16.12.19

E depois do adeus?

Decidido o “Brexit”, para o bem e para o mal, Boris Johnson não resolveu um problema, iniciou-o. E não é um problema, são vários, desde as questões regionais, nomeadamente com a Irlanda e a Escócia(1), as relações económicas internacionais, a questão da dívida pública e a reconversão económica interna.

Há quem considere que o presidente conservador ganhou autoridade para "fazer o que quiser" a partir deste apoio, nomeadamente para fazer acordos com a União Europeia muito diferentes do que deixava antever durante a sua campanha eleitoral, mas a população irá reclamar o prémio dos seus votos.

Aqueles que votaram em Boris Johnson não vão esperar uma dezena de anos, o tempo que o processo de saída poderá demorar, para exigir resultados concretos no âmbito do emprego e do nível de vida. Nem mesmo os cinco anos da legislatura. E destes resultados é que vai depender a sobrevivência política do vencedor destas eleições, por um lado, e o julgamento definitivo da estratégia de retirada da União Europeia.

Maus resultados práticos neste difícil contexto podem mesmo trazer a recuperação do Partido Trabalhista britânico que, apesar duma estrondosa derrota circunstancial (2), não desapareceu como muitos fazem crer, mas ainda conta com 203 dos 650 lugares do parlamento.


(1) Nicole Sturgeon, ministra principal da Escócia e líder do SNP, anunciou já a sua intenção de apresentar nesta semana os planos para a celebração de um novo referendo de independência.

(2) Nós tivemos de acomodar os nossos membros que apoiaram a permanência, mas muitos de nós representamos regiões que votaram para sair. Foi esse o dilema que enfrentámos", afirmou à BBC um dirigente do Partido Trabalhista.

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