16.5.22

Porque hoje é domingo (120)

A cena que João nos conta para a homilia de hoje (João 13,31-33a) passa-se no lugar da última ceia de Jesus, um lugar que Leonardo Da Vince retratou com o cuidado de dispor todos os apóstolos do mesmo lado da mesa, de modo a que nenhum deles ficasse de costas para a “câmara”.

Tratando-se realmente de uma pintura, consta que o autor teve a possibilidade de assumir, com a sua cara, a personagem de Judas. Nada de novo, portanto, no capricho de Hitchcock em fazer uma perninha nos filmes que realizava.

Um outro acontecimento cinematográfico que vale a pena invocar a este respeito, é um filme em que aquela morte não decorre de uma traição de um apóstolo, mas sim de uma missão de que este foi encarregado pelo próprio Cristo para dar cumprimento a uma profecia.

Cinematografias à parte, esta tese da traição combinada, aparece em 2006 com “A Marioneta e o Anão” de Žižek, como pode ler-se AQUI e de que transcrevo um excerto, com religiosa vénia ao autor: “visto que a sua [de Judas] traição era necessária para levar a cabo a sua [de Jesus] missão (redimir a humanidade pela morte na cruz) não precisava Cristo dela? As suas palavras inquietantes durante a Última Ceia não serão uma intimidação secreta endereçada a Judas para que ele o atraiçoe?

Sem comentários: