27.12.17

Catalunha no seu labirinto


Nas eleições do dia 21 de Dezembro, na Catalunha, a escolha dominante era entre uma maioria independentista e uma maioria espanholista. Os independentistas alcançaram, em conjunto, a maioria de deputados na câmara, 77, mas foi um partido espanholista o mais votado com 25,4%.

"Os partidos separatistas perderam as eleições, perderam votos, perderam mandatos e perderam força", afirmou Inés Arrimadas, líder do Cidadãos por Catalunha, a força mais votada. Mas o que os separatistas não perderam foi a maioria de deputados na assembleia, o que é determinante.

Apesar do chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, ter concordado com Arrimadas, são os independentistas que estão a preparar-se para formar governo com base na sua identidade ideológica. Mas será que este elemento garante essa solidariedade no processo de negociação para a formação do governo? Ou será que Arrimadas, a mais votada, deve tentar formar governo com apoio de uma parte dos deputados independentistas numa espécie de “geringonça” catalã?

Dizia ela: “se a lei eleitoral fosse diferente, encararia de forma realista” a hipótese de formar governo. Mas pode descartar-se essa hipótese antes que se confirme o entendimento entre os separatistas?

Em 27/01/2016, quando Carles Puigdemont era presidente da Catalunha e Inés Arrimadas era deputada na oposição, foi possível estabelecerem acordos políticos, nomeadamente em matéria de financiamento, em que a questão independentista esteve assumidamente ausente. Porque não hão-de agora, invertidas as posições de poder, chegar a um acordo de incidência governamental com a mesma condição?

Certo é, para agravar as coisas de ambos os lados, que Puigdemont está imputado pela justiça espanhola dos crimes de sedição, rebelião e desvio de fundos, e refugiado na Bélgica. E Oriol Junqueras (interlocutor mais improvável, da Esquerda Republicana Catalã), com 32 assentos, está mesmo na prisão.
Oriol e Puigdemont

Apesar de tudo, se Carles Puigdemont quiser tomar posse como presidente da Generalitat, na Catalunha, e os independentistas se entenderem nesse sentido, o mais provável é que ele seja detido e levado a tribunal. No caso do Tribunal Supremo o deixar em liberdade (mesmo que sob pagamento de fiança), ele pode tomar posse. Mas no caso de ser decretada a prisão preventiva, os independentistas poderão designar outro presidente.

São muitas e improváveis as condições para que se forme um governo na Catalunha, mas o problema deveria ser resolvido até meados de Janeiro, o que provavelmente não vai acontecer, prolongando-se o processo, quem sabe, até que se realizem novas eleições... tão inconclusivas como estas!

Até à tomada de posse do novo governo da Generalitat, o artigo 155º continuará a ser aplicado – Rajoy dixit.

8.12.17

Ora bolas... de ouro


Isto das bolas de ouro e das botas de ouro de Ronaldo, faz-me lembrar, “com o devido e merecido respeito”, aquilo que se diz no Porto acerca da Praça da Batalha: que é a praça mais rica de Portugal porque tem o café Chave de Ouro, o café e o cinema Águia de Ouro, e até um mijadouro  ao lado da Igreja de Santo ildefonso (assinalado na foto).


Nota: 
Em rigor, já não existe o café Águia de Ouro (por onde passaram algumas figuras ilustres portuguesas como Camilo Castelo Branco e Antero de Quental) e o próprio urinol foi pelo cano abaixo, por assim dizer. Conclusão: até o que é de ouro é efémero.

3.12.17

Centeno não é Barroso… nem Guterres

Mas também não é Varoufakis

Relativamente à eventual escolha de Mário Centeno para presidir ao Eurogrupo, tem-se discutido se isso é bom ou mau para Portugal e se o ministro das Finanças irá ter alguma influência positiva nas decisões da instituição europeia – influência para Portugal e influência para a linha política da Europa.

Quanto a Portugal, o exemplo de Durão Barroso parece evidenciar que o nosso país não terá nada a ganhar. Barroso, alinhado ideologicamente com as políticas “austeritárias”, não deve surpreender que fosse apenas um submisso porta-voz da ideologia neo-liberal dominante. Mas se pensarmos em Guterres, o “socialista” português que ocupa o lugar de secretário-geral da ONU, que vantagem nos trouxe ou nos traz?

A perturbação no desempenho do actual ministro das Finanças português, que poderia causar a nomeação para presidente do grupo informal de ministros das Finanças da zona euro, não pode deixar de estar secretamente na cabeça de António Costa como está nas preocupações assumidas expressamente por Marcelo Rebelo de Sousa: “Se Centeno ganhar, não pode perder o pé em Portugal. É muito trabalho para ele" – comentou o Presidente da República!

Na sua candidatura à presidência do Eurogrupo, Mário Centeno defendeu (cito o Observador) “uma maior transparência e legitimidade dos processos de decisão da União Europeia. Centeno também deixa críticas às regras europeias em questões orçamentais e à omissão de medidas de crescimento económico nos programas de assistência financeira da troika”. Mas os termos em que se expressa parecem-me suficientemente prudentes para serem ambíguos. Em todo o caso é sabido que a política é sobretudo um jogo de bastidores.

Centeno que fará 51 anos no próximo Sábado, 9 de Dezembro, é um lutador – praticou rugby que é talvez o desporto mais parecido com o boxe! - mas no combate que o espera, se for escolhido, o ringue é a Europa e os adversários da sua visão humanista da economia, por assim dizer, levam grande vantagem negocial. Cá estaremos para assistir ao jogo – se houver jogo.

Fonte de imagem:  foto-montagem deste blogue

26.11.17

Porque hoje é domingo (92)

Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo

Assim contou Jesus Cristo (Mateus 25:41) como “o Pai” trataria os seus filhos no chamado Juízo Final. Estou para ver como é que as homilias de hoje irão conciliar este deus do ódio com o deus do amor, do perdão, da caridade…

Eu sei, eu sei que não vão ter que explicar nada porque ninguém interrogará o sacerdote de serviço acerca das contradições da personagem. E ainda que o fizessem, há sempre a alegação da metáfora e tal.

Entretanto o medo faz o seu caminho silencioso como sangue venenoso no coração dos crentes ou, como a Igreja também lhes chama, os "tementes a Deus"!

19.11.17

Oportunidade para Angola

Devido, em grande parte, à redução do preço do petróleo no mercado mundial, a economia angolana passa por uma das suas piores crises.

É o resultado talvez inevitável em qualquer país que tenha andado a nadar em petróleo quando este valia ouro, descuidando a diversificação da economia para fazer face à desvalorização da sua fonte de riqueza mais generosa.

A semelhança entre Angola e a Venezuela nesta matéria, por exemplo, é não só o choque económico mas também o choque político decorrente daquele. A diferença está na resposta que um e outro país dão ou não dão ao problema. A diferença, enfim, é que Angola parece estar a dar uma resposta inteligente.

Nicolás Maduro pode ter lido Karl Marx, tal como José Eduardo dos Santos e João Lourenço, embora sem a profundidade destes, mas contentou-se com as teses da luta de classes e da ditadura do proletariado. Não desenvolveu o Pensamento Económico. Eduardo dos Santos, é certo, desenvolveu-o a seu jeito…

João Lourenço, o novo presidente de Angola, está a adoptar medidas correctivas das práticas políticas e sociais, tão ajustadas como inusitadas. Se é por causa da crise económica e das exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), com vista a um futuro programa de apoio, dir-se-ia que “há (alguns) males que vêm por bem”.

