No domingo passado, Domingo de Páscoa, celebraram os cristãos a ressurreição e aparecimento de Jesus aos discípulos depois de ter sido morto e enterrado na sexta-feira anterior. No domingo seguinte, que é este, celebra-se o segundo aparecimento, desta vez com a presença do incrédulo Tomé.
Nste ano de 2011, esta segunda aparição coincide com o Dia do Trabalhador, isto é, aquele dia de 1886 em que milhares de trabalhadores de Chicago (EUA) se juntaram nas ruas para protestar contra as deploráveis condições de trabalho.
Não posso deixar de lamentar que os trabalhadores mortos em resultado da repressão policial que se abateu sobre os manifestantes, tenham sido menos bafejados pela graça de Deus do que Jesus, e tenham permanecido mortos até aos dias de hoje pelo menos.
Confesso! Confesso que sempre me fez confusão o critério de Deus para fazer milagres. Eu sei que é louvável pôr cegos a ver, mudos a falar, paralíticos a andar e até mortos a ressuscitar. Mas que diabo – passe a expressão -, porquê escolher só meia dúzia quando há milhões a precisar desses cuidados? E mais me interrogo, se não for pecado, porque há-de o Omnipotente consentir que tais deficiências ocorram e até catástrofes e guerras? Não seria mais económico – melhor “governança”, como agora se diz – serem todas as criaturas minimamente saudáveis, pacíficas e solidárias?
Agora consta que João Paulo II também faz milagres. Apesar de todas as perplexidades já aqui manifestadas, um resto de fé me leva a rezar-lhe para que, depois do sucesso com que combateu o comunismo, se dedique agora a combater o capitalismo.Acredito que o faça. Ou eu não me chame... Tomé.
1 comentário:
Outro Tomé que se assina!
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