e os actores também
Servem os nossos votos para designar as pessoas que nos hão-de representar no parlamento, na presidência da república e nas autarquias. Quando eles pensam, quando eles falam, quando eles decidem, é por nós que pensam, é por nós que falam, é por nós que decidem.
Neste aspecto da representação se distinguem os políticos, dos actores, mas as semelhanças formais são mais que as diferenças.
Rui de Carvalho representa o Rei Lear? O Rui, o seu corpo e a sua voz estão ali apresentados; o Rei Lear, as suas roupas, palavras e gestos, estão ali representados.O que representa está “no lugar de” por incapacidade física ou intelectual deste. O meu advogado, sindicato, partido, deputado, governo ou presidente, ocupam o meu lugar – o meu! Mas isto é o conceito em que se baseia a legitimidade dos representantes. Investidos, porém, de competência delegada, tomam geralmente essa representação autorizada, por autoridade soberana - já só se representam a si próprios.
No Teatro, tal abuso faria com que o actor que interpreta o papel de Bruto na peça Júlio César, por exemplo, se sentisse autorizado a matar o actor que interpreta o papel do rei, sem que este tivesse sequer tempo para pronunciar a sua deixa: “Também tu, Bruto, meu filho”.
Na verdade, a personagem não é o actor, o auto-retrato não é o pintor e o Presidente da República não é o Povo – por melhor que representem !
Servem os nossos votos para designar as pessoas que nos hão-de representar no parlamento, na presidência da república e nas autarquias. Quando eles pensam, quando eles falam, quando eles decidem, é por nós que pensam, é por nós que falam, é por nós que decidem.
Neste aspecto da representação se distinguem os políticos, dos actores, mas as semelhanças formais são mais que as diferenças.
Rui de Carvalho representa o Rei Lear? O Rui, o seu corpo e a sua voz estão ali apresentados; o Rei Lear, as suas roupas, palavras e gestos, estão ali representados.O que representa está “no lugar de” por incapacidade física ou intelectual deste. O meu advogado, sindicato, partido, deputado, governo ou presidente, ocupam o meu lugar – o meu! Mas isto é o conceito em que se baseia a legitimidade dos representantes. Investidos, porém, de competência delegada, tomam geralmente essa representação autorizada, por autoridade soberana - já só se representam a si próprios.
No Teatro, tal abuso faria com que o actor que interpreta o papel de Bruto na peça Júlio César, por exemplo, se sentisse autorizado a matar o actor que interpreta o papel do rei, sem que este tivesse sequer tempo para pronunciar a sua deixa: “Também tu, Bruto, meu filho”.
Na verdade, a personagem não é o actor, o auto-retrato não é o pintor e o Presidente da República não é o Povo – por melhor que representem !
4 comentários:
Anto, no seu melhor. Como sempre.
Saudades**
Delicioso! Com um pouco de "contenção", quem sabe, talvez o actor agisse só depois da "deixa".;))
sera que alguma vez o povo foi representado?
Jokas
Paula
Olá, "esquise"sinha. Bem aparecida. Tenho que passar pelo seu mostruário. Acho que estou a precisar de uma pulseiras novas, hehe. Bjinho.
Olá Mariquinhas. sabe como é este povo; assim que morrem, já não querem fazer mais nada. Fez-me rir.
Olá, Intimidades. Em última análise ninguém representa ninguém senão de forma relativa, mas o poder de representação não se contenta com pouco - tem sêde de poder. Depois, o Povo é muita gente... Jokas
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