Os constrangimentos a que terá que submeter-se para satisfazer a senhora Christine Lagarde (FMI) de tão má reputação na Europa e na América Latina, são conhecidos e reiterados: “é importante tentar reduzir a grande presença do Estado na economia”. Segundo ela, existe um programa de reestruturação de empresas públicas angolanas que inclui o encerramento de 48 e a privatização de outras 53...

Em todo o caso, o povo angolano não há-de estar disponível para uma nova forma de colonização e poderá criar, na complexidade dialéctica deste processo, uma nova e fecunda oportunidade.

12.11.17

Porque hoje é domingo (91)


Para quem, como eu, dormiu em remotas aldeias de Angola, onde a casa do soba tinha quartos para várias jovens e onde os outros homens dormiam em dias diferentes com mulheres diferentes segundo uma escala rigorosa, isto da poligamia nas civilizações primitivas – civilizações virgens, digamos – não tem novidade. Já para não invocar a tese de Karl Marx segundo a qual a monogamia nunca existiu.

Mas a Igreja, na homilia deste domingo, irá dar a volta ao texto em que Mateus nos fala, com naturalidade, de poligamia cultural em grande escala e virgens ansiosas pela chegada do esposo.

“Do alto inacessível das suas alturas”, como dizia António Gedeão, os virtuosos sacerdotes tanto podem servir-se do episódio para falar de azeite como para falar de prudência ou do que lhes der na gana sacerdotal, mas o que se invoca é o texto seguinte (Mateus 25:1-13).


1 Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo.
2 E cinco delas eram prudentes, e cinco "loucas".
3 As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo.
4 Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas.
5 E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram.
6 Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.
7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
8 E as "loucas" disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.
9 Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
11 E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos.
12 E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço.
13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.

11.11.17

A palavra "democracia"

Ao ver como Mariano Rajoy reprime violentamente os independentistas provocadores no fraudulento referendo da Catalunha, como prende opositores políticos e como ele invoca a Constituição Espanhola para justificar tudo isso, bem como a manipulação despudorada da televisão pública (TVE) na forma como lida com o conflito entre os independentistas e os nacionalistas, desfaz-se qualquer dúvida sobre a hipocrisia com que o governo espanhol persegue os governantes venezuelanos, de Chavez a Maduro, por prenderem opositores políticos com pretextos comparáveis.

O mesmo se poderia dizer, rigorosamente, dos critérios democráticos de Donald Trump e dos governantes da europa ocidental, quanto à forma como tratam a China em comparação com a forma como tratam Cuba e outras ditaduras úteis.


AP Photo/Alex Brandon de Abril 2017

7.11.17

Cheque ao rei Filipe VI


Qualquer coisa me diz que a crise política da Catalunha tem pouco a ver com Rajoy mas tudo a ver com Filipe VI.

Independência e república, as reivindicações do movimento independentista, não são tanto questões da competência do chefe de governo mas sobretudo do domínio do chefe de estado: soberania e regime.

Disto deu sinal o rei quando proferiu um discurso severo em 3 de Outubro. Onde disse "Estamos viviendo momentos muy graves para nuestra vida democrática" deve ler-se "... para nuestra vida monarquica".

Outro sinal, este vindo de Rajoy, é a frase que este usa sempre para responder às pretensões dos independentistas: "Não posso! É contra a constituição". Ora "não posso" é diferente de "não quero". Ainda que Rajoy não possa nem queira, entenda-se, ele invoca o chefe do estado em matéria de competência e invoca a constituição em matéria de legitimidade - que outra coisa se esperaria que fizesse?

Enquanto torres, cavalos e bispos partidários protegem Rajoy, este protege o rei e Puigdemond procura juntar as pedras que tem e as que ainda não tem. E o jogo continua, felizmente em ambiente desportivo.

25.10.17

A banca ou a vida

Os desmandos da banca privada custaram, desde 2008, quase 15 mil milhões de euros públicos. Este valor permitiria pagar 500 equipas de sapadores florestais durante 700 anos.
Ver em: abrilabril

19.10.17

CDS contra Marcelo


Eu cá não sou de intrigas... mas a Moção de Censura que o CDS apresentará terça-feira 24, no parlamento, contra "o governo das esquerdas", mais parece censurar o Presidente da República do que o Primeiro Ministro. Isto porque Assunção Cristas atira uma bala inofensiva quando se sabe que só Marcelo Rebelo de Sousa tem a bala mortal - a dissolução da Assembleia que levaria à queda do Governo.

Por alguma razão o Presidente da República assinalou no seu discurso que a rejeição (inevitável) da Moção aumentaria a legitimidade da governação.

Economia nos seus labirintos

Quando uma empresa substitui trabalhadores por máquinas que realizam o mesmo trabalho, pode reduzir os custos de produção no imediato se os custos salariais forem superiores aos custos dos equipamentos e respectiva manutenção.

Esta estratégia, porém, confronta-se com um problema económico pouco divulgado: enquanto as máquinas têm preço fixo, os trabalhadores têm preço flexível – não há concelho de concertação social de robots…

Este é um aspecto interessante do conflito entre o emprego de pessoas e o emprego de máquinas, neste tempo em que a robotização ganha dimensão mitológica. Sobre ele sugiro a leitura de CRISE, INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E INGENUIDADE TECNOLÓGICA publicado em resistir.info .

Dele se transcreve a seguir um pequeno excerto.

Os que defendem a inteligência artificial (IA) como solução para os problemas económicos padecem de uma enorme ingenuidade tecnológica.

A generalização da IA & dos robots significa um aumento da substituição de trabalho vivo pelo trabalho morto incorporado nos equipamentos. Ora, o aumento da composição orgânica, leva inelutavelmente à redução das taxas de mais-valia e de lucro, pois elas só podem ser extraídas do trabalho vivo. Dessa forma, o incremento da queda da taxa de lucro será um motivo ulterior para agravar ainda mais a crise actual.

É verdade que na concorrência inter-capitalista as empresas que chegam primeiro à IA e aos robots têm uma vantagem acrescida em relação aos seus competidores mais atrasados, os quais podem ser expulsos do mercado. Mas a generalização da IA e dos robots a todas as empresas poderá significar o dobre de finados do capitalismo, um sistema baseado no lucro.


Post scriptum:
Portugal é o sexto país da zona euro onde o custo médio horário da mão de obra é mais baixo, depois de Malta, Estónia, Eslováquia, Letónia e Lituânia.

17.10.17

Vá de férias… e não volte

Vá de férias, senhora ministra da Administração Interna! Ao contrário do que pensa ou diz, a sua permanência no Governo é um estorvo . Percebe-se pela falta de prevenção, pela falta de comunicações, pela falta de coordenação, pela falta de discurso.

Além da sua incompetência funcional, a sua atitude defensiva em relação às acusações que lhe são dirigidas mostra a sua incompetência política. Nem sequer se lembrou ainda de coligir e divulgar os casos concretos de sucesso das intervenções dos bombeiros, para contrapor aos casos de desgraça que os orgãos de informação divulgam, esses sim de forma competente e esforçada. Ou não há casos de eficácia para honrar os bombeiros e polícias?

