13.5.10

Os novos cruzados

A cruzada papal a que assistimos com Bento XVI, terá directamente a ver com os conflitos mundiais em curso?
Será que o “eixo do mal” é um conceito que resiste ao mandato de George Bush e que o ultrapassa em importância e estratégia mundial?
Estará a Igreja Católica a viver uma nova etapa histórica da luta pela Terra Santa que, segundo alguns, teria sido prometida ao povo israelita no antigo testamento? Se assim for, ganha especial significado a tarefa diplomática de Bento XVI, de resto no seguimento de João Paulo II a quem cumpriu limpar o terreno hostil a estes propósitos – o bloco comunista afecto à União Soviética.

Não são os papas que definem as estratégias da Igreja; é a Igreja que escolhe os papas adequados a essas estratégias. O caso do papa polaco foi evidente. A sucessão por um papa alemão de nascimento e carreira, faz lembrar o papel dos alemães ao longo das cruzadas, mas certamente será coincidência.

O papa Urbano II exortou, em 1095, a que se “libertasse” a Terra Santa, isto é, a que se conquistasse a actual Palestina e Jerusalém. O domínio dos turcos seljúcidas sobre Jerusalém era interpretado pelos cristãos do Ocidente como uma ameaça e uma forma de repressão sobre os peregrinos e os cristãos do Oriente. É o conceito de “eixo” político-geográfico! Ou seja, trata-se de um conflito entre europeus e turcos muçulmanos.
Prometendo "salvação a todos os mortos em combate contra os infiéis", o Papa Urbano II mobilizou um grande e entusiástico exército. Afinal, não é a fé na salvação – como cada um entender isso – que mobiliza as multidões religiosas, sempre? (Acresce muitas vezes o anti-comunismo, é certo, com o seu forte exército).

Os “soldados de Cristo” apresentavam-se naquelas invasões como peregrinos da fé... tal como hoje, e identificavam-se com uma cruz vermelha que lhes valeria o nome de cruzados.
Essa cruz vermelha continua a figurar, ainda hoje, nas vestes papais, mas as invasões foram substituídas por relações diplomáticas.

Enquanto as coisas forem pela via diplomática, poupam-se os massacres, a carnificina que as cruzadas provocaram.

Mas há que estar atento desde já a duas questões: a primeira, é que as cruzadas fogem rapidamente ao controlo dos próprios papas e são apropriadas por oportunistas crueis interessados no poder e na pilhagem; a segunda é que os conflitos colocam em presença a “nossa” força... e a dos outros!, o que torna os resultados imprevisíveis.

Aparentemente, as relações do Vaticano com o outro mundo religioso vão no sentido contrário, isto é, da tolerância e co-habitação.

Outro tanto acontece quanto às relações com países de direcção marxista como Cuba e a China. Mas a missão evangelizadora da Igreja, isto é, o seu objectivo de influenciar cada vez mais gente, faz pensar que a política apaziguadora em curso pode ser apenas o necessário passo atrás para distender os adversários e reunir forças que tanto vão escasseando - como dá conta a falta de vocações sacerdotais.

Hoje estamos assistindo à troca de presentes entre os cruzados e os indígenas de várias partes do globo. Amanhã, não sei. Sei que vale a pena pensar no assunto, muito mais do que alinhar num côro de hossanas irracionais.

3 comentários:

Manolo Heredia disse...

A Grande Batalha vai travar-se entre judeus e muçulmanos. Qualquer um que ganhe vai depois amassar acaganita do outro e mais dos cristãos.

Manolo Heredia disse...

é ingenuidade considerar que o papa perdeu o controlo dos cruzados. è o mesmo que dizer que os reis de inglaterra perderam o controlo dos piratas, quando na realidade esses fora-de-lei eram súbditos da coroa inglesa.

O que estamos assistir é à falência do império católico, promovodo pelos judeus banqueiros mundias (vêja-se a máquina publicitária a denegrir os católicos com os casos de pedofilia, até parece que em mais nenhuma religião há membros pedófilos!). os mesmos judeus que influenciaram filipe o belo a confiscar os bens dos templários por estes serem banqueiros rivais.

os historiadores do regime ocidental só nos vendem patranhas, como a do genocídio dos judeus na alemanha nazi, quando na realidade o nazismo foi promovido na sombra pelos judeus para aniquilar o comunismo que estava a nascer na russia. essa sim era a grande ameaça para a elite de banqueiros.

antónio m p disse...

Diz o Manolo que «os historiadores do regime ocidental só nos vendem patranhas, como a do genocídio dos judeus na alemanha nazi, quando na realidade o nazismo foi promovido na sombra pelos judeus para aniquilar o comunismo que estava a nascer na russia».

Há qualquer coisa que me escapa no seu raciocínio e que gostaria de esclarecer. Face ao que se sabe do holocausto nazi sobre tantos milhares de judeus nas condições que se conhecem, faz algum sentido o que diz? Ou sou eu que não entendo?

Quanto à minha "ingenuidade" em relação ao descontrolo das cruzadas por parte dos papas, aceito a crítica mas a minha intenção é de responsabilizar os papistas que excedem o papa, como tantas vezes acontece na religião como na política.