Continuação do texto de James Petras na parte
que aborda a experiência da América Latina
Recentemente, o ministro das Finanças brasileiro levantou a possibilidade de os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) tomarem parte num "plano de resgate" para fazer frente às crises económicas da Europa. Tal declaração teve mais importância simbólica que real, mas reflecte no entanto uma certa realidade: enquanto o Norte mergulha numa profunda crise sem fim à vista, as economias latino-americanas estão com relativa boa saúde.
Com excepção dos países latinos que estão ainda sob domínio dos EUA, especialmente o México e a maior parte da América Central, a América Latina não somente evitou as crises que afligem o Norte, mas tem crescido de forma saudável, três vezes mais que os EUA ao longo da década. O novo milénio, especialmente entre 2003 e 2011 (excepto durante um breve interlúdio em 2009) tem sido um período de crescimento elevado, prosperidade generalizada, explosão das exportações, aumento das importações, aumento da cooperação inter-regional e redução da pobreza a larga escala.
O Brasil, por si só, reduziu o número de pobres em 30 milhões. Eleições normais, relativamente honestas e competitivas, resultaram em transferências estáveis e legitimadas do poder político. Exceptuando o golpe, apoiado pelos EUA, nas Honduras e a intervenção no Haiti e na Venezuela, as tomadas violentas do poder desapareceram durante a década passada. A construção de instituições regionais prosperou com o advento da UNASUL e do banco regional da América Latina.
Graças ao controlo fiscal e à regulação do sector bancário, resultados de lições aprendidas durante a crise das décadas perdidas (1980-2000), a América Latina foi apenas ligeiramente afectada pelo crash financeiro europeu e estado-unidense de 2008-2011. O comércio latino-americano duplicou, especialmente com a Ásia, ajudado pelo crescimento a dois dígitos da China. A procura de recursos agro-minerais triplicou. A chave deste crescimento baseado no aumento das exportações é a crescente independência económica da América Latina, que levou a que esta diversificasse os seus mercados, aproveitando as novas oportunidades e reduzindo a dependência em relação aos EUA.
(...) Graças à corrente estabilidade política e crescimento económico da América Latina, chovem investimentos institucionais e empresariais na região. Pelo contrário, os EUA e a UE sofrem com o desinvestimento e o declínio do investimento privado. Por outras palavras, o desenvolvimento da América Latina é o outro lado da moeda do subdesenvolvimento do eixo EUA-UE.
(Fim de citação)
O autor desenvolve depois uma análise sobre contradições sociais neste contexto de desenvolvimento da América Latina, nomeadamente as que decorrem do processo de distribuição da riqueza em países da região.
O artigo completo encontra-se AQUI e foi recolhido em português em resistir.info
1 comentário:
Não basta ter razão
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