António Costa não tem razão para manter a ministra sob o pretexto de que isso não resolve os problemas. Por essa ordem de ideias, nenhum ministro será demitido por mais incompetente que se revele, isto é, a indigitação de ministros é irrelevante. Também não tem razão quando se refugia no Relatório Independente sobres incêndios, como se o Governo não devesse ter uma política própria desde o momento em que assume a direcção do país. Para que serve então o Governo?

Outro erro do Primeiro-Ministro é contentar-se e tentar contentar-nos com as medidas de reconstrução e indemnização das populações afectadas. Esse dinheiro, que não é do Governo mas dos cidadãos, não compra a consciência de ninguém e, sobretudo, não restitui as vidas tragicamente ceifadas.

Por este caminho não é só a floresta que arde, é o próprio Governo.

15.10.17

Porque hoje é domingo (90)

Não sei se Jesus Cristo se referia às recentes eleições autárquicas ou às próximas eleições legislativas, quando narrou a parábola que hoje domina as homilias dos púlpitos católicos. Mas a mensagem é óbvia: "Muitos serão chamados mas poucos os escolhidos!".

Quanto à conclusão que acrescenta de que, entre os excluídos, "haverá choro e ranger de dentes", mais parece aludir às eleições internas do PSD...

6.10.17

A "ingenuidade" do Bloco de Esquerda

Nos confrontos dos independentistas com a Polícia, na Catalunha, o número de feridos é tão credível como os “resultados do referendo”. Onde estão escondidos esses feridos? Onde estão os votos e os cadernos eleitorais e a fiscalização do referendo?

O que não foi inventado foi a utilização de crianças para servirem de escudos aos provocadores e para insultarem os polícias. Quanto às “provas” visuais da violência da polícia sobre os manifestantes, é preciso ser demasiado ingénuo para não perceber a manipulação a que obedece a respectiva edição de vídeo – até parece que os polícias da Guarda Civil vão à procura de transeuntes ordeiros para os espancar!

Mas Catarina Martins e José Soeiro fazem de conta que acreditam no referendo, no número de vítimas e na inocência dos manifestantes, para não corarem quando se aliam ao aventureirismo de Puigdemont.

E é pena.

30.9.17

Estratégia da Catalunha


Para que a consulta popular aos catalães, sobre o seu desejo de independência, não fosse ilegal, logo proibida, logo reprimida, bastaria ao independentista  Puigdemont não lhe chamar "referendo". Que tal "Inquérito Oficial"?

Por outro lado, decidido o referendo pelo movimento independentista, bastaria a Rajoy interpretar os respectivos resultados como simples indicação sem efeitos deliberativos, para evitar o confronto a que estamos a assistir.

Reconheço, no entanto, que uma coisa é dizê-lo agora que o jogo vai a meio e outra coisa era pensá-lo antes de entrar em campo. Donde se prova uma vez mais que a política é para jogadores de xadrez e não de rugby - excepção para o nosso ministro das finanças, antigo praticante desta modalidade.

28.9.17

Domingo agitado


O coração dos portugueses vai estar acelerado no próximo domingo, dia 1 de Outubro. Entre um desportivo Sporting-Porto, um político Madrid-Barcelona e um concurso autárquico em Portugal, a pressão é grande.

Se nos jogos políticos todos os contendores sairão vencedores por diferentes razões, como é de prever, faria sentido que o jogo desportivo oferecesse um empate. Mas isto digo eu que não sou espanhol, que não sou entusiasta do sistema autárquico vigente e que sou… do Salgueiros.

Fonte de imagem: google/RTP

18.9.17

"Geringonça" e o futuro


Se Jerónimo de Sousa e Catarina Martins se manifestam pouco disponíveis para repetir o acordo de apoio ao Governo “socialista” no próximo mandato, é porque prevêem uma maioria absoluta do PS ou uma maioria relativa em que um só dos actuais apoiantes chegaria para viabilizar o Governo. Não é uma zanga, é uma estratégia que faz todo o sentido para todos.

No caso da maioria relativa do PS, porém, os constrangimentos seriam insuportáveis para o PCP mas também para o Bloco de Esquerda e até para para o próprio PS.

O que poderá comprometer este quadro, enfim, será uma nova liderança do PSD tão necessária e desejada pela “maioria silenciosa” deste partido. Mas ainda assim será preciso que ocorra um grave acidente político no actual governo, o que não se vislumbra.


Razões suficientes para as especulações prematuras que vão sucedendo nos orgãos de informação, que os partidos de esquerda não devem alimentar, sabido que tudo será decidido apenas em Outubro… de 2019!

15.9.17

Más figuras autárquicas


Sabemos que as candidaturas às eleições autárquicas se prestam à exibição de más figuras políticas e físicas, devido ao amadorismo dos candidatos. Mas que duas profissionais façam tão má figura é desolador. Falo de Judite de Sousa como moderadora no debate sobre Loures e de Joana Amaral Dias como candidata no debate sobre Lisboa.

(Imagem reeditada)

2.9.17

Um lado obscuro de Angola

Para ser mais rigoroso, o título devia dizer "O lado oculto e obscuro das campanhas em Portugal contra o MPLA".

Sempre foi claro para quem quisesse ver, que as motivações de João Soares ou Maria Antónia Pala, Torres Couto e Manuel Monteiro, entre outra gente, não era a corrupção ou a falta de democracia, mas sim as cumplicidades ideológicas destes activistas.

Independentemente dos pretextos que o regime angolano de José Eduardo dos Santos ofereça às campanhas que se desenvolvem em Portugal contra ele, são motivações anti-progressistas que movem este conluio, tal como se passa com a Venezuela.

O recente artigo do Expresso sobre Savimbi, ajuda involuntariamente a esclarecer estes meandros da militância anti-MPLA que decorre em Portugal desde o início das lutas de independência de Angola. Recomenda-se por esta razão!

17.8.17

De queda em queda

A queda de uma árvore gigante sobre peregrinos religiosos, na Madeira, faz lembrar a queda de um "andor de grandes dimensões" na procissão de Nossa Senhora da Aparecida, em Torno, Lousada, e ambas nos fazem lembrar a “queda” do maior banqueiro deste país, um tal Ricardo do Espírito Santo.

Questões religiosas à parte, o que se vê uma vez mais é que se lixa sempre quem está por baixo.

16.8.17

O mito da imparcialidade

Os partidos de esquerda não seriam bem mais agressivos contra o Governo se este fosse de direita? – perguntam recorrentemente os jornalistas a propósito disto e daquilo.

A pergunta pode ser pertinente mas a resposta, digo a resposta adequada é óbvia: “claro que sim!”

A razão está em que uma coisa é criticar os erros de um governo que genericamente prossegue uma política louvável e outra coisa seria criticar um governo que genericamente prossegue uma política reprovável.

Será preciso um desenho para explicar?

6.8.17

O lado esquerdo da Venezuela (3)

Enquanto Álvaro Uribe governou a Colômbia à imagem de Hitler, o jornalismo europeu andava tão distraído... Mas agora que está de pé uma campanha despudorada contra o regime venezuelano, campanha com que o próprio Uribe está activamente solidário, claro, aqui del rei capitalista liberal que há um tirano potencial a governar a Venezuela.

