Apesar do desprezo institucional e da repugnância religiosa pela mulher, a Igreja Católica, invocando o Mestre, apropria-se do casamento e institui os moldes em que ele deve ser exercido – com muito amor e pouco sexo, todo motivado para a procriação e desviado do prazer sexual. É a palavra, uma vez mais, a contrariar a obra do Criador. É também o conceito de "camas separadas"!
Neste esforço de apropriação do casamento, Jesus teria proclamado: «O Homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne (…). Portanto, o que Deus uniu, o Homem não separe!».
Esta contradição de sentimentos, tão radical na condenação da carne como na sua defesa, não tinha outra razão de ser que não fosse a condenação do divórcio – o tal adultério. Dadas as circunstâncias históricas, qualquer coisa me diz que o lobie dos homens tinha interesse neste princípio para evitar que as mulheres lhes fizessem o que eles faziam a elas, já que eles facilmente escapavam ao cumprimento da regra.
Uma passagem dos evangelhos, atribuída a S. Marcos (Mc 10,2-16) refere que Jesus condenou o adultério nestes termos: "O homem que mandar a sua esposa embora e casar com outra, estará cometendo adultério contra a sua esposa. E, se a mulher mandar o seu marido embora e casar com outro homem, ela também estará cometendo adultério.
É o que a Igreja invoca neste domingo nos seus infinitos canais de comunicação, desde os púlpitos mais tradicionais até às transmissões satelitizadas.
Esperemos que ao menos alguns sacerdotes europeus, com verdadeiro sentido de justiça e fraternidade, se lembrem de condenar nesta oportunidade os maiores pecados que hoje se praticam contra as famílias: o empobrecimento, o desemprego, o trabalho precário, a emigração económica…
Entre nós, D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, e D. Jorge Ortiga, Bispo de Braga, já deram uma boa contribuição, mas é evidente que os nossos governantes gostam mais das homilias do cardeal Policarpo.
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