Num ímpeto de generosa colaboração com “o país”, esforça-se amiúde alguma gente para descobrir a forma de “mobilizar” o dito para salvar o mesmo. Esforço meritório se fosse sincero, se não escondesse deliberadamente que o país, o dito, o mesmo, não é coisa una, indivisível ou sequer solidária.
Eu sei que é mais bonito apresentar-se alguém como salvador de uma nação inteira do que da parte, da única parte que precisa ser salva – aquela que não tem lugar na barca, digo, na banca de Noé, dos Noés que pagam as campanhas eleitorais e as reformas dos dirigentes nacionais e os aconselham em reuniões mais ou menos formais.
Não é o país que precisa de ser defendido, é a parte que perde com a especulação capitalista (já que têm vergonha da palavra exploração), é a parte que paga e não bufa, os preços que a outra parte lhes impõe nos bens de consumo, é a parte que perde com os aumentos dos preços da água e da electricidade, do gás, da gasolina...
É a parte do país que não beneficia dos aumentos dos preços, dos aumentos dos lucros. É a parte que não cobra juros; paga juros. É a parte que não vê uma janela de oportunidades na crise; vê a porta do despedimento, da exclusão.
Estás a ver, Fátima, porque é tão difícil mobilizar “o país”? O país está mobilizado, só que uns empurram para um lado e outros para o outro - o conflito de interesses existe. O que não está claro é para que lado empurra o Prós e Contras... Ou está?
1 comentário:
Mas a maioria está do lado de cá!!
Lembra-me a cançaõ:"que força é essa Amigo, que te põe de mal contigo...!
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