Que se cuidem os agressores contra o governo da Venezuela: se a situação se extrema pode acontecer uma nova Cuba na região. Ofertas de apoio de países desalinhados, não faltarão.

Sei que é um processo polémico, mas não como a campanha desinformativa o pinta. Tem faltado o famigerado "contraditório" cuja lacuna modestamente venho contribuindo para superar. O que segue é um exemplo.

2.8.17

O lado esquerdo da Venezuela (2)


A histeria anti-socialista da informação dominante participa com todos os seus recursos políticos na batalha que se trava na Venezuela. Não por causa de Nicolás Maduro e da sua suposta ambição de poder, mas por causa da opção socialista do regime.

Num programa de televisão dos EUA o jornalista entrevista Leopoldo Lopez - um dos líderes venezuelanos… da oposição, claro. Este reivindica o caracter pacífico das manifestações “anti-Maduro”, etc., etc., do que a foto acima é esclarecedora!!! No final da entrevista, o jornalista deseja ao opositor venezuelano, “muita sorte” para a sua luta política!

A imprensa e a televisão espanhola, francesa, etc., por sua vez, não se cansam de dar voz, também elas, a L. Lopez e Henrique Capriles, estes dois fervorosos “democratas”. O que menos lhes interessa informar sobre a Venezuela são os argumentos do Presidente da República.

Para deitar alguma água na fogueira há quem escreva, fora destes domínios, coisas assim:

«…não há nenhuma revolta popular na Venezuela. Apesar da guerra económica, a grande maioria da população vai para as suas ocupações, trabalha, estuda, sobrevive. É por isso que a direita organiza as suas marchas com início nos bairros ricos. É por isso que recorre à violência, ao terrorismo e se localiza nos municípios de direita. Os bairros venezuelanos são em 90%, bairros populares. Compreende-se a enorme lacuna: os media transformam as ilhas sociológicas das camadas ricas (alguns % do território) em "Venezuela". E 2% da população em "população"…»

O texto integral pode ler-se AQUI em português e com muitas referências de fontes.
O texto original, de Thierry Deronne, encontra-se AQUI

Todos os autores são parciais, uns menos, outros mais. O que se pode esperar é que tragam outras luzes ao espaço sombrio da informação. E que as não desperdicemos, dominados por preconceitos.

23.7.17

Porque hoje é domingo (89)

Nunca saberemos se Jesus disse realmente estas coisas e desta maneira, mas é assim que o evangelista e apóstolo Mateus nos fala numa passagem dos evangelhos que a Igreja invoca hoje nas suas homilias (Mt 13:24-43) e que reza assim:

40 Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo.
41 Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade.
42 E lançá-los-hão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.
43 Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai.

Isto devia ser um pretexto para os cristãos se perguntarem, como Augusto Gil na famosa Balada da Neve: Senhor, porque lhes dais tanta dor?! Porque padecem assim?!

17.7.17

Passos Coelho em Pedrógão Grande

Passos Coelho não gostou de ouvir a forma como António Costa “se atirou a uma empresa”, o SIRESP, pelo seu desempenho na tragédia de Pedrógão Grande. Desempenho miserável que se repetiu, hoje mesmo, no incêndio de  Alijó!

Passos Coelho acha – diz ele – que o primeiro-ministro não deve criticar daquela maneira uma empresa privada que presta um desastroso serviço público. Já se fosse para elogiar ou mesmo inaugurar empresas, só podia apoiar, a julgar pelo que fez, e talvez bem, quando foi primeiro-ministro.

Fosse para inaugurar os Edifícios Centrais do Parque Tecnológico de Óbidos onde estão instaladas cerca de 60 empresas..., ou para promover a PRIMAVERA BSS, ou para inaugurar um novo hospital privado em Vila do Conde, ou ainda, abreviarndo, para inaugurar um grande investimento feito pelo grupo Ennerpellets em Pedrógão Grande!!!

Ele há coincidências.

15.7.17

Obviamente pedirão a demissão

O primeiro-ministro português disse (no Debate da Nação) que a Altice teve um mau desempenho na tragédia de Pedrógão Grande e que, por isso, ele próprio decidiu escolher outra operadora para as suas comunicações pessoais.

O presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil é o coronel Joaquim de Sousa Pereira Leitão que, entre outras funções, já foi Director Municipal de Protecção Civil e Socorro, da Câmara Municipal de Lisboa... Atendendo ao seu desempenho na referida tragédia, não seria caso para António Costa escolher outro? Ou temos mesmo que voltar à questão da demissão da ministra da Administração Interna que o nomeou em Outubro de 2016?

António Costa já disse que não demitiria esta ministra nem o ministro da Defesa a quem se atribuem responsabilidades políticas no caso de Tancos. Logo, tudo indica que serão eles a ter que pedir a própria demissão nem que seja lá para Outubro, isto é, depois das eleições autárquicas. 

10.7.17

Luta de galos militares


Marcelo Rebelo de Sousa vai ter no Conselho Superior de Defesa Nacional dois generais em rutura um com o outro: o chefe do Exército e um dos que se demitiram. 

(Texto do DN 2017-07-10. Composição de imagem deste blogue)

8.7.17

Porque hoje é domingo (88)

Há dias, a polícia do Vaticano interrompeu uma orgia homossexual num apartamento afecto à Congregação para a Doutrina da Fé, organismo que, entre outras atribuições, tem a responsabilidade de lidar com os escândalos de abuso sexual de menores por membros da Igreja.

Agora parece-me ouvir "Sua Santidade" o Papa comentar, inspirado no Evangelho de S. João, cap.18, v.7: "Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar uma pedra". Só espero que haja alguém no local a filmar para sabermos o que acontece. E que haja pedras. E que haja uma ambulância, pelo sim pelo não.

2.7.17

Às armas! Às armas!

O que tem de comum o caso de Pedrógão Grande e o desvio de material de guerra dos paióis de Tancos? 


Qualquer banco, centro comercial ou chafarica tem câmaras de vigilância para alertar ou, pelo menos, identificar as pessoas e as circunstâncias de um crime eventual contra a propriedade.

Além daqueles brinquedos, as grandes empresas são servidas por uns empregados mal pagos mas muito zelosos - é sempre assim - que nos habituamos a designar por "seguranças". Estes têm a vantagem de desencorajar e confrontar eventuais atacantes, prevenindo os crimes.

Só mesmo uma floresta antecipadamente ameaçada e uma unidade militar, porventura a mais perigosa de um país, prescinde de tais aparelhos e de guardas.

Eu sei que que os soldados, pagos ao nível do soldo, fazem falta noutros quartéis para  servirem de criados e de motoristas privados aos respectivos comandantes, mas não sobra um soldado ou um cabo - sargento já seria luxo - para permanecer nas instalações de um grande complexo militar a fim de alertar as "autoridades" em caso de roubo, assalto ou incêndio? 

Aqui fica a sugestão para o caso de nenhum coronel ou tenente-coronel se ter lembrado ainda... Com o devido e merecido respeito, continência e bater de tacão.

