A greve de camionistas marcada para 12 de Agosto em diante
parece ser um episódio típico da luta de classes na perspectiva marxista. Será
assim que a entendem os marxistas mais representativos entre nós?
«A legislação para o
sector (aprovada por PS/PSD/CDS) legitima formas de organização do trabalho com
impactos brutais na vida dos motoristas, que passam demasiado tempo longe de
casa em condições muitas vezes deploráveis e ainda fazem cargas, descargas,
segurança e manutenção dos veículos, muitas vezes fora do horário de trabalho».
«O que se impõe? Que o
Governo cumpra e faça cumprir as leis que defendem os trabalhadores. Que a
associação patronal aumente os salários e concretize uma mais justa organização
do tempo de trabalho, repercutindo os custos nos seus lucros e nos dos seus
clientes. Que se eliminem os bloqueios à negociação e contratação colectiva.
Que a lei deixe de tratar o motorista como uma mera peça da maquinaria necessária
ao transporte de mercadorias. Que se combatam aqueles que usam as justas
reivindicações dos motoristas, seja para se promoverem, para alimentar
projectos políticos reaccionários ou para atacar o direito à greve».
A posição do BE aparece assim no esquerda.net de 9 de Agosto
A coordenadora do
Bloco (Catarina Martins) fez um apelo à
serenidade de todas as partes, que considerou muito crispadas: "quando
ouço as várias partes, parece que toda a gente está à procura de uma crise, em
vez de uma solução". Há um problema real que é preciso resolver, afirmou:
muitos motoristas recebem remuneração à parte do salário, sem descontos, o que
é mau para a Segurança Social e mau para os motoristas, "que não vão ter a
reforma a que devem ter direito". O essencial, prosseguiu, é conseguir um
novo contrato coletivo de trabalho, que garanta um salário digno aos motoristas
com os devidos descontos à Segurança Social, de forma a proteger a sua carreira
contributiva e reforma.
É manifesto que o PCP aposta na luta de classes e que o BE
aposta na serenidade contra as posições “muito crispadas” das “várias partes”
envolvidas.
Como Karl Marx já morreu e Arnaldo de Matos também,
resta-nos ler o que ambos disseram sobre esta temática... e fazer o que nos
aconselhou o ministro Pedro Nuno Santos: encher o frigorífico e o depósito de
gasolina “na medida das nossas possibilidades”.
A imagem acima reporta a greve dos motoristas de matérias perigosas, de 15 de Abril p. p., por tempo indeterminado...
(recolhida do Notícias de Aveiro)
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