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Parece. Mas é?
Karl Marx defendia que o comunismo criaria um “homem novo”, solidário, fraterno, abolindo o homem egoista e agressivo que a concorrência alimenta nas sociedades capitalistas. Estas vivem e alimentam-se da “exploração do homem pelo homem”.
A possibilidade de chegar ao “homem novo” não seria uma questão de boa-vontade, de criar convicções morais, mas sim de criar condições materiais de desenvolvimento e satisfação das necessidades de todos – a democracia económica. Extinto o antagonismo de classes e desenvolvida que fosse a economia de modo a satisfazer todas as necessidades humanas, seriam abolidas as desigualdades sociais e os sentimentos de conflitualidade que é gerada pela escassez de satisfação dos cidadãos.
O conceito parecia tão lógico e tão justo quanto necessário. E daí que muitos milhões acreditássemos e defendêssemos a sua realização. Tão necessário, tão desejado, que nem discutiamos se o homem é mesmo tão naturalmente fraterno quanto a tese supunha. Esse conceito serve ainda hoje de suporte moral, de legitimação interna para os regimes que se reclamam de orientação socialista.
Mas será que o Homem é o anjo do Homem?
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Saindo do Haiti aqui citado apenas como metáfora da condição humana, o que aprendemos com a História é que as necessidades dos homens são infinitas, logo insaciáveis – não há sociedade de abundância que satisfaça o nosso apetite. E as sociedades socialistas que conhecemos não foram nem são sociedades de abundância...
Restam-nos duas perguntas:
será que ainda é possível mudar drasticamente a sociedade de modo a chegar à democracia económica?;
e será que ela pode ser atingida sem sacrifício das liberdades legítimas das populações?
A necessidade dita que devemos tentar. O egoismo dos privilegiados dita o contrário. Manifestamente o conflito existe. E os agentes da mudança, aqui como na América, por alguma razão ou por várias não se fazem acreditar quanto baste – vivemos na corda-bamba dos cinquenta por cento...
Helen Keller(2), 60 anos depois de Marx, terá sentenciado que “A segurança é uma grande superstição. Não existe na natureza”. Que isso não desanime os haitianos e a Humanidade em geral, que não era essa a intenção da grande filantropa.
(1) Tomás Hobbes nasceu em Westport, em 1588. Ele pretende justificar o poder absoluto do soberano com o argumento de uma origem natural decorrente da maldade da natureza humana.
(2) Helen Keller nasceu em Junho de 1880 no Alabama.
2 comentários:
Andamos quase todos
à pergunta de novos caminhos
entretanto...
deus existe?
Aí está uma pergunta que nunca me tinha ocorrido...!
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