9.3.11

A força da cultura

«A autoridade de um homem saudita (sobre a mulher) não conhece limites».

«A minha mãe não estava preparada para fazer outra coisa na vida, que não fosse servir o meu pai».

«As minhas irmãs mais velhas não receberam outra aprendizagem que não fosse o estudo do Corão, com uma professora particular, egípcia, que ia a nossa casa».


Estas passagens de “Sultana”*, expressam em resumo os mecanismos geradores do totalitarismo: concentração de poder e controlo da informação. Isto é, do ponto de vista da vítima, dependência física (incluindo alimentação) e cultural. “Pago-te para que me obedeças – quer queiras quer não!» - esta é a legitimidade em que assentam os regimes autoritários, desde os mais fechados até aos mais disfarçados.

Compreendemos hoje que no essencial nunca ultrapassámos o Feudalismo; apenas mudámos os nomes às coisas: o senhor, a terra e o servo, chamam-se agora capitalista, empresa e trabalhador. E não é só porque os senhores da Terra se rodeiam de uma suposta autoridade “natural”; é também porque os seus subordinados, os seus dependentes, nós, estamos toldados por uma cultura, por uma informação que nos desarma perante eles.

Estimados colegas da “Comunicação Social”, jornalistas, comentadores encomendados, activistas moderados, artistas engraçados, poetas deprimidos, génios ilustrados: se ainda não fostes totalmente fascinados pelo ouro que brilha à vossa volta e que nunca será vosso senão pela ignomínia, preparai-nos para fazermos outra coisa que não seja servir nossos senhores.

Ou então, preparai-vos para morrer connosco – que outra coisa não é viver assim sem graça nem esperança.


* SULTANA - A vida de uma princesa àrabe. Por: Jean Sasson – ASA Editores

1 comentário:

mfc disse...

A força da incultura leva-nos a este comportamento de ignorar os sinais e a realidade.