7.11.08

Denúncias na Colômbia










Depois de terem sido declarados como mortos "em combates com o exército”, apareceram em valas comuns no nordeste da Colômbia, os cadáveres de onze homens oriundos de Soacha. Nada de inédito no país de Uribe, mas desta vez o escândalo extravasou.

A evidência da denúncia desenvolvida em Agosto e Setembro obrigou ao afastamento de 27 militares, em 29 de Outubro. Entre estes, três generais foram acusados de negligência em procedimentos castrenses que contribuiram para as ocorrências denunciadas. Depois disto, o comandante do Exército, general Mario Montoya, renunciou ao cargo que vinha desempenhando.

Tentando distaciar-se destes e outros crimes da mesma natureza, o presidente Uribe anunciou uma medida destinada – diz ele – a combater estas práticas:

"A partir de hoy en cada división, brigada, batallón del ejército, en cada región y comando de policía habrá un oficial... cuya tarea será recibir quejas de los ciudadanos sobre posibles abusos en las fuerzas armadas". Mais disse que tais abusos seriam publicamente denunciados na Televisão.

Por sua vez, o seu Mandatário declarou: "Vamos a llamar a Naciones Unidas para que ejerza una supervisión sobre este procedimiento... creemos que manejar estos temas en público, de cara a la opinión publica y con toda la apertura a la participación ciudadana, es altamente conveniente".

Não se percebe nem o Mandatário esclareceu como é que a delegação local da ONU concretizaria tal procedimento. Não se percebe como é que um regime tão acarinhado pela comunidade internacional relativamente à oposição das FARC, precisa de uma autorização especial, excepcional, para que a sua Televisão possa denunciar os crimes do Estado.


Não se percebe ao que vem este aliciamento à denúncia através das instituições do próprio Estado, sabido que é exactamente por denunciarem esses abusos contra os direitos humanos, que muitos têm sido perseguidos e assassinados. A menos que a intenção seja criar um processo expedito de identificar os que denunciam as atrocidades para os perseguir. Nada que não tenha sido experimentado em outros lugares – incluindo o Portugal de Salazar.

Quem poderia dizer uma palavrinha era Ingrid Betancourt, mas anda tão ocupada a combater a oposição...

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