Sempre que alguém faz questão de afirmar que será “o presidente de todos os portugueses”, eu pergunto se isto é uma promessa de pluralismo ou uma ameaça contra quem se julgue à margem da sua tutela.
Quando Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso de tomada de posse a 9 de Março de 2016, fez questão de dizer que, como Presidente, «não é nem a favor nem contra ninguém», eu pergunto se isto é uma promessa de imparcialidade (impossível) na luta entre os espoliados e os privilegiados ou
uma declaração de inutilidade da sua função.
Quando ele diz que «temos de ser fiéis à União Europeia e à NATO», num contexto de decadência destas instituições, eu pergunto se elas nos pediram algum juramento novo de fidelidade ou se pretendeu simplesmente inibir algumas bancadas de o aplaudirem.
Quando fala em “desafios dos refugiados na Europa”, está a formar duas equipas em confronto, dois adversários – os refugiados e os europeus?
Quando diz, por exemplo, que “há sinais de apelo a reflexões de substância, de forma, ou de
espírito solidário, num contexto muito diverso daqueles que testemunharam as suas mais apreciáveis mudanças”, eu pergunto se ele próprio sabe o que está dizer.
1 comentário:
Compreende-se tanto incenso, mirra e ouro a receber o novo Presidente da República, no que isso significa de alívio depois de Cavaco - uma espécie de Obama após Bush, mutantis mutandis. Mas quando Marcelo diz que "urge recriar convergências, redescobrir diálogos, refazer entendimentos", não estará a querer recuperar o velho "arco da governação"?
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