Como nas empresas de outro ramo qualquer, a preocupação dos revolucionários – os que defendiam a revolução em curso – era valorizar o trabalho e a produção, ameaçadas que estavam pelo boicote dos sectores reaccionários que promovem sempre a destruição das economias nacionais em tempos de socialização. Daí que a reunião com a Administração tivesse na agenda as questões de produção.Numa empresa de Televisão, os meios de produção contam com câmaras e gravadores, projectores e equipamentos de montagem mas também, entre outras coisas, estúdios e cenários.
E a questão que nós punhamos era que havia equipamentos e equipas desocupadas. «Isso é por falta de estúdios disponíveis», dizia a Direcção. Falta de estúdios? – questionei como se tivesse ouvido um grande disparate. – Mas o país todo é um imenso estúdio; as ruas e as casas, os campos e os rios são imensos cenários...!Ainda hoje não sei se o silêncio que se fez a seguir e com que a conversa terminou, foi o reconhecimento da minha razão inquestionável ou se foi a percepção geral de que estavam a falar com um louco. O certo é que ainda hoje penso da mesma forma.
Mas é tal o silêncio que se segue à “defesa do tecido produtivo” que o mais certo é que “eu” seja mesmo louco.
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