1.7.17

O lado esquerdo da Venezuela

Enquanto a oposição "pacífica" ataca o regime bolivariano no campo de batalha da Venezuela, à pedrada, aos tiros, à granada, e os seus ecos europeus - orgãos de informação - calam o discurso oficial e ampliam a gritaria dos "respeitáveis" opositores Capriles e Leopoldo Lopez, ainda há quem se interrogue sobre o que está em causa.

(Pressionar na imagem para ampliar)




25.6.17

Para memória futura

Um pouco por todos os lugares, aldeias e vilas que arderam, são muitos aqueles que se queixam de abandono, por parte das autoridades e instituições. “Eu não ponho culpa nas pessoas que estão no terreno, eles até se podem esforçar, mas quem manda neles não sabe o que está a fazer”, refere Paulo, naquilo que parece ser uma opinião muito comum, para não dizer unânime.
"Abandonados" em Observador 2017Jun24

Daniel Saúde tirou a primeira fotografia ao incêndio 39 minutos depois de ligar para o 112. Diz que esteve uma semana à espera de ser contactado pela PJ - “afinal fui eu que liguei para o 112” - e que por isso vai ser ele agora a ligar à polícia. A história do momento zero do fogo em Pedrógão.
Expresso.sapo.pt 2017Jun23

23.6.17

É a Direita a politizar

Perante uma tragédia em que morrem 64 pessoas, se contam centenas de feridos e muitas propriedades são devastadas pelo fogo, o que menos domina as preocupações das vítimas sobreviventes é confirmar com rigor científico se o fogo foi desencadeado por um raio, por um cigarro  ou por um incendiário motivado por doença ou por dinheiro. Como se sabe da longa história dos incêndios florestais, tais averiguações não trazem nenhuma melhoria às populações.

De resto, sobre as causas e eventuais causadores, foi desencadeado um inquérito pela Procuradoria Geral da República logo que houve notícia das ocorrências.

Talvez seja por estas razões que o PCP e o BE desvalorizam a iniciativa do PSD no sentido de criar uma comissão técnica independente para esse fim.

Mas, ao contrário dos termos em que aquela pretensão de Passos Coelho  foi noticiada inicialmente, encontramos um alcance mais amplo; trata-se de apurar “as causas e circunstâncias diversas que estiveram na origem da tragédia ocorrida no sábado em Pedrógão Grande”. Não se trata apenas, portanto, da origem do incêndio mas sim da origem da tragédia e das respectivas circunstâncias.

Sendo evidente e confirmado que o Governo já havia tomado essa iniciativa, o que a Direita vem agora pretender é que essas diligências sejam feitas através duma comissão, isto é, sem a coordenação do Governo.

Se tivermos em conta que António Costa fez públicas as perguntas que dirigiu  às autoridades competentes e as respostas que já obteve, mais ociosa parece ser a criação da tal comissão. Pior que isso, do que sabemos como funcionam as comissões, o que parece é que as diligências expeditas do primeiro-ministro serão travadas por uma entidade burocrática e politizada – já se adivinham as discussões sobre a composição partidária da querida comissão…


Vem Conceição Cristas (CDS) espantar-se por o Governo fazer perguntas, vem Luís Montenegro (PSD) apelar a uma investigação “de forma célere” - «devemos em conferência de líderes, com carácter de urgência, acertar a composição, o funcionamento e os fins, da Comissão Técnica Independente que agora propomos" – e a gente tem que os levar a sério… e não politizar!!!

18.6.17

discursos piedosos


Testemunhos

“Estamos isolados e desapoiados”, disse uma habitante, salientando que, durante o dia, não viu qualquer meio aéreo a operar naquele concelho.

O presidente da direcção dos Bombeiros de Castanheira de Pera concorda e vai mais longe: “se não fossem os castanheirenses ainda sobrava menos”.

Opiniões

Dão-nos lições sobre o aquecimento global, e depois não conseguem controlar um fenómeno que se repete cada ano, nas mesmas condições, como os fogos florestais. O vazio de liderança política é óbvio.
Rui Ramos / Observador

16.6.17

Serões de televisão

À terça-feira temos talvez o mais equilibrado programa de debate: O Outro Lado. Mas dizer, como a respectiva promoção, que se trata de um programa com uma nova geração... que não se deixou "triturar" pelas máquinas partidárias", já é entrar numa linguagem fascizante! Para Salazar, por exemplo, o verdadeiro parlamento era o Governo; para João Adelino Faria, o verdadeiro parlamento é o seu programa de televisão.


À quinta feira temos oportunidade de revisitar o velho arco da governação num programa da SIC-notícias em que participam, invariavelmente, comentadores vindos do PS, do PSD e do CDS, “malgré” alguns paradoxos desta representação como é próprio de um programa que se chama “Quadratura do Círculo”. Desde que o inimigo principal seja o grande ausente, o pensamento socialista propriamente dito, eles pagam o mal que lhes sabe Pacheco Pereira pelo bem que lhes faz o seu prestígio e popularidade.


Também às quintas-feiras, às 22h30 na TVI24, nos é dado conviver (passivamente) com três figuras da política partidária mas, desta vez, o leque abrange a extrema esquerda e não a extrema direita – passe a extrema expressão. É a “Prova dos Nove”.

Também aqui, por coincidência, a figura com maior destaque pertence ao PSD – Paulo Rangel. Mas ao contrário de Pacheco Pereira, Rangel é um radical apoiante das políticas da direita – o que torna dispensável um representante do CDS.


À sexta-feira somos transportados pelo “Expresso da Meia Noite”, título que remete para uma história de pesadelo, no cinema, mas cujo significado enquanto programa de televisão invoca propriamente o patrocinador Jornal Expresso e a hora a que o programa é transmitido.

É claro que reflecte “o sistema dominante” – disso se encarrega o omnisciente Ricardo Costa. Mas traduz-se geralmente por um serão saudável quando é apresentado por esse tal Ricardo e o Nicolau Santos.


Ainda à sexta-feira, faz-se crochet em “O Último Apaga a Luz” da RTP3. Destaca-se o moderador, pela inteligência e bom-humor, apesar da modéstia, nas suas curtas intervenções. Raquel Varela desempenha o papel da arrogante intelectual de esquerda, uma espécie de Daniel Oliveira deste sítio, e o Rodrigo Não-Sei-Quê faz de conta que é um intelectual de direita.


Nas noites de sábado estamos com o governo, digo o “Governo Sombra”. É uma transmissão directa da TVI24.

Dizer que é irónico é já dizer que é inteligente. Geralmente! Quem tiver paciência para suportar o João Miguel Tavares, ganha com o que às vezes se aprende de Pedro Mexia (descontem-lhe algum reaccionarismo) e sobretudo com o que a gente se diverte (sem histeria) “à custa” do Ricardo Araújo Pereira.


Também ao sábado, há um serão alternativo para mazoquistas. É o
“Eixo do Mal” na SIC Notícias. É sobretudo o eixo da má-língua. Melhor dizendo: das más línguas. Um exibicionismo pessoal repugnante, uma arrogância intelectual insuportável, que cobrem de poeira os mais acertados argumentos que possam defender. 

No meio daquele galinheiro, quem menos agita a crista é Luis Pedro Nunes, o único que diz menos do que tem para dizer mas que se diverte mais genuinamente.




