Há quem fale de praxes boas e praxes más, porém o que eu vejo são praxes estúpidas e praxes violentas. Mas não há que admirar que haja tantos jovens a aprovar ou tolerar as praxes; é que os jovens de hoje são os sacanas de amanhã. Também os homens sérios e generososos, inteligentes e até heróicos de amanhã, felismente.
Eles andam aí, uns e outros. Estão na altura de escolher o seu papel na História.
Sobre o assunto subscrevo a análise de José Gomes André em Delito de Opinião, de Abril de 2009!, que transcrevo parcialmente.
"Diz-se que a tradição da praxe serve para "integrar" e "facilitar o entrosamento" e que apenas é reprovável se executada com violência e sem moderadação. Nada mais errado. O equívoco reside nesta dicotomia, que define os contornos de uma praxe “boa” e de uma praxe “má”. A primeira procuraria familiarizar os indivíduos com a instituição a que agora pertence; a segunda utilizaria meios violentos para o atingir.
Trata-se de uma mistificação. A essência da praxe não é a “integração”, mas sim a humilhação. A praxe não existe para introduzir um indivíduo num contexto social harmónico ao qual ele aspira pertencer, mas sim para clarificar desde logo a relação de forças que existe nesse mesmo contexto, ou seja, para tornar evidente que o noviço se encontra na base da estrutura hierárquica da instituição, devendo submeter-se às condições impostas pelo topo da pirâmide.
(...) Não se trata pois de um ritual iniciático, cujo móbil é o desejo de inscrever e assimilar. A praxe é uma cerimónia puramente exclusiva, que define os espaços interditos ao aspirante, confinando-o às rígidas fronteiras da hierarquia imutável da instituição. Na verdade, só o tempo permitirá a ascensão na pirâmide, embora apenas com o intuito de cristalizar a ordem pré-definida. Em rigor, a praxe é o mais acabado e cínico exercício de mumificação que as sociedades modernas engendraram.
Uma sociedade civilizada devia erradicar este fenómeno puro de exclusão, esta coacção psicológica necessariamente violenta, esta forma de opressão perpétua. Num mundo esclarecido, não há lugar para a praxe".
2 comentários:
Do melhor que já li sobre o assunto, transcrevo da Raquel Varela: Progressivo era os jovens se organizarem e encherem o dux com nabos e couves pela cabeça abaixo!
http://5dias.wordpress.com/2014/01/30/mau-estado-e-praxes/
Ou, como alguém dizia no Prós e Contras, "todos nós temos direito a ser humilhados"! Pois, kesse dzer, tipo...
Ver em : http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=rB9iQZF1CcI
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