29.9.19

O medo em política


Se “a fé move montanhas”, é algo que nunca se provou. O que está provado é que o medo, esse sim, pode mover montanhas de votos. Foi assim com a queda eleitoral dos partidos de direita que integraram o governo de Passos Coelho. Que este tenha aprendido à sua custa, digamos assim, a importância do medo no processo eleitoral, pretendendo utilizá-lo na ameaça sobre “a vinda do diabo”, não surtiu o efeito pretendido porque encontrou nos cidadãos uma enorme desconfiança – o medo de serem enganados!

O medo da maioria absoluta do PS, o medo do radicalismo do BE, o medo do comunismo do PCP, o medo de perder as reposições de rendimentos, o medo!, é talvez o mecanismo  mais recorrente da estratégia política . Outra coisa é saber geri-lo.

Não há nesta constatação uma censura ao sentimento do medo, muitas vezes legítimo e até prudente, mas há que ter em conta que este sentimento é explorado no discurso político (não mais que na estratégia militar e muito menos que na estratégia religiosa) como instrumento de manipulação sobretudo em contexto eleitoral. Isto é: há que ter medo dos nossos próprios medos assim como duvidar dos exageros da fé. 


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