13.6.17

Do alojamento local
e do capital


Julgava eu que a “economia de mercado”, a livre concorrência”, era o modo de funcionamento defendido pelos investidores e gestores no sistema capitalista. E que este sistema oferecia a melhor garantia de desenvolvimento económico, permitindo a selecção dos mais capazes e o critério justo de fixação dos preços.

Até que ouço um representante qualificado do sistema, a rebelar-se contra o recrudescimento do alojamento local, isto é, da oferta paralela à hotelaria tradicional por causa… da concorrência que aquele faz aos hotéis tradicionais.

“Tem que haver uma estratégia coordenada entre os empresários da hotelaria para aumentar os preços” – diz ele. E compara os preços nos nossos hotéis com os preços de Paris ou Londres!

Definitivamente eu não devia esquecer-me das teorias de Karl Marx, nomeadamente quanto à formação dos preços… Mas o velho sábio escreveu tanta porra que eu prefiro ver o senhor Carlos Leal discorrer, de forma resumida e até simpática, como funciona… o capitalismo real.

NOTAS
Carlos Leal é gestor de empresas e administrador do grupo IFA Hotéis & Resorts consórcio e parceiro de investimento, líder mundial no desenvolvimento de empreendimentos hoteleiros e residenciais, com operações que se estendem pelo Médio Oriente, Europa, África, América do Norte e Oceano Índico. As suas declarações foram prestadas em entrevista programa “Tudo é Economia” que é emitido na RTP3 às Segundas-feiras, pelas 23 horas.

Nada me move contra Carlos Leal que aqui é citado apenas como pretexto para tratar o sofisma do liberalismo económico. Menos ainda me move contra o programa de televisão referido e que até recomendo.

12.6.17

A guerra da Informação

Arábia Saudita e Jordânia revogaram esta semana a licença de atividade de televisão da mais importante emissora do mundo árabe, a Al-Jazeera, com sede no Qatar. Os escritórios já estão a ser fechados em diversos países.

O governo da Arábia Saudita justifica esta medida “em função do canal Al-Jazeera ter colaborado com os planos de grupos terroristas, ter apoiado os houthis, que realizaram um golpe de estado no Iêmen, e ter tentado desestabilizar a situação na Arábia Saudita”.

Entretanto (09.06.2017) Sputniknews conta que…

O noticiado uso de armas químicas pelo exército sírio contra civis, que fez correr tanta tinta e lágrimas de crocodilo no ocidente, foi uma simulação encenada e realizada por equipas de profissionais do audiovisual.

Nas filmagens em questão terão estado envolvidos 30 carros de bombeiros e ambulâncias, bem como 70 moradores locais com crianças trazidas de um campo de refugiados.

"Para dar verosimilhança ao vídeo, as filmagens foram feitas com telefones celulares, de vários ângulos, bem como um drone. Depois do fim do 'processo de filmagem' cada participante, incluindo as crianças, terá recebido mil libras sírias e um conjunto de produtos alimentícios".

E não digam a ninguém que…

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que deputados opositores recrutam jovens para gerar distúrbios nas manifestações que a oposição realiza desde 1 de Abril e anunciou que enviará hoje, segunda-feira, uma carta ao papa Francisco solicitando a sua mediação com a oposição para evitar "utilizar crianças" em actos de violência durante os protestos. .
Em 11 Abril 2017 o Presidente Nicolas Maduro 
é alvejado com pedras pelos manifestantes... pacíficos!

5.6.17

43 mortos dos que não contam

O Ministério de Relações Exteriores e Expatriados da República Árabe da Síria condenou os ataques aéreos realizados pela coligação liderada pelos Estados Unidos que teriam levado a 43 mortes de civis em Raqqa na última sexta-feira (2 de Junho).

Notícia recortada em Sputniknews.
(Não digam a ninguém...)

31.5.17

Cerco e asfixia da Venezuela

Não há nenhuma revolta popular na Venezuela. Apesar da guerra económica, a grande maioria da população vai para as suas ocupações, trabalha, estuda, sobrevive. É por isso que a direita organiza as suas marchas com início nos bairros ricos. É por isso que recorre à violência, ao terrorismo e se localiza nos municípios de direita. Os bairros venezuelanos são em 90%, bairros populares. Compreende-se a enorme lacuna: os media transformam as ilhas sociológicas das camadas ricas (pequena percentagem do território) em "a Venezuela". E 2% da população em "a população".

A ex-presidente argentina Cristina Fernandez, depois de Evo Morales, denunciou: "a violência é utilizada na Venezuela como metodologia para alcançar o poder e derrubar um governo" . Do Equador, o ex-presidente Rafael Correa recordou que "a Venezuela é uma democracia. É através do diálogo, com eleições, que devem ser resolvidas as diferenças. Muitos casos de violência vêm claramente dos partidos da oposição . Esta também é a posição do Caricom, que inclui os países do Caribe . 

O papa Francisco teve que incitar os bispos da Venezuela que, como no Chile em 1973, arrastavam os pés face ao diálogo nacional proposto pelo Presidente Maduro. Este lançou o processo participativo para a Assembleia Constituinte, e confirmou a eleição presidencial legalmente prevista para 2018. 

Isto é um excerto de uma análise alternativa à opinião corrente nos meios de informação europeus. O artigo completo de Thierry Deronne está publicado em português em resistir.info 

Para além da estratégia de cerco e asfixia da Venezuela, depois de Cuba e na sequência da destituição de Dilma Roussef no Brasil, reconheço o carácter polémico do artigo acima transcrito, mas não duvido de que «qualquer manifestante que mata, destrói, agride, tortura, sabota sabe que será santificado pelos media internacionais. Estes tornaram-se um incentivo para prosseguir o terrorismo. Todos os mortos, todas as sabotagens económicas serão atribuídas ao "regime"».

29.5.17

Miguel Urbano Rodrigues

Entrevista de Miguel Urbano Rodrigues em 2008

Se «há homens que lutam toda a vida» com carácter revolucionário em todos os sentidos, homens a quem Bertold Brecht chamou  de  «imprescindíveis»,  Miguel Urbano Rodrigues é um desses.

Eu costumava dizer entre amigos que ele era o herdeiro mais legítimo do título que por graça atribuíamos ao Mário Castrim enquanto este era vivo: "Sectário Geral do PCP". Polémico, pelo menos, era ele - eram eles. No caso do Miguel dei nota disso há vinte dias num post que publiquei AQUI.

Só há poucos anos descobri que um dos homens mais viajados que eu conhecia, um verdadeiro revolucionário internacionalista, estava a viver aqui mesmo em Vila Nova de Gaia, o que me proporcionou assistir a uma conferência sua e questioná-lo pessoalmente sobre a situação da Venezuela, sabido que ele conhecia a América Latina como rara gente conhecia - esteve no seio das FARC, por exemplo. Ao tempo da conferência, ressalve-se, a Venezuela era ainda presidida por Chavez.

Agora recebo a notícia de que o meu mítico vizinho acaba de falecer. Foi ontem. O funeral parte da Lapa, no Porto, hoje às 16 horas. 

