É preciso ir à imprensa e aos sítios electrónicos brasileiros para encontrar notícias, em língua portuguesa, sobre a cimeira da “Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños”, CELAC, que se reuniu em 2 e 3 de Dezembro. Afinal estão em causa “apenas” 550 milhões de habitantes e um PIB global de uns seis biliões de dólares...
Esta comunidade de estados prossegue um velho objectivo de tornar mais autónomos e desenvolvidos os países da região, libertando-os da tutela das grandes potências americanas e europeias. "Estamos aqui a pôr a pedra fundamental da unidade, a independência e o desenvolvimento", disse Chávez no início da cerimónia.
A CELAC que a “comunicação social” portuguesa ignora, reuniu os mais altos representantes de 33 estados, independentemente da sua diversidade cultural e política.
Desde as figuras consensuais de Dilma Rousseff, pelo Brasil, e Cristina Fernández, pela Argentina, até às mais polémicas como Hugo Chavez e Raul Castro; desde o presidente Santos, da Colômbia (na foto abaixo, ao lado de Raul Castro!), até ao conselheiro Luis Almagro, do Uruguai, desde Sebastian Piñera, do Chile, até Rafael Correa, do Equador, o sentimento de que o futuro da região depende da sua união, foi manifesto. E tanto bastaria para justificar o encontro.
Num processo federador que já passou por outras iniciativas congéneres como MERCOSUL, fundado em 1991, ALBA, em 2004, ou UNASUR em 2008, «el nuevo foro es considerado como una pieza clave en la arquitectura de la integración regional».
Alguém disse numa outra cimeira, que a América Latina devia aprender com a União Europeia, verificando o que ela fez de bem... e de mal. Talvez estivesse a pensar no caracter antidemocrático como se processam as decisões na comunidade europeia, de que o Tratado de Lisboa ou o papel de Merkel e Sarkozy são bem representativos.
Além do mais, a CELAC emerge com entusiasmo numa região que floresce economicamente, enquanto a UE imerge actualmente com sofrimento numa região que apodrece economicamente. A primeira, caminha da miséria para o desenvolvimento, enquanto a segunda caminha do desenvolvimento para a miséria. A primeira quer afastar-se do garrote liberal e imperialista; a segunda submete-se à tortura – submete o seu povo, entenda-se.
Quem não está a gostar da “brincadeira” é a administração norte-americana e a “sua” Organização de Estados Americanos, OEA, hostilizada por alguns na cimeira deste fim-de-semana, o que outros tentaram contrariar com a afirmação de que «a CELAC não está contra ninguém». O valor político desta última posição, enfim, será equivalente à declaração norte-americana de que a nova organização «é um sócio» na região.
A História, portanto, não acaba aqui. Os rumos tradicionais destas regiões, talvez. Sobre isto vale a pena registar a declaração de Felipe Calderón, segundo o qual nasceu uma "nova América". Se assim foi, a comunicação social portuguesa há-de dar por isso, mais cedo ou mais tarde...
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