que os contratam é saber valorizar o seu trabalho. Depois é “a tal” da dialéctica: o incentivo estimula o esforço e o esforço estimula o incentivo.

Convém lembrar que os sindicatos não fazem leis, não gerem empresas, não elaboram planos de ensino e não administram a Justiça. Apenas tentam defender os cidadãos comuns dos erros e abusos dos poderes.

No mesmo sentido faz bem Medina Carreira em denunciar a incompetência política e a corrupção, em reclamar por formação profissional e responsabilidade geral... Não deixe, pois, que os preconceitos ideológicos de frágil consistência apaguem o brilho dos seus argumentos. Ao professor falta idade e experiência, apesar de tudo, para se sobrepôr à história e prática do sindicalismo, como tentou dizer-lhe Carvalho da Silva com uma delicadeza que o professor não teve para com ele.


Mas não será por isso, certamente, que eu deixarei de ouvi-lo com interesse. E ao Carvalho da Silva também. E que ambos se ouvirão, um ao outro.