24.5.17

Perguntar não ofende

Sobre as reacções ao terrorismo do "Estado Islâmico":

Que aproveitamento está a ser feito pelos governos ocidentais no sentido de tolerar a sua política nacional em nome do combate ao inimigo comum?
Quanto custaria aos estados uma boa campanha de integração social e esclarecimento anti-terrorista, em comparação com os custos das medidas excepcionais de segurança necessariamente ineficazes?
Onde estão os discursos de autoridades religiosas islâmicas de repúdio pelos ataques terroristas e fazendo a pedagogia da paz? (Excepção feita ao imã da mesquita de Lisboa, David Munir, e à tomada de posição no primeiro congresso de Autoridades Religiosas Muçulmanas em Amã… em 2005 e de alcance ambíguo.)

15.5.17

Irracionais graças a Deus

“A música não é fogo de artifício”, disse Salvador Sobral. Tomadas à letra, estas palavras soam… artificiais. Mas nós não somos computadores e, portanto, percebemos a intenção da metáfora apesar de sabermos que a música também é fogo de artifício – desde logo o hino oficial da União Europeia, o chamado Hino à Alegria, da Nona Sinfonia de Beethoven.

A música, como todas as artes e artifícios, é expressão da natureza irracional do ser humano – é sentimento como disse Salvador. Se lhe juntarmos outras dimensões como a religião e o futebol, por exemplo, percebemos como somos irracionais e como isso é necessário à nossa felicidade.

Ainda bem que há um refúgio para o desespero. Se for a religião, que seja. Ainda bem que há espaço para a euforia. Se for um campo de futebol, que seja. Ainda bem que não somos robots, se isso é o domínio das artes, tanto melhor. Ser humano é ser frágil, irracional e sentimental.

No dia 13 de Maio de 2017 os portugueses testemunharam esta experiência, esta santíssima trindade, de uma só vez. Tantas emoções positivas num só dia mais parecem milagre. Se “uma desgraça nunca vem só”, uma graça também não, ao que parece. Ocorreu em Fátima, na Luz e em Kiev – foi no televisor de lá de casa. Uma enorme multidão celebrou o centenário das “aparições”, uma grande multidão celebrou “o tetra” do Benfica, uma multidão celebrou a vitória de Portugal no Festival da Eurovisão. Para os portugueses emigrados em França, a imponente tomada de posse de Macron apagou-se nas sombras dos Campos Elíseos.

Seria injusto não assinalar neste contexto, o sofrimento de todos aqueles que são derrotados num concurso, num campeonato, numa celebração sectária, mas deixemos isso para um dia em que estejamos tristes e então solidários com todos os vencidos.

Foto RTP recolhida no Google

11.5.17

Salvemos a Irmã Lúcia

Com a inteligência que "Deus me deu” – o Deus cristão, entenda-se – sou levado a descrer das aparições da Virgem Maria que também dá pelos nomes de Imaculada Conceição, de Nossa Senhora de Fátima, de Lurdes e de tudo o que a imaginação popular inventou e a Igreja oportunistamente sancionou.
Maria, aquela de que aqui se fala, seria uma jovem de 19 anos quando pariu Jesus “por obra e graça do Espírito Santo” como bem esclareceu um tal Gabriel a quem chamaram anjo para não levantar suspeitas – os anjos não têm sexo…
«Nascer de uma virgem fecundada por um deus ou por um seu emissário foi um mito bastante difundido em todo o mundo anterior a Jesus» - diz Pedro Barahona de Lemos, identificando “pelágios” ocorridos na China e no Japão, no México e na Pérsia, entre outros, séculos antes de Jesus.
Quase tão misteriosa como a gravidez de Maria foi a vida e a morte, esta tendo ocorrido quando ela tinha entre 38 e 48 anos de idade, segundo historiadores, ou nunca tendo ocorrido, segundo Pio XII e papas seguintes até o actual Francisco incluído.
Fosse como fosse, Maria teve mais sorte do que a sua amiga Lúcia, vidente de Fátima, cuja inocência foi aproveitada pela Igreja Católica com sacrifício de uma vida sexual saudável e reclusão rigorosa, sacrifícios a que a falsa virgem Maria nunca esteve sujeita.
Pela libertação de Lúcia, essa sim, enquanto mártir da Igreja, eu iria a Fátima a pé. E quem diz Lúcia diz todas as vítimas do obscurantismo religioso.

Pedro Barahona de Lemos é aqui citado quanto ao seu livro "Todos Somos Lázaro"

8.5.17

Contra-corrente

«Na verdade, quem defende a libertação da França das garras do Euro e da UE; a indústria nacional ameaçada de deslocalização; os direitos sociais e o aumento dos salários reais dos trabalhadores; a distensão internacional e o combate à russofobia é a sra. Marine Le Pen. Assim, a verdadeira extrema-direita francesa é representada pelo sr. Macron. Esse facto não pode ser alterado pela algazarra mediática.»
Miguel Urbano Rodrigues

«Sejam quais forem as críticas que se façam a Mme Marine le Pen, e já fiz várias neste blog, a decência obrigaria aquela mesma boiada a declarar que nada há de " fascista ", nem no programa dela nem no comportamento de seu movimento. Não há milícias armadas pelas ruas. E as que há vêm, já há anos de outro lugar, que não é a Frente Nacional. »
...
«(O programa de Macron) é um programa de destruição do Direito do Trabalho, programa de uberização da sociedade. Além disso, é programa que traz um projeto de sociedade no qual os indivíduos seriam completamente atomizados, entregues a lei do mercado e do " pagamento frio no guichê ", do acordado sobre o legislado. Esse programa, sim, provoca graves inquietações. E são inquietações legítimas. São inquietações de tal ordem que absolutamente proíbem que se vote a favor de Emmanuel Macron. »
Jacques Sapir, 2 de Maio de 2017

Importante: Estes excertos merecem ser contextualizados nos artigos originais que podem ser consultados em resistir.info. Mas não deixam de traduzir a opinião expressa dos seus autores, conhecidos ideólogos de esquerda, que certamente ajudam a entender a incoerência aparente de muitos eleitores de esquerda.

4.5.17

Mon ami françois

Eu tenho um grande amigo francês. Foi-me apresentado pela Elsa embora ela própria o não conhecesse… pessoalmente. Nunca agradecerei o suficiente a este amigo pelo que faz e, sobretudo, pelo que já fez por mim.

Nos meus momentos de solidão, ele está sempre disponível para me fazer companhia. Às vezes damos um passeio ao lado do rio, depois de jantar, quase em silêncio, e tanto basta para me ir deitar depois tranquilamente. E quando tenho necessidade de luz e movimento, de gente, agitação, ninguém como ele me proporciona esse ambiente, à minha escolha e sem as desgastantes negociações a que seria obrigado com outros amigos ou amigas.

Por mais de uma vez foi ele que me ajudou na doença. Fosse para me deslocar ao hospital ou para me levar ao restaurante, incapaz como eu estava para fazer refeições em casa, era ele que me socorria. Não digo que outros não gostassem ou até não quisessem ajudar, mas todos estão ocupados ou distraídos das nossas necessidades quando mais precisamos duma ajuda.

Com este meu amigo, é diferente. Em troca, apenas pede que o alimente com o indispensável: cerca de cinco litros e meio de gasolina a cada cem quilómetros, uma mudança de óleo a cada quinze mil e quase nada mais.

Com um amigo assim ninguém está só nem precisa de estar triste. Aqui lhe deixo a homenagem que merece. Chamo-lhe “Mon ami Peugeot”.

É tudo o que se me oferece dizer sobre o debate desta noite entre Le Pen e Macron, certo de que o debate que importa pôr "Em Marcha" vai ser travado nas ruas. Pó pó, saiam da Frente!

1.5.17

La nave va... mal

O “incompreensível” triunfo (do discurso) de Donald Trump foi o resultado político do fracasso neoliberal nos Estados Unidos. E o “incompreensível” apoio popular à demagogia de Marine Le Pen é a expressão política da rejeição duma União Europeia economicista, divisionista e arrogante. Como o “incompreensível” voto dos britânicos.

Neste mar de mistérios convenientes para ocultar um modelo socio-económico insustentável, La nave va… e ninguém dá atenção ao cadáver que transporta. Inebriados com discursos e abraços, os passageiros dançam, nos salões da sua própria demagogia, La Brusselese.

27.4.17

O preço do voto em Macron

Andaram a espalhar o terror sobre a candidatura de Mélenchon à presidência da França, na primeira volta, e dizem que ele é igual a Le Pen. Mas reclamam dele o sentido de “responsabilidade democrática” de que precisam para fazer vingar o candidato conservador na segunda volta.

Em Portugal já vimos como foi em circunstâncias comparáveis: o PS de Mário Soares coligou-se com o CDS (1976) enquanto, noutra oportunidade, o "irresponsável" PCP recomendou o voto em Mário Soares (1986).

Entretanto fica a pergunta: como votariam os pregadores do “bom-senso” se fosse Mélenchon a disputar a segunda volta em vez de Macron?

16.4.17

Para Zita com ira

Sempre me ficou, e para sempre, a dúvida sobre se alguns programas e formas de os realizar, que vejo actualmente na televisão, não são inspirados ou copiados de projectos ou ideias que sugeri sem sucesso enquanto trabalhei para a RTP.

Reconheço, no entanto, que é um fenómeno frequente e histórico ocorrer a mesma ideia, por mais imprevisível que pareça, a diferentes pessoas em alturas e lugares diferentes. A investigação científica é talvez o domínio mais relevante deste fenómeno.

Mas ao assistir ao programa Governo Sombra especial de Páscoa, em que o tema é “Os sete pecados capitais" em política, não posso deixar de ver coincidência a mais com um comentário de Fevereiro de 2015 (!) publicado em Mito e Realidade a propósito de Zita Seabra, a convidada especial do programa de hoje:

Anónimo disse...
A má-fé move Zita Seabra.
A estupidez move(u) a irmã Lúcia.
A luxúria move Catherine "Portas" Deneuve.
A vaidade move Santana Lopes.
A ganância move José Sócrates.
A gula move Alberto João Jardim.
A inveja move-os a todos.
E todos nós sentimos ira ao observá-los, mas temos preguiça de os travar.
2005Fev17

Já de Zita Seabra não vale a pena dizer mais do que ela disse no programa com algum interesse e seriedade: nada! São estes maus exemplos de dissidências que alimentam a soberba do "partido com paredes de vidro", retirando força a quem sai pelas melhores razões.

NOTA: A imagem acima é uma composição deste blogue.

13.4.17

10.4.17

Terroristas bons

Há terroristas bons e terroristas maus, segundo os governos ocidentais – e quem diz os governos diz os seus porta-vozes na política e nos orgãos de informação. Os primeiros são chamados “moderados” e recebem apoio financeiro e militar da Europa e dos Estados Unidos da América para combater o presidente sírio.

No dia 4 de Abril de 2017, o exército governamental sírio atacou uma base de “terroristas bons” e daí resultaram 58 ou mais de uma centena de mortos, conforme a fonte, tendo-se apurado que muitas das vítimas acusavam efeitos de armas químicas "proibidas".

Os EUA, sem investigarem a procedência de tais armas e sem aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, reagiram com o lançamento de 59 mísseis Tomahawk contra a base aérea de Shayrat (província de Homs) da qual terão partido os ataques sírios.

O Exército sírio nega a autoria de qualquer ataque com armas químicas, garantindo que nunca o fez nem o fará, e a Rússia admite que os produtos químicos letais não fossem lançados pelo exército sírio mas que estivessem armazenados num depósito oculto, dos terroristas, e por isso tenham sido atingidos.

“Os rebeldes” – como também são designados pelo ocidente os "terroristas bons"– negam as acusações e os ocidentais tomam estes por fontes credíveis.


Nunca se saberá a verdade, muito provavelmente. Esta é a grande vantagem dos verdadeiros autores do uso das armas químicas. E a opinião pública fará o “seu” juízo com base na opinião publicada. Talvez por isso estejamos a assistir a tanta unanimidade nos orgãos ocidentais de informação onde, de resto, só é ouvida uma parte dos actores políticos deste conflito. O próprio Donald Trump surge nestes meios travestido de homem justo.

Entretanto, em Boston, Massachusetts, americanos dizem que querem diplomacia para resolver a questão síria, e não mísseis. Para os envolvidos nas manifestações que ocorrem em pelo menos 35 cidades dos EUA, a motivação humanitária de Trump não passa de uma desculpa, muito parecida com a utilizada por George W. Bush em 2003 (invasão do Iraque), para atacar a Síria com o objetivo de derrubar o actual regime, matando ainda mais civis durante o processo.


A História ensina que provavelmente nunca saberemos a verdade, como disse, mas também ensina o que tem acontecido noutros episódios, isto é, qual a estratégia político-militar predominante nos EUA:

1) Provocar os países incómodos (de preferência através de rebeldes, verdadeiros ou falsos, desses países);
2) Acusá-los de iniciar hostilidades (com base na reacção às provocações);
3) “Retaliar” brutalmente (com a legitimidade da opinião favorável publicada);
4) Alimentar o descontentamento interno desses países hostis até à substituição do Poder por dirigentes pró-ocidentais.

A propósito: Venezuela, te cuida!

8.4.17

Trump é bruxo?

Quem não se lembra da galhofa universal que Donald Trump provocou em Fevereiro quando se referiu a um ataque terrorista na Suécia? O homem estava drogado como sugeriu então o ex-primeiro ministro sueco, ou apenas profetizou o que veio acontecer agora?



O caso faz-nos pensar que Donald Trump tem dotes adivinhatórios, sobretudo se lhe juntarmos a informação de origem desconhecida segundo a qual a Síria terá usado armas químicas proibidas, num ataque realizado na terça-feira e que terá causado a morte a dezenas de pessoas.

Também há quem diga que as alusões exageradas ao terrorismo e as acusações sem prova acerca do uso de armas químicas são pretextos para as políticas anti-imigração e anti-Assad. Mas vá lá a gente adivinhar, a gente que não é bruxa...

Para quem não aprecia textos sarcásticos sobre matérias tão sensíveis, recomendo a abordagem de Bernie Sanders, AQUI, sobre o assunto. Entre outras questões, o ex-candidato à Casa Branca pergunta qual é o contributo desta intervenção de Trump para a resolução diplomática do conflito, pergunta que ecoa em manifestações que ocorrem em pelo menos 35 cidades dos EUA.