Para Karl Marx ter dito que «as ideias dominantes são as ideias da classe dominante» é imperioso que já nessa altura visse televisão. Alertado pela ficção e os documentários, a informação, os comentadores e os comentários difundidos na língua mãe que é o inglês, ou traduzidos para analfabetos, em português, não lhe foi difícil chegar à mesma conclusão a que todos nós já chegámos: que os orgãos de difusão – chamados de comunicação – obedecem todos a uma mesma voz, a voz do dono.
Que caiam na esparrela – laço e lapso – de se denunciarem a si mesmos no assombro das entrevistas, isso é que chega a ser surpreendente, tão treinados que estão nas artes da manipulação.
O José Alberto Carvalho que me perdoe – ou não – mas calhou a vez dele ser trazido à berlinda. Por uma questão de oportunidade que não de raridade.
Da entrevista de José Alberto Carvalho,
Director de Informação da RTP, ao JN :
«JN - Outro assunto por esclarecer é o do futuro dos programas de Marcelo Rebelo de Sousa e António Vitorino. Os contratos terminam no primeiro trimestre de 2010... (...)Vai haver alterações?
JAC - Nada está fechado. (...) Mas - este mas é muito importante - a RTP é mais forte e mais influente com os comentários do professor Marcelo e do doutor Vitorino. E eu quero continuar a contar com eles. (...)
JN - Já agora, que apreciação lhe merece a extinção do "Jornal Nacional" de sexta-feira?
JAC - Quando há um programa que não cumpre as regras, não honra as princípios éticos e deontológicos do jornalismo, não respeita a própria civilidade no tratamento das pessoas, confunde jornalismo com militância, tenho dificuldade em comentar... »
JN.sapo.pt 2009-11-23
E eu, “director” deste blogue, mais dificuldade tenho em comentar a militância de quem está empenhado em garantir a influência de Marcelo e Vitorino na formação da opinião pública. Não é como em Cuba, mas também é preocupante.
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