A evolução mais recente na região da América Latina, se tem algum elemento comum é talvez e apesar de tudo, a tendência para a pacificação.
Na Colômbia, a saída de Uribe, símbolo do odioso que recai sobre a direita mais assumida da região, rendido por um ex-colaborador muito próximo que não tendo as mãos limpas calça luvas para não parecer tão agressivo, e beneficiando também de alguma desarticulação das FARC, acalmam-se os ódios de Chavez que na Venezuela já tem com que se entreter devido à oposição que lhe tentam fazer as forças conservadoras e outras simplesmente inquietas com a agressividade do seu estilo.
As oposições no interior de um e outro país não se renderam, mas enquanto conspiram em segredo, deixam pairar a sensação de uma certa acalmia. Também porque já ninguém dá muito crédito aos alarmes de Chavez, comparáveis aos alarmes de seu mentor, Fidel.
Mas a Direita solene, aristocrática, envernizada, tende a estilhaçar sempre que os privilégios da classe possidente são condicionados.
Rafael Correa à esqª; Manuel Zelaya à dirª
O caso Zelaya, isto é, o golpe que destituiu o presidente das Honduras em Junho de 2009, com um desfecho pouco honroso para ele e para a Democracia, deve ter animado o golpe contra o presidente Correa, do Equador, este ocorrido agora, dia 30 de Setembro, a pretexto de reivindicações salariais dos polícias.
Além de um pretexto, que é o mais fácil, há apenas mais duas condições necessárias para derrubar um poder instituído: descontentamento social e colaboração nas forças armadas. Ora aconteceu que o movimento revoltoso não contou com um envolvimento militarizado suficiente nem com a vontade do Povo. E o próprio pretexto era muito frágil e inexpressivo, apenas se tornando perigoso devido a envolver directamente um grupo armado.
Outro elemento que destoa do golpe contra Zelaya é a fragilidade política e até pessoal deste em compraração com a força de caracter e a determinação de Rafael Correa. Para já não falar do contexto internacional – um golpe tão sujo não podia esperar a colaboração de Obama, o silêncio de Zapatero ou a tolerância de Lula da Silva. E não é Pinochet quem quer...
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