Os sujeitos, quando no poder, protegem-se da crítica reforçando pactos de auto-engano com seus colegas de partido. Reforçam a crença de que representam o Bem contra o Mal, recusam escutar o outro que lhe faz crítica e que poderia norteá-lo para corrigir seus erros e ajudar a superar suas contradições.
Se entrincheirarem no grupo narcísico, o discurso político tornar-se-á dogmático, duro, tapado, e podemos até prever qual será o seu futuro se tomar o caminho de também eliminar os divergentes internos e fizer mais ações de governo contra o povo, "em nome do povo".
Isto escreveu Raimundo de Lima , professor da UEM (Brasil)
em 2002. Psicanalista, citava ainda, de Lacan, que «estar no poder, dá um sentido interiormente
diferente às suas paixões, aos seus desígnios, à sua estupidez mesmo».
«Pelo simples fato de agora ser "rei" - acrescentava Raimundo de Lima - tudo deverá girar em função do que representa a realeza». E mais: «Também os "comandados" são levados pelas
circunstâncias a vê-lo como o "rei do pedaço"».
O que acontece quando fraqueja esta cumplicidade, esta "relação de confiança" entre o que se senta na liteira e o que a carrega aos ombros? Os súbditos libertam-se de um fardo e o rei... acorda no chão.
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