Estimado Ricardo Araújo Pereira:
Comprei o seu livro “Estar Vivo Aleija” - que não deixa de
ser seu apesar de eu o ter comprado. Não comprei para mim, foi para oferecer a alguém que não tem paciência para ler obras mais sofisticadas. Mas como os
livros, ao contrário da fruta e dos robalos, podem ser consumidos antes de
dá-los, fui lendo aquelas tretas com o mesmo prazer, ou quase, com que li, há
muitos anos, “Esta Pressa de Agora” de António Lopes Ribeiro, também neste caso
uma compilação de crónicas de jornal (ideologias à parte).
“Serve a presente” – como se escrevia no tempo deste
falecido cineasta – para o informar – a si e não ao falecido – que talvez por
ter sido criado por uma avó você descobriu desde muito cedo uma coisa que
vulgarmente descobrimos nós, os velhos, ao fim de muitos anos de erráticas
reflexões sobre o sentido da vida: que a vida não faz sentido ou, citando o
nome de um filme cubano, “La vida es silbar”.
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