Quando vejo nos livros ou na Televisão os trabalhos de informação histórica sobre a guerra colonial portuguesa, fico espantado com a quantidade de coisas que eu desconheço acerca de uma guerra em que vivi durante dois anos. Mas quando leio os textos de Manuel Bastos, também ele ex-combatente, nada me parece estranho.
Eu ia lendo os seus contos no seu blogue e, de cada vez que lia, pensava: isto tem que ser publicado em livro. Cheguei a manifestar-lhe esta opinião, em comentário. Ele nunca respondeu a esta sugestão óbvia e isso fez-me pensar que já houvesse publicações que eu desconhecesse. Não sei se havia; sei que agora o Manuel Bastos vai lançar um livro onde decerto serão inseridos alguns ou todos os belos textos que foi vertendo para o seu blogue cacimbo.blogspot.com
Como homem do meu povo, como jovem dos anos 70, mais do que o "ex-combatente" que me fizeram à força - nos fizeram! -, apetece-me participar no lançamento. Será no dia 15 /Nov / 08 às 16 horas, na Casa Municipal da Cultura - R. Pedro Monteiro em Coimbra.
Entretanto, em jeito de homenagem e em forma de amostragem, recortei do seu blogue, arbitrariamente, esta passagem a meio de um post:
«Os consumidores de emoções rápidas aprendem a não penetrar na essência das coisas; entendem das coisas apenas o que o olhar apreende; fazem com toda a informação o que fazem com a comida, mastigada à pressa entre duas tarefas urgentes e inadiáveis, dado que toda a fast-food é apenas para defecar. Não poderão entender as emoções envolvidas numa frase assim, aparentemente banal, "Vai socorrer o Lemos", dita entre a vida e a morte, entre a coragem e o medo, entre o instinto primário de sobrevivência e o altruísmo, entre o cumprimento do dever e o sentido crítico. Não poderão entender que um acto que envolva risco para quem o pratica só merece ser considerado corajoso se não for gratuito ou exibicionista, e se for consciente; isto é, é preciso sentir medo para se ser corajoso».
2 comentários:
Andamos muito cáusticos...
Bjs*
Minha querida "esquise": suponho que o seu comentário se refere ao post seguinte, sobre Uribe. Mas quem anda cáustico é ele, não sou eu. Obrigado pela participação.
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