A República de Honduras foi a votos há uma semana, dia 21 de Novembro, para a presidência e orgãos locais. Depois do golpe de estado da direita hondurenha que depôs e deportou o presidente legítimo Manuel Zelaya em 2009, foi criado um novo partido, há menos de dois anos, que apresentou agora como candidata à presidência, a mulher de Manuel Zelaya, Xiomara Castro.
Trata-se do Partido Liberdade e Refundação, geralmente designado por “Livre”. Qualquer coincidência com o partido que Rui Tavares quer criar, além do nome e do posicionamento à esquerda, talvez seja mera coincidência. Até porque, se “não vem mal nenhum ao mundo” no caso deste não eleger ninguém, como diz o próprio fundador, já no caso das Honduras, a questão é completamente diferente: os partidários do casal Zelaya reivindicam a vitória depois da comissão eleitoral a ter atribuído ao Partido Nacional.
O “Partido Nacional”, de direita e que tem governado o país depois de ter promovido o golpe contra Zelaya, concorreu à presidência com Juan Orlando Hernandez de quem vale a pena citar esta afirmação ainda em jeito de comparação com a política portuguesa: 'Eu garanto a você que o que é de um lado uma crise, pode ser visto pelo outro lado como uma grande janela de oportunidade'.
A questão é que o partido “Libre” denuncia fraudes e irregularidades graves no processo eleitoral, sem as quais considera que Xiomara teria maior resultado do que Juan Orlando.
No país mais violento do mundo, onde a criminalidade tem subido a níveis assustadores e, com ela, tanto cresce o mêdo como a pobreza – nas Américas, só o Haiti apresenta uma taxa de pobreza maior que Honduras – as perspectivas de paz, desenvolvimento e justiça social, são desanimadoras. Se a segurança e o desemprego eram as preocupações mais invocadas pelos seus cidadãos, na oportunidade destas eleições, nada parece melhorar com a situação criada. Outro tanto se diria em relação às dívidas externa e interna – sem pretender voltar às comparações.
Depois de cem anos de bipartidismo de direita, parece que a população tentou organizar-se para responder à ausência do Estado. A estas eleições já se apresentaram nove partidos, e a grande participação da juventude trazia um sinal de esperança para o futuro. Faltava saber, como alguém comentava, se aqueles que fizeram um golpe de estado iriam permitir agora eleições democráticas. E se os Estados Unidos da América que aproveitaram a situação para instalar duas bases militares neste país, depois de 2009, não jogarão na confusão política e na extrema dependência das Honduras em relação à América do Norte, de forma determinante.
Como em toda a América Latina, o que se joga nas Honduras é a correlação de forças entre uma esquerda independentista e uma direita capitulacionista, entre o modelo estorpecedor do passado e o projecto progressista de futuro. Com o Brasil e a Venezuela, o Equador, a Argentina e outros, as Honduras podem almejar mais do que nunca instalar as bases da independência e do progresso; de contrário, as perspectivas estão à vista nestes quatro anos de usurpação.
2 comentários:
Recortes sobre a impugnação
Según el partido Libre, hay cerca de 450.000 votos "con inconsistencias" que están siendo verificados y que le darían la victoria a Castro. El presidente del TSE, David Matamoros, reconoció que estaban revisando esos sufragios y urgió a los centros de votación a acelerar el envío de actas.
De acuerdo con los resultados del TSE, Castro cuenta con el 28,7 por ciento de los votos y Hernández el 36,4 por ciento una vez escrutado el 91 por ciento de los sufragios.
Previamente la representante del partido Libre en el consejo consultivo del TSE, Ricci Moncada, dijo que existieron “alteraciones y falsificaciones” de las actas electorales en el Sistema Integrado de Escrutinio y Divulgación Electoral (SIEDE). Moncada señaló que los “resultados fueron alterados” de las actas a los sistemas de transmisión. El partido Libre pidió la revisión, cotejo y recuento de las 16.094 actas de igual cantidad de urnas que fueron habilitadas para recibir los sufragios de los hondureños.
CURIOSIDADE / RECORTE
En un país donde el 90% de los habitantes son creyentes y con una tasa de analfabetismo real del 15%, Dios puede decidir presidentes o, al menos, es lo que creen las iglesias hondureñas que intervienen en la campaña electoral a favor o en detrimento de algunos candidatos.
Hace menos de un mes, el pastor de la iglesia evangélica Ministerio Manantial, Roy Santos, apareció en los medios de comunicación para decir que Dios mismo le había hablado mientras oraba para criticar la candidatura de Xiomara Castro, la esposa del presidente Manuel Zelaya, derrocado por el golpe de Estado de 2009.
http://internacional.elpais.com/internacional/2013/11/16/actualidad/1384567695_229741.html
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