26.5.11

Exortação aos movimentos emergentes

São massas invisíveis e instáveis que, em momentos críticos, abalam, imprevisíveis e incontroláveis, a crusta suave e firme em que se desenrola a vida superficial.

Na Natureza tem um nome estranho, “tectónica de placas”; na Sociedade, mais prosaicamente chama-se “revolta”. Bem-vistas as coisas são designações equivalentes com que se exprime a desconstrução de um edifício ou, por extensão, de um sistema.

A questão política é esta: não se trata de "apoiar" um partido - em última análise, ninguém representa ninguém, ninguém merece a confiança total de ninguém. Do que se trata é de tomar “posição”, de mudar o caminho aos acontecimentos, de atrever-se por mares não navegados. É de comparar sistemas, inútil como é esta cacofonia social-democrata em busca de diferenças in-significantes.

E aqui não se trata, uma vez mais, de escolher os programas à venda – trata-se de agir, de abrir sulcos no caminho dos consensos paralizantes, de remover escolhos formais, destruir os alicerces da exploração, furar a crusta da corrupção, estremecer a Terra e libertar o Homem da asfixia a que chegou neste momento histórico. Cientes – e daí? – que a História não acaba aqui. Os políticos, os partidos, saberão "como" mudar o rumo, mas aos cidadãos comuns compete saber "para onde" querem ir.


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