Embora nos viéssemos a conhecer pessoalmente, era sobretudo pelas suas críticas de televisão que eu e a maioria das pessoas conhecia Mário Castrim.
Desassombrado e combativo, assumia um estilo militante na denúncia e inteligente na forma, que suscitava respeito e admiração geral, acho eu, mas também o epíteto carinhoso de “sectário geral” até entre camaradas do PCP.
Falecido em 2002, não conheci ninguém que melhor pudesse herdar-lhe o título, do que Miguel Urbano Rodrigues, também ele jornalista, escritor e militante comunista. Com uma diferença que reputo de grande importância – não cola bem com este último o adjectivo de carinhoso.
Inteligente, informado e sedutor mas sobretudo manipulador de informação como testemunha o seu jornal electrónico – “site” se quiserem – a que chamou “resistir”, significativamente porque é essa a sua luta: resistir contra tudo e contra todos ás novas lições da História, ao tempo e ás suas revelações, servindo-se para isso da própria actualidade para subverter-lhe o sentido sempre que dá jeito à diabolização dos inimigos de estimação.
A reprodução no seu jornal, de artigos como “A biografia oculta dos Obama” de Wayne Madsen, é a “cara chapada” do seu próprio estilo de fazer política. Um artigo, digo talvez melhor um ensaio, que mais parece um relatório secreto de uma qualquer polícia política, profusamente apoiado em relatórios da CIA que era suposto não serem credíveis..., e em que a figura de Obama é colada grotesca e artificialmente a questões a que é inteiramente alheio.
Só para dar uma ínfima ideia do que trata, reproduzo apenas um curto recorte deste texto insano e vomitativo que já vai em parte-três:
«Há muitos volumes de material escrito sobre o passado de George H.W. Bush na CIA e atividades relacionadas com a CIA, de seu pai e seus filhos, inclusive do antigo presidente George W. Bush. Barack Obama, por outro lado, sabiamente mascarou suas próprias conexões com a CIA, assim como as de sua mãe, de seu pai, de seu padrasto e de sua avó (conhece-se muito pouco sobre o avô de Obama, Stanley Armou Dunham, que supostamente trabalhava no ramo de mobiliário no Havaí depois de servir na Europa durante a Segunda Guerra Mundial).
Não sei nada sobre os avós e bisavós de Miguel Urbano nem isso me interessa para avaliar do caracter deste, mas tenho excelente opinião sobre o prestigiado Urbano Tavares Rodrigues, seu irmão, de quem sou amigo pessoal com muito orgulho. Será que não devia???
Como se pode ver por comparação com um outro artigo meu de 2008, a minha consideração por Miguel baixou muito. Mas em vez de ocultar esta diferença de opinião, cabe-me exprimir esta alteração. Não sou dado a cristalizações mentais, talvez.
Segunda imagem: Do filme "El Labirinto del Fauno" de Guillermo Del Toro.
Sem comentários:
Enviar um comentário