25.3.10

Truques políticos

(com explicação)

O ilusionista diz, enquanto mostra: «Nada nas mãos e nada nas mangas». E é verdade!

Depois vemos que leva a mão esquerda ao bolso exterior do casaco de onde retira um lenço. A seguir, recolhe-o na concha da mão direita.


É nesta altura que avança a acusação para dizer que o artista escondeu um lenço na sua mão direita. Tarde demais. O malandro já está em condições de dizer e provar que não há lenço nenhum, que o que tem ali é simplesmente... um ovo. E prova o que diz, mostrando o ovo ante o olhar incrédulo mas impotente dos seus acusadores.


Alguém virá depois para explicar...

- Quando a mão esquerda do ilusionista agita o lenço, concentrando aí a atenção do espectador, como a capa diante do touro, a mão direita entra “descontraidamente” no bolso das calças e de lá sai com um ovo oculto. Quando o lenço é recolhido para a mão direita, vai juntar-se ao ovo escondido. De tal modo, quando a perspicaz autoridade manda que se abra a mão direita, o infractor pode exibir... o ovo.

Do lenço, nem sinais, escondido que ficou dentro do ovo que é falso, é oco, e tem um buraco do lado que não é mostrado. Assim como ninguém duvida que algures onde vemos uns metros de céu, está o céu, também não se pergunta se do outro lado do ovo está o resto – pressupõe-se inteiro.

É com base nesta pressuposição, nesta intuição automática e enganadora que se constroi praticamente tudo o que é truque - no ilusionismo como na política.

Revelada a explicação, os deputados, digo a assistência ficou convencida e preparada para desmascarar o artista que virá a seguir. Este, por sua vez, procede à sua própria demonstração. Os deputados, digo a assistência segue-lhe os movimentos. Avisada, vê desta vez a troca entre o lenço e o ovo, e a explicação parece confirmada. Mas o inquirido, digo o artista, o mágico, mostra agora o ovo por todos os lados e não se vê buraco. Mais, parte-o e verte o conteúdo para um copo - é um ovo verdadeiro!

A comissão de inquérito, digo a assistência, levanta-se e sai, menos esclarecida do que nunca.


Moral da história:

Nunca se pergunte a um mentiroso se ele mente e como mente.

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