Milhares de pessoas confiaram as suas poupanças ao banco do Estado, a Caixa Geral de Depósitos, com a garantia de que o dinheiro estaria seguro e que aquelas pessoas iriam receber mais tarde o dinheiro emprestado e ainda os juros desses empréstimos.
O que o banco do Estado fez com esse dinheiro, foi emprestá-lo mais caro para ganhar dinheiro e para apoiar projectos de investimento. Melhor: isto é o que se esperava que a Caixa fizesse, no interesse da economia portuguesa e da criação de empregos.
Mas o que aconteceu foi que os administradores da Caixa pegaram nesse dinheiro e emprestaram-no ao maior banco privado, o BCP, e outras grandes empresas, sem exigir sequer as garantias “obrigatórias” de pagamento nem avaliar correctamente o risco de incumprimento pela parte delas.
Durante a gestão de Armando Vara e Carlos Santos Ferreira, só nove destes “clientes” da Caixa levaram 2.300M€ (dois mil e trezentos milhões de euros)!
Há quem pergunte, a este respeito, que tipo de méritos teve Armando Vara que expliquem a sua nomeação inusitada para vice-presidente da CGD, ele que até aí se limitava a gerir um balcão da Caixa de Trás-os-Montes. Também há quem pergunte porque é que os administradores da Caixa Geral de Depósitos, depois de terem financiado o BCP, sairam da Caixa para este banco. Há quem pergunte tantas coisas…
Das notícias
Entre Janeiro e Junho de 2007, a CGD financiou accionistas do BCP para adquirirem acções do seu próprio banco!
Em Julho de 2012, “a CGD disponibilizou 1,55 mil milhões de euros para apoiar a capitalização de empresas”.
Durante o Governo de Passos Coelho e da troika, foram injectados na CGD 1.650M€ sem que os auditores da CGD nem o Banco de Portugal avaliassem a situação dos empréstimos.
E agora
A Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD, agora requerida pelo PSD, irá certamente querer apurar as responsabilidades de tais procedimentos por parte dos administradores da Caixa, tanto mais que há suspeitas de motivações pessoais por trás daquelas decisões ruinosas.
Quanto às contradições que estarão presentes nesta comissão, elas evitarão que se apurem responsabilidades políticas e criminais, decerto, mas não deixam de ser uma oportunidade – involuntariamente criada pelos promotores – para a denúncia dos jogos financeiros e do sistema que os suporta e incentiva.
(Ver + em “ADENDAS”)
2 comentários:
Para um grupo selecionado de empresas, a proposta da CGD não tem exigência de garantia reais, nem exige a participação no capital ou intervenção da gestão por parte do banco, desde que os rácios de performance sejam cumpridos.
A linha de capitalização contará com um montante inicial de 150 milhões de euros, para um grupo selecionado de empresas e tem em preparação uma linha mais generalista de 350 milhões de euros incluindo a intervenção de instrumentos de garantia mútua.
A política de investimentos dos Fundos da Caixa assentará no privilegiar da capacidade competitiva das empresas nacionais em mercados alargados, em projetos que perspetivem uma acentuada valorização e o retorno dos capitais investidos.
https://www.cgd.pt/Institucional/Sala-de-Imprensa/2012/Pages/Capitalizacao-empresas.aspx
Em 20 de Dezembro de 2015, ao final da noite, Banco de Portugal e Governo anunciaram a resolução do Banif, a venda de alguns activos ao Santander Totta e a transferência de outros (muitos deles 'tóxicos') para a sociedade-veículo Oitante.
O dinheiro estatal envolvido, foi de 2.255 milhões de euros, no imediato, o que obrigou a um Orçamento retificativo.
A este valor há ainda que somar a prestação de garantias de 746 milhões de euros e a perda dos cerca de 800 milhões de euros que o Estado tinha emprestado em 2012 e que não tinham sido devolvidos.
No total, e retirando os 150 milhões de euros pagos pelo Totta, os custos para contribuintes podem chegar até 3.600 milhões de euros.
(Das notícias de 21/Junho/2016, em sapo.pt)
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