do passado dia 12 de Março de 2011, vale muito
pelo que revela ou confirma do estado de espírito da sociedade mas parece valer pouco como instrumento para melhorá-la.
Do ponto de vista subjectivo, isto é, do sentimento dos participantes, tanto quanto se possa identificar em conjunto, sobressai a expressão de descontentamento com os poderes, isto é, com os representantes da população nos orgãos de poder, quer estejam em exercício ou em oposição.
Contra o poder em exercício, contestam (algumas) políticas adoptadas; contra as oposições partidárias denunciam a incapacidade destas para interpretar a vontade da população ou para serem eficazes na oposição que encenam. Os manifestantes pretendem afirmar-se como vozes genuínas contra a algazarra geral. As motivações de cada grupo de interesses dilui-se neste inócuo propósito de afirmação. Reproduzem a algazarra mas de forma desorganizada.
Do ponto de vista das motivações, o que parece mais saliente são reivindicações ligadas com o direito ao trabalho e às condições de trabalho, nomeadamente o combate à generalização do trabalho precário. Nada que não seja dito, argumentado e insistido diariamente pelas organizações sindicais e políticas de esquerda, todos os dias e em todos os foros, afinal, pelo que se exprime a desconfiança dos manifestantes em tais organizações – fica o recado! O que esta forma de manifestação acrescenta é a demonstração do caracter plural e amplamente abrangente do descontentamento.
Nesta forma alternativa de algazarra desorganizada, não se adivinham as consequências sonhadas por alguns - é bom ter presente que não estamos (ainda) perante uma revolta. Mas que aquecem as condições sociais para uma “mudança de paradigma” no combate político, lá isso aquecem.
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Nessa altura, o melhor que pode acontecer é a explosão do paradigma liberal. Até lá, vão-se contando as vítimas.
1 comentário:
Não é uma revolta.... mas pode ser o fermento!
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