“Surfando” a onda da moda, de que tudo são mitos, discorro sobre os ditos que têm sido associados ao terrorismo islâmico.
Antes de mais, o mito de que se trata de “actos cegos e cobardes”. Eu que não sou papa nem presidente da república, proclamo do cimo da minha prancha intelectual que os atentados não são cegos nem cobardes.
Não são cegos porque seleccionam alvos com grande impacto e valor simbólico. Como assumia um comunicado do “Estado Islâmico” na sequência dos crimes ocorridos em Paris, os alvos “foram escolhidos minuciosamente”.
Não são cobardes porque não há atitude mais corajosa do que dar a vida por uma causa. Quando se trata de cristãos, chamamos-lhes mártires. A obsessão, o fanatismo, o ódio que os move, pode ser até loucura, em certo sentido, mas cobardia é a palavra menos adequada.
Não me atirem da prancha antes de chegar à praia, porque quero esclarecer esta minha pretensa desmistificação. O que eu digo é que as palavras não são indiferentes. O grau de rigor das palavras exprime o grau de rigor das ideias, e este é fundamental para a eficácia das respostas aos problemas.
Uma caracterização errada dos métodos e dos agentes do terrorismo não ajuda a combater o crime, confunde as estratégias. Pelo contrário, um conhecimento acertado dos agentes, dos critérios e das causas, ajuda a identificar melhor os autores potenciais, prever as suas estratégias e evitar as suas motivações.
Outro mito é que os combatentes suicidas são condicionados por uma lavagem ao cérebro ou são simplesmente doidos.
Tais explicações dão o problema como insolúvel. Escondendo, por facilidade, as motivações politico-sociais, sejam justas ou não, impede-se a criação de estratégias de resposta neste plano que podem abranger, além do mais, campanhas de informação. E dá uma desculpa imerecida para os assassinos.
Não, as palavras não são indiferentes. Cuidado!
2 comentários:
Papa dixit (no Quénia, em 25 Nov, 2015):
“A violência, os conflitos e o terrorismo” alimentam-se “com o medo, a desconfiança e o desespero que nascem da pobreza e da frustração”. Concordo.
Mas também falou, mais recentemente, de "ataques cegos". Discordo.
Convenhamos ainda que falta à Igreja Católica e ao Papa, autoridade moral - que não religiosa! - para falar contra a cegueira ideológica e o fanatismo. Ou ele nunca leu a Bíblia?
E como casa ele a sua próxima vinda a Fátima porque se diz que três crianças de aldeia viram a mãe de Jesus, falaram com ela e receberam três segredos para serem divulgados metodicamente em três épocas históricas determinadas??? Valha-nos Deus!
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