10.7.22

Porque hoje é domingo (124)

Nestes tempos de interacção global em que “o nosso próximo” é toda a gente, ganha uma dimensão especial o conflito interior de cada pessoa entre a solidariedade e o egoísmo, entre o cuidado com os outros e a indiferença.

É disto que trata a passagem do Evangelho que a Igreja invoca hoje*. A questão que se coloca agora é a mesma que Jesus terá colocado: a diferença entre os valores e as práticas. Mais, diria eu, a diferença estratégica entre a suposta conversão individual e a imposta revolução social.

Aqui parece estar o confronto histórico entre a religião e a política, que faz muitos cristãos – e não só – evoluírem da militância religiosa para a militância partidária. A experiência pessoal e social dos cidadãos, o seu crescimento, tem dado provas desta evolução.

Sou testemunha desse fenómeno pela minha própria experiência mas também pelos muitos activistas políticos que conheci nas estruturas sociais. Que essas estruturas sejam sempre capazes ou competentes de corresponder às expectativas, isso já pertence à segunda fase da evolução a que me venho referindo. Que as suas fragilidades sirvam de pretexto para o conservadorismo egoísta de alguns, disfarçado de fé religiosa, é o paradoxo a que estes estão condenados.

Palavra do senhor: eu!

*Lucas 10:36-37

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