15.1.12

Porque hoje é domingo (12)

Não conheço maior maçonaria, em dimensões e influência social, do que a Igreja Católica. Comparativamente, o que são cinco milhões de maçons em todo o mundo? Mas tanto bastaria para despertar rivalidades.
Diferem supostamente no estatuto hierárquico em que a primeira, ao que suponho, é mais horizontal, e a Igreja se assemelha mais, deste ponto de vista, à organização dos partidos políticos – funcionamento vertical e centralizado. De tudo o que caracteriza uns e outros, o que menos importa para os objectivos que prosseguem, já se vê, são os elementos simbólicos: seja a cruz dos cristãos, régua, esquadro e transferidor dos maçónicos, foice e martelo dos comunistas, punhos, setas, bonecos decepados…
Tal como nos estados e nos partidos, ao que parece, há tendências para todos os gostos e comportamentos éticos, para todas as “necessidades” individuais.

Os discursos mais radicais invocam o conflito entre Deus e o Diabo; os mais leves invocam o direito de cada um ao livre pensamento – coisa que até Salazar reconhecia não ser do foro das doutrinas mas sim da Psicologia.

Afinal, que importância têm “os pecados do mundo”, digo a deterioração da vida no planeta, os desacordos sobre a bomba atómica, os desarranjos geo-estratégicos, a ingerência política, a invasão militar, o progresso dos povos sul-americanos na luta pela autonomia, quando comparados com uns farrapos pintados em forma de aventais ou de bandeiras? Entre ladaínhas mais repetitivas e inconsistentes do que as Reflexiones de Fidel Castro, os órgãos de informação vão entretendo as massas, não vá a gente ter tempo para pensar, para se informar, para se revoltar.

A Igreja Católica, rodeada de t(r)alha dourada e paramentos, invoca neste Domingo aquela passagem do Evangelho onde se lê que “Deus julgará os fornicadores e os adúlteros” (Hb. 13,4). Adúlteros são aqueles que se comprometem com o Povo e acabam servindo os seus inimigos; fornicadores são aqueles que oprimem o Povo com impostos e aumento de trabalho e lhes roubam o salário e as poupanças. Mas isto os sacerdotes não explicam; preferem falar da “pureza” – lá está, os aventais.

1 comentário:

O Puma disse...

O homem é eminente mente

religioso e político

mas ainda prefiro os de cara lavada
